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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Jasmim Maria

Jasmim acelerou o passo. Já estava atrasada para mais um encontro programado, que animaria a sua agenda por tempo indeterminado. As expectativas eram algumas mas, com o tempo, os inúmeros encontros e desencontros, assumiram um lugar cada vez menos importante, diminuindo consideravelmente de intensidade. Já não havia ansiedade, nervosismo ou embaraço. Seria mais uma oportunidade para flirtar e sentir-se desejada, da qual se acabaria por cansar, remetendo-a novamente ao isolamento. Trata-se de uma solidão que jamais aliviará, enquanto Jasmim atrair aquilo que ela acredita ser alvo de cobiça. Quem inveja um caso fugaz, um caso clandestino, sem protagonismo, tendo como parceiro de contracena, um Homem bem parecido, galã, com status social, bom poder de compra, confiante, bom partido, que nos compensa as ausências com presentes caros, que Jasmim exibe como estandartes às suas amigas enjeitadas?
Jasmim adora captar a atenção masculina, independentemente de haver contexto ou não para o efeito. Percebe-se bem porque é que Jasmim não ganha amizades consistentes e sólidas no universo feminino. Ela gera competições disputadíssimas com as suas rivais, principalmente com aquelas que aparecem bem acompanhadas e felizes com o seu estado. Diverte-se a testar a sua capacidade de atracção, para após comprovada a sua infalibilidade, consumar o acto e acumular mais um troféu, sem arrependimento do estrago que possa ter causado. Apesar de ser uma Mulher madura, goza da vantagem de aparentar ser bem mais nova  e agradar a várias faixas etárias. Se bem que o seu target são os homens estilo George Clooney, charmosos, independentes, hedonistas, endinheirados, despojados, com um sentido de humor a roçar a provocação, comprometidos e com muita disposição para pecar. Ora disponível, ora indisponível, é assim que os enlouquece, com alguns truques de alcova pelo meio. Satisfaz-se a observá-los desesperados, solicitando a sua presença nos seus momentos vagos de tesão.
Apesar de ter herdado o nome da sua madrinha de baptismo, tão embuído de energia poética e romântica, sua descendência foi desrespeitada com a má fama de Jasmim Maria, autora de comportamentos lamentáveis, aos olhos dos padrões que prezam a dignidade da Mulher que se sabe valorizar.
Seja qual for o cenário em que Jasmim se encontre, todos os seus sentidos estão focados num possível patrocinador dos seus caprichos de Diva. Há sempre um incauto em sossego, isco perfeito para testar a sorte de Jasmim com o sexo oposto. Uma vez na sua mira, larga tudo e entra em acção. Não aguarda ser escolhida. Prefere influenciar a escolha, receando comprometer o seu lugar de destaque, caso ceda à liberdade de decisão masculina. Por isso, investe na insinuação e usa-a para rodear sua presa. A insistência vem a seguir, quando não há grande interesse da outra parte em cair em tentação. Alvo de uma emboscada, acaba por se deitar na rede de sedução de Jasmim, experiente em suprir carências afectivas temporárias.
Ao contrário dos cães, os homens não têm faro apurado. Aliás não têm faro nenhum e, como castigo esbarram com Mulheres como Jasmim, hábeis em criar experiências mais traumáticas que prazeirosas.
Este novo género feminino nascido no seio das sociedades modernas, contexto ideal para promover a solidão nas Mulheres emancipadas, fabricou Jasmins que continuam a insistir em provar a força da sua feminilidade e abafar as vozes conservadoras que as rejeitam, por não fazerem o estereótipo da Mulher família. Apesar destas Jasmins pretenderem convencer-se que há outros modelos de felicidade que não passam exclusivamente pela constituição familiar, não acreditam nessa possibilidade porque também elas foram  formatadas a conceber um único modelo que implica comungar a sua Vida com alguém e deixar descendentes directos que, por sua vez, irão confirmar essa mesma inevitabilidade. Todas as Mulheres têm em comum este registo, por mais estudadas que sejam, por mais descomplexadas, por mais desprendidas, por mais viajadas, por mais independentes, por mais autónomas, procuram o companheiro perfeito para apresentar à família, amigos e, principalmente, aqueles que as rotularam de encalhadas. Enquanto isso não acontece, aturam falta de sensibilidade, perguntas inconvenientes, juízos de valor, olhares reprovadores entre outros transtornos.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Suspiros


Suspiros profundos numa Mulher podem ser um mau sintoma. Eu sou Mulher e melhor do que ninguém sei identificá-los e interpretá-los. A nossa condição de seres sensoriais e perseguidos reage com sensibilidade e manifesta-se com frequentes inspirações, aliviadas com um Ai Ai sonoro, ou a solicitar atenção, ou a exasperar por algo, ou a chamar a saudade, ou a querer desabafar.
Bem se diz que somos o género que melhor explora a Comunicação. Até a não verbal recebe da nossa parte especial atenção e como. Nosso olhar muda quando algo não nos convém, nossa respiração acelera anunciando alteração súbita de humor, remoemos algo imperceptível, esbarramos em todos os objectos e derrubamo-los como se fossem alvos a abater, aceleramos o ritmo, amuamos, ganhamos energias e aplicamo-las em tarefas com alguma exigência física e se algo ou alguém surgir no caminho, é melhor não se oferecer para ajudar e assim promover o diálogo, até ali adiado com vários suspiros, que para alguém mais experiente na matéria são claros alertas para desandar por longas e demoradas horas.
Nós somos as melhores transformistas e despertadoras de surpresas. Temos a capacidade de assumir várias facetas e surpreender com todas elas.
Gladiamo-nos por miudezas como se fossem peças fundamentais para formar o puzzle da Nossa Vida. Aprofundamos demais, complicamos demais, sofremos por antecipação, não relaxamos, comparamos demais, exigimos demais, esperamos demais, cobramos demais, amuamos demais, remoemos demais, Amamos demais e, por isso também Suspiramos demais.
Ai Ai.

Acordei o mundo

Najla tinha muita dificuldade em dormir. No seu entender, a vida podia acabar se se deixasse adormecer. Uma convicção implantada, desde a m...