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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Imperfeição


Vai soar estranho, mas eu sempre quiz ter a capacidade de descolar-me do meu corpo e poder estar do lado de quem me vê e me julga, para saber ao certo qual a imagem que eu transmito. Sei que não sou condescendente comigo mesma, nem me poupo com a minha própria intransigência e forço-me a ser do jeito que toda a gente gosta. Fui educada a não desagradar os presentes mas o que eu sei fazer melhor é chocar e provocar diversas e diferenciadas reacções.  Acredito até que, os mais amados são aqueles que pouco se importam com o julgamento dos outros e vivem sem aprofundar as manifestações que giram à sua volta. Retiram-lhes toda a sua intensidade e encaram-nas como automatismos de defesa que escapam às suas vontades e estão cimentados numa repetição daquilo que lhes foi transmitido. Na verdade, até faz sentido mas, na realidade, todos nós caímos nas malhas dos outros e na necessidade de aprovação. Nós só nos garantimos tendo a chancela do próximo. Eu só serei feliz se alguém me compreender e me incluir num núcleo que me saiba compreender, senão serei uma outsider grudada no espelho à espera de respostas que eu não consigo obter. Isto de depender dos outros para nos sentirmos bem é sádico, mas é assim que funciona na maioria das vezes, até porque fomos programados nos mandamentos cristãos, que colocam o outro como o fundamento para aferir a nossa boa criação. "Ama o próximo como a ti mesmo". Bem, este mandamento fomenta um espírito altruísta inigulável. O próximo pode ser o maior imbecil à face da terra mas, mesmo assim, continua a ser nosso dever amá-lo e respeitá-lo. Esta qualidade de bom samaritano colide com o meu sentido apurado de justiça social.  Não tenho nem nunca terei essa capacidade de amar toda a gente, nem quero amar toda a gente, pois nem toda a gente é digna do meu amor. Se já me custa respeitar alguns géneros de ser não me obriguem a amá-los também. Como também não posso crucificar aqueles que não conseguem gostar de mim. Apenas tenho que aceitar que não sou um ser consensual. Uns gostam, outros nem por isso. Não sei se vale a pena mover esforços para que gostem de nós quando quem nós somos deveria bastar para criar empatias. Apenas devo ao outro a minha autenticidade, com tudo o que de bom e de mau ela tem, mas pelo menos garanto aquilo que sou. Esse sim, deveria ser um mandamento divino. "Sê autêntico como só tu sabes ser".
Certamente quem criou o mandamento "Ama o próximo como a ti mesmo", estava a pensar em seres alados, sem alma. A carne que reveste o osso e o sangue que aquece o nosso corpo não nos dá margem para fantasias, nem para disfarçar nossa fraqueza humana. Ela existe. Não a podemos negar.
Nasci na imperfeição e vou morrer na imperfeição e não há nada a fazer senão contrariá-la, pois jamais deixarei de cometer erros, ofender alguém, desiludir alguém, desagradar alguém e tropeçar na minha própria condição de Ser com falhas. A paga para estas minhas fraquezas é aturar o mesmo dos outros, que como eu também não são perfeitos.   


Acordei o mundo

Najla tinha muita dificuldade em dormir. No seu entender, a vida podia acabar se se deixasse adormecer. Uma convicção implantada, desde a m...