Era tudo tão novo para ela. Tudo parecia diferente e distante do seu mundo. Caíra naquele ambiente por acaso e ali deixara-se ficar. Apesar de ser terreno desconhecido e movediço, sentia-se bem em desbravá-lo. Sem querer, foi criando um magnetismo inexplicável por aquele lugar, que nem parece estranhar. Sabe que não lhe pertence mas, a sensação de nele penetrar excitava-a. Uma vez naquele ambiente, sua postura molda-se e é curiosa, a transformação que se sucede. Sua capacidade de reencarnar várias personagens, com várias nuances, revela uma falha de personalidade, que custa a encontrar sua identidade própria. Usa-as conforme a sua conveniência e principalmente para esconder algo que deixou marcas no passado. Adora desafiar o risco, por isso, quanto mais desconhecido melhor. Avança antes mesmo de saber o que lhe espera. A sua inteligência camaleónica inventa sempre estratégias de oportunidade para escapar das vicissitudes decorrentes das suas ousadias. Julgava ela. Desta vez a sua inteligência acusa inadaptação e deixa cair as máscaras. Apesar de lutar para manter a sua verdadeira identidade oculta, descuida-se no instante, que reconhece o fantasma do seu passado, diante dos seus olhos, com seu olhar gelado e petrificante. Ela fingiu não ver mas, já era tarde. Ele já tinha cruzado seu olhar com o dela e a prendido na sua malha apertada de sedução. Todo o seu esquema de defesa desabou, sua força foi desanimando, sua postura encolheu perante aquela gigantesca ameaça, embebida em perfume. Não conseguiu resistir mais e deixou que ele nomeasse as suas zonas erógenas com seu beijo prolongado. Seus olhos fecharam-se para melhor absorver as sensações de arrepio na pele. Que saudades ela tinha do seu toque. Só ele sabia arrepiar os seus sentidos e fazê-la suspirar por mais. Seus reencontros eram sempre mágicos e curtos também. Se calhar, é por isso que se desejam tanto e tão intensamente. Uma envolvência especial que só ganha continuidade com a incerteza de um novo reencontro. Ambos sabem que a combinação dos seus corpos provoca uma química sem tradução. A raridade dos seus encontros torna-os ainda mais especiais e desejáveis. Numa dança corpo a corpo, encaixam suas vontades de amor ardente.
Escrita livre que, convida a pensar e sentir. Com a Escrita, empreendo fugas oportunas. Atribuo interesse aquilo que parece não ter interesse nenhum. Entendo que, a genialidade é mesmo essa. A Escrita Gourmet tem o seu próprio paladar mas, nem todos o saberão entender. Provavelmente, só os espíritos mais sensíveis encontrarão afinidades, semelhanças, identificação, emoções, realidades diversas, meio mundo, todo o mundo. Encontrarão aquilo que, a disponibilidade dos seus espíritos permitir.
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
domingo, 11 de dezembro de 2011
Bom Natal
O correio foi generoso e trouxe-me postais de Natal, com mensagens bonitas e calorosas. Assim que, as acolhi nas minhas mãos, ansiosas por novidades, pude sentir os aromas do Natal e fiquei desejosa por mais.
O cheiro a lenha a arder, o cheiro do pinheiro de Natal , o cheiro a serrim e musgo, o cheiro a antiguidade do presépio, o cheiro a filhozes, rabanadas e demais perdições cheias de sabor, o cheiro a vinho quente, o cheiro a gente que vai preenchendo espaços, remeteram-me para um estado de felicidade familiar.
Que bom é sentir que, neste dia, tudo se transforma em bondade, afecto, carinho, generosidade, solidariedade e sentido de comunidade. Pena não podermos congelar esses momentos e fazê-los ressuscitar quando quisermos, noutros contextos que dele careçam.
Nossos espíritos alegram-se com a chegada desta época e engordam com tanto conforto e amor. Esquecemo-nos das amarguras e cedemos à magia do Natal, com toda a sua envolvência de paz e comunhão. Esta é a época ideal para nos manifestarmos e desentalarmos nossos melhores sentimentos e verbalizá-los junto dos seus principais causadores. Reforçar laços é consolidar o amor e se for através de palavras, actos e confissões melhor ainda. As pessoas que amamos merecem saber e nós precisamos desabafar. Esta reciprocidade desinteressada que contagia o ambiente com sorrisos e gestos de muita cumplicidade, comovem-me e deixam muitas saudades, principalmente, quando tudo acaba e nossas Vidas, até ali suspensas, voltam a lutar na adversidade e a acumular amarguras.
O que entristece é que a continuidade deste espírito é comprometida com a pressão da realidade, que alimenta nossos individualismos exacerbados. A fantasia do Natal retira-lhe essa carga e torna-a mais leve e digerível.
Tudo é tão doce, aconchegante, encantador e irreal. Não precisamos representar. Somos nós mesmos, perante aqueles que sabem prezar-nos.
O Natal é aquela bolha de amor que nasce para rebentar quando o feitiço acaba.
O Natal é como o Amor, eterno enquanto dure.
Que bom é sentir que, neste dia, tudo se transforma em bondade, afecto, carinho, generosidade, solidariedade e sentido de comunidade. Pena não podermos congelar esses momentos e fazê-los ressuscitar quando quisermos, noutros contextos que dele careçam.
Nossos espíritos alegram-se com a chegada desta época e engordam com tanto conforto e amor. Esquecemo-nos das amarguras e cedemos à magia do Natal, com toda a sua envolvência de paz e comunhão. Esta é a época ideal para nos manifestarmos e desentalarmos nossos melhores sentimentos e verbalizá-los junto dos seus principais causadores. Reforçar laços é consolidar o amor e se for através de palavras, actos e confissões melhor ainda. As pessoas que amamos merecem saber e nós precisamos desabafar. Esta reciprocidade desinteressada que contagia o ambiente com sorrisos e gestos de muita cumplicidade, comovem-me e deixam muitas saudades, principalmente, quando tudo acaba e nossas Vidas, até ali suspensas, voltam a lutar na adversidade e a acumular amarguras.
O que entristece é que a continuidade deste espírito é comprometida com a pressão da realidade, que alimenta nossos individualismos exacerbados. A fantasia do Natal retira-lhe essa carga e torna-a mais leve e digerível.
Tudo é tão doce, aconchegante, encantador e irreal. Não precisamos representar. Somos nós mesmos, perante aqueles que sabem prezar-nos.
O Natal é aquela bolha de amor que nasce para rebentar quando o feitiço acaba.
O Natal é como o Amor, eterno enquanto dure.
sábado, 3 de dezembro de 2011
Socorro
Sentia-se sufocada, apertada, esmagada, desesperada, perdida, num cenário pródigo em acontecimentos diversos e imprevisíveis, que escapavam ao seu excessivo controlo. Todas as saídas estavam bloqueadas, a tensão aumentava e o ar era cada vez mais escasso. Só precisava de um sopro fresco e uma retirada estratégica. Paralisada numa redoma de proximidade, com sobrecarga de atenção, patina na solidão e isola-se no seu interior, escudo protector da sua inadaptação. Sem querer, desviou ainda mais atenção na sua direcção. O fosso era grande e profundo. Desejou sofridamente uma quebra momentânea de luz, um alerta de incêndio, uma chamada inesperada que a ausentasse daquele lugar, fértil em silêncios esmagadores, traduzidos em olhares, sorrisos e expressões impossíveis de decifrar. Fugir seria cobardia. Ficar seria um tormento. A cadeira onde resistia sentada ganhava raízes. Só não ganhava asas para sair dali.
Um clarão de luz emergiu e deu-se o milagre da transformação, que a resgatou das amarras do desconforto. Seus pensamentos converteram-se em pensamentos positivos e capazes de produzir sensações de bem estar e prazer. Recuperou o ar, desacelerou o ritmo cardíaco, eliminou a tensão acumulada, soltou os movimentos, arrastou o peso da cadeira, ergueu-se de confiança e saiu sem se importar com as reacções suscitadas.
Sempre se sentiu diferente e distante da normalidade consagrada. Seus comportamentos denunciavam essa forma única e inimitável de ser. Diferente, não tem de ser sinónimo de pior ou melhor, apenas sinónimo de individualidade.
Sermos nós mesmos implica ser diferente e dessa evidência não podemos descolar-nos. A self aceitação é condição necessária para viver bem e sem pressões.
Gostar de nós mesmos não é egocentrismo mas sim pura sobrevivência.
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