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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Solidão



A Solidão percebe-se naqueles rostos que exibem um olhar distante, sem expressão, vago, despido de emoções, indiferentes a tudo, somente concentrados na sua dor, com que se castigam todos os dias.  A sua disposição não melhora. Faltam motivos para se animarem. Sobram apenas mágoas para carregar, das quais nunca recuperaram, talvez porque faltou aquele apoio, aquele carinho, aquele ombro amigo, aquele abraço, algum gesto de humanidade que não chegou a manifestar-se. Vivem fechados em si mesmos, agarrados a algo que não conseguem curar nem abandonar, porque têm medo de recomeçar mais uma vez, encetar uma nova tentativa pro felicidade e esta resultar gorada e os atirar, sem regresso, para o lugar sombrio donde saíram. Cansaram-se de alimentar a esperança, acreditar que merecem ser felizes, perderam as forças para lutar por algo que não passa de uma miragem, deixaram de sonhar e a persistência desse estado emocional vegetativo  só recebeu acolhimento na solidão. Já não reconhecem o que em tempos os fez felizes, deixando-se afectar por aquilo que um dia comprometeu essa felicidade e amparados pela incapacidade de se libertarem da dor, isolam-se do mundo. Só eles sabem o que sentem e a intensidade com que o sentem. Nem o Amor que os rodeia, os faz ressuscitar do coma emocional. Tudo é tão profundo, denso e pesado na Vida de quem sofre de solidão, só comparado aos filmes de Hitchcock.
Sentir pena de nós mesmos é um sintoma de solidão, que se cultiva com o reforço dos motivos que justificam a nossa condição de vítimas. Acontece que  para alguns, esse lodo que é a solidão, protege-os daquilo que eles julgam vir a repetir-se caso se entreguem novamente ao destino. O risco é grande. Preferem assim sofrer só uma vez, mas sofrer toda a Vida.   

terça-feira, 19 de abril de 2011

Digerir a Dor

Onde estás?
Preciso de ti.
Abandonaste-me uma vez mais ao meu mau feitio.
Eu posso mudar.
Diz-me o que te faz falta, eu trato de ir buscá-lo para ti.
Aparece. Estás livre de perigo.
Fazes-me falta.
Com quem vou eu agora desabafar?
Quebra este silêncio, por favor.
Eu imploro-te.
Porque me fazes sofrer?
Dá-me um sinal.
Diz-me apenas que estás bem.
O que é que eu fiz para merecer esta provação?
Eu era feliz a teu lado.
Pensei que sentisses o mesmo.
O que mudou?
Porque não manifestaste teu desagrado?
Como vou explicar a tua ausência?
Quando planeias voltar?
Sê breve.
O que faço com esta dor aguda que me consome?
Porque não me procuraste?
Superaríamos isto juntos.
Não sei se sou suficientemente forte para suportar este vazio.
Meus melhores momentos foram contigo.
Meus piores momentos, também foram contigo.
Todos os momentos passei-os a teu lado.
Não me arrependo do que abdiquei para estar contigo.
Nunca previ este desfecho.
Aliás, previ levitarmos juntos de mão dada para a nossa última morada.
Sonhei o melhor para nós.
Sempre te incluí nos meus sonhos.
O que falhou?
Que erros cometi para merecer isto?
Já nem sinto, com medo da dor que pode provocar.
Tu foste o causador.
Está a ser difícil perdoar-te.
Quebraste nosso pacto.
Prometeste que me contarias tudo até o mais insignificante.
De tantas opções, porque adoptaste a pior de todas.
Perdoa-me  a distracção.
Não percebi que estavas a sofrer.
Estava tão encantada com o nosso romance.
Com a nossa Vida em comum.
Tu eras a minha única família.
Desfaz o engano.
Aparece. Eu finjo não olhar e até participo da brincadeira.
Eu colaboro contigo mas por favor não me deixes nesta agonia.
Dói de mais.
Sabes bem que o preto não me fica bem. Envelhece-me.
Não sei viver na solidão. Habituaste-me a ti.
Se não podes regressar, vem-me buscar.
Não me digas que não sentes falta dos nossos diálogos, do meu toque,do meu carinho, da minha entrega.
Prometo não te desapontar.
Marcamos encontro?
Que dizes encontrarmo-nos no banco de jardim onde nos
abraçamos pela primeira vez e juraste nunca me abandonar.
Estavamos apaixonados.
Eramos seres estranhos, por gozarmos de tanta cumplicidade.
Não te demoro mais.
Conforme combinado,
vai buscar-me ao jardim das camélias. Estarei sentada naquele banco carcomido pelo tempo,
com vista para o chafariz estilo romântico.
Não demores.
Temos muito que conversar.
Não te esqueças que te Amo, apesar do modo inesperado do teu desaparecimento.

Acordei o mundo

Najla tinha muita dificuldade em dormir. No seu entender, a vida podia acabar se se deixasse adormecer. Uma convicção implantada, desde a m...