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domingo, 6 de fevereiro de 2011

Ressentimentos

Saudade do que não podemos recuperar transforma-se numa mágoa que nem sei se o tempo cuidará de curar. A nossa mudança e a daqueles com quem partilhamos sentimentos de cumplicidade, quando descarrilam em sentidos diferentes e antagónicos, comprometem essa ligação e o diálogo é atropelado por ressentimentos, pelo que não conseguimos controlar. O nosso crescimento pessoal assentou em bases distintas causando sensações estranhas, cada vez que nos reencontramos e constatamos que já não temos pontos em comum nem aprovamos a forma como cada uma conduziu a sua Vida. O excesso de confidências, de cumplicidade, de partilha, de proximidade, de envolvência, atribuiu-nos um estatuto que sempre fizemos questão de assumir com nossas intromissões, nossas opiniões não solicitadas, nossa participação activa na vida uma da outra, nossa sinceridade, nossa frontalidade, nossa autenticidade, nosso excesso de amor, nossas cobranças, nosso acompanhamento incondicional. Apesar de sempre termos apreciado a presença uma da outra em todos os momentos da nossa Vida, nossos egos entretanto conquistaram sua indepedência, destituíndo-nos do nosso papel de orientadoras pessoais. Anos de destaque foram reduzidos ao lugar de espectadoras da Vida uma da outra, sem opção de escolha. Nossas decisões, nossas escolhas, nossas relações, nossa maneira de estar, nossos compromissos, nossas referências, nossos objectivos, nossos desejos, nossa projecção do futuro, nossa percepção, não são mais bem vistas, nem apreciadas e magoa demais encarar essa nova realidade e aceitá-lo como algo permanente e definitivo. Conviver com essa ausência de afecto e compreensão, por parte de quem sempre amparamos e cuidamos, para que não se magoasse por acharmos ser mais frágil que nós e, por quem nos sentimos responsáveis, porque foi assim que nos ensinaram a amar, arrasa connosco.
O que também arrasa são as ofensas verbais, arremessadas como tentativa de defesa daquilo que não suporta ouvir e reconhecer que possa estar errada. Essa fragilidade remete para um sentimento de inferioridade do qual eu nunca me apercebi, mesmo estando por perto. Algo a fez acreditar que sempre nos compararam, mostrando mais preferência por mim e, por isso, eu devo ser culpada pelo seu infortúnio, pela sua tristeza, pela sua infelicidade e pelo constrangimento tantas vezes experimentado.  De certa forma, eu sou sua inimiga por achar que eu me aproveitei dessa condição em que me colocaram, cada vez que estabeleciam uma comparação. Sem saber embarquei em sentimentos de culpa e medo de vir a perdê-la por atitudes de terceiros que a pudessem magoar e atirar para o fundo do poço. Sem querer estraguei nossa relação, fragilizando-a com a minha super protecção e apoio incondicional, tendo servido vezes e vezes sem conta de seu guru espiritual. Incapaz de reverter a sua auto-vitimização e esgotada com a inconstância do seu ser decidi afastar-me e esperar que ela não se veja mais através de mim. Já não corro em seu socorro nem interfiro em nenhum plano da sua Vida, não promovendo assim a comparação das nossas Vidas e a sua comiseração. Entretanto, procuro  recuperar a serenidade perdida e orientar a minha Vida, não em função de alguém que eu cresci a amparar mas, em função de mim e do que eu procuro atrair para a minha Vida. Aos poucos liberto-me da culpa e da ansiedade que a responsabilidade pela reabilitação, que Vida de alguém que amamos nos provoca.    

Acordei o mundo

Najla tinha muita dificuldade em dormir. No seu entender, a vida podia acabar se se deixasse adormecer. Uma convicção implantada, desde a m...