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sexta-feira, 18 de março de 2011

Psicologia Feminina

   
Rogério é o típico galã da novela das oito, o pavão sem penas, mas todo ele exuberantemente revestido de uma pele morena, o escape das sextas feiras à noite, o pedaço de mau caminho, que veio assentar arraiais no departamento de publicidade e marketing, para aquecer aquele ambiente demasiado feminino. Quando ele entrou pela primeira vez nos escritórios centrais da empresa, para se apresentar ao serviço, já suas futuras colegas de profissão sabiam que ia preencher a vaga de criativo, deixada disponível pelo seu antecessor, sem grande sucesso com as mulheres. Ainda ele não se tinha instalado no seu novo posto, nem formalizado contrato, já havia candidatas a  querer colaborar na sua integração. Clarice era uma delas. Inquieta com a notícia, propagada como rastilho por toda a empresa, não perdeu tempo e decidiu antecipar a sua apresentação, antes que suas colegas ganhassem avanço sobre ela. Simula um encontro casual, aproxima-se, insinua-se com aquilo que a natureza gentilmente lhe concedeu e faz o número de sempre, cada vez que o seu radar capta um potro assustado num novo mundo por explorar. Sem se intimidar, Rogério aplica a regra da boa educação, não exibindo grande simpatia, consciente do encosto diante de si. Experiente em matéria feminina, Rogério percebeu a espécie de Clarice. Já diz a canção interpretada por  Martinho da Vila. Do tipo atrevida, vivida, casada, carente e quem sabe meretriz. Descontente com a atitude algo indiferente do colega, coloca a possibilidade  dele ser homossexual assumido. Sim porque, para Clarice, qual é o Homem que rejeita uma Mulher tão disponível quanto ela. Distraído, não podia ser. Clarice quebrou todas as margens de segurança, fazendo Rogério recuar para ganhar mais espaço e mais privacidade também. De certeza, que ele sentiu seu perfume, que ela insistentemente pulverizou sobre si como se de um insecticida se tratasse. Deve também ter notado a profundidade do seu decote, com vista para seus seios de silicone. Sua voz  histérica de excitação, ressucitava os  moradores do cemitério Monte d'Arcos.
Em poucos minutos, Rogério perdeu as qualidades que o público feminino tanto gosta. Quando se apresentou no departamento perante as suas colegas, percebeu que estas o estavam a avaliar e Clarice, de longe, apreciava o cenário, suscitando em Rogério a desconfiança de que algo se passava e ela era a principal instigadora. As apresentações foram breves mas os olhares permaneceram grudados em Rogério, em seus gestos, na sua postura, no seu tom de voz, nas suas atitudes masculinas, nas suas reacções. Se ele deixasse, ficavam a saber todas as suas marcas de nascença.
Imperturbável, iniciou o seu primeiro dia de trabalho num ambiente rendido à novidade. Ainda incrédulas com o boato criado por Clarice, apressam-se a colher informações que o desmintam. Primeiro sinal, são as mãos nuas de anéis. Três hipóteses se levantam. Solteiro, divorciado ou viúvo e todas elas querem dizer o mesmo, ou seja, disponível. Reparam também que tem maneiras mas não é dado a maneirismos. Se é que me entendem. Outro pormenor que não escapou ao escrutínio feminino e que as tranquilizou foram as chamadas que atendeu no seu telemóvel pessoal, de amigos a convocar jogo de futebol para depois do expediente. 
Golpe de mestre foi a violação do seu telemóvel enquanto Rogério se ausentou por razões de força maior. Sem pensar, abandonou seu arquivo portátil. A chave para todos os segredos ocultos.
Na sua caixa de entrada, podiam-se ler mensagens de mulheres aflitas a reclamar sua presença. Uma clientela fiel que lhe dedica rasgados elogios e todos elas distantes da percepção criada por Clarice.
Afinal, Rogério era um acompanhante de luxo com boa apresentação, discreto, educado, criterioso, misterioso e bastante apetecível. Premeditadamente, sacaram o seu número de contacto para aferirem se ele encaixa nesse perfil de macho men. 
Saberá Rogério lidar com aquele contexto feminino, assim como sabe lidar com as mulheres que o contratam para lhes dar prazer? 
A sua relação com as mulheres sempre foi fugaz para não se aborrecer com a exigência de um compromisso. Este é um desafio que terá que provar ultrapassar, mas que não se apresenta fácil. Pode correr o risco de vir a ser contratado por uma das suas novas parceiras de profissão. Na verdade, ele acredita que toda a mulher sente curiosidade em experimentar novas sensações com um estranho. O seu papel é fabricar fantasias, incompatíveis com a Vida de donas de casa, esposas, mães dedicadas e poucas vezes, verdadeiramente, Mulheres.
Após esta reflexão, Rogério mudou de táctica e de Homem misterioso e distante, passou a intervir nas conversas, a aplicar o seu bom humor, a acarinhá-las com um comentário abonatório, desviando-as da curiosidade em aprofundar a sua história de Vida. A sua experiência ensinou-o a considerar as capacidades das Mulheres e jamais as subestimar. Uma Mulher determinada pode-se tornar uma Mulher perigosa e estas suas colegas podem bem fazer esse género.
Grande estudioso da psicologia Feminina, Rogério continua a surpreender-se e é esse factor surpresa que o estimula a mimar as Mulheres, de todas as cores, de várias idades e muitos amores.  

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Partir sem Saudade



A minha incursão nas viagens é recente mas já fez seus estragos. Ganhei um vício que nenhuma terapia, nem as nomeadíssimas terapias orientais, conseguirão erradicar. A ansiedade é tanta que uma noite sem dormir deixa de ter importância e o meu humor, admiravelmente, não sofre nenhum beliscão. Ele fica mais sensível, quando imprevistos acontecem, nomeadamente atrasos na partida. Não há pior maldade que esta, para um viajante tão empolgado quanto eu. Mesmo as normas de segurança que nos expõem ao ridículo, cada vez que, fazemos a passagem no detector de metais ou, na alfândega, onde apresentamos nossa identificação e somos alvos de olhares intimidatórios,  me impedem de concretizar este prazer. Meus sentidos apuram-se, porque tudo é tão estimulante, tudo é novidade, tudo é matéria para observação, tudo tem interesse, tudo é admirável. Apesar de levar atrelada a máquina digital que congela recordações, não lhe dou muito uso, para não deixar a curiosidade insaciável. O mais engraçado é que apesar de programar o acontecimento com o detalhe que ele merece, há desvios que acabam por se tornar apreciadas fontes de inspiração. Quando nos libertamos do peso do guião de viagem e da nossa qualidade de turistas interessados na cultura, na arte, na ciência, na história, nos costumes daquele lugar, então sim, envolvemo-nos e deixamo-nos absorver por outra forma de vida distante da nossa. Ao fim de alguns dias, já estaremos adaptados aquele registo e, sem pressa, para voltar à realidade.
Sem querer, arrasto comigo o jet lag, o sotaque adquirido durante a minha curta estadia, os momentos animados que experimentei, as diferenças que nos fazem estranhar essa e outras realidades, com as quais não convivemos, as curiosidades que um observador atento tem o privilégio de captar no seu percurso ambulante. Um mundo de sensações é o resultado destas fugas, que  nos afastam temporariamente da rotina asfixiante dos nossos dias.
Viajar para mim é a cura para todos os males. Reabilita corpo e mente. Só não dá asas como o Redbull. Essas temos que alugar e por um preço nem sempre meigo.

Acordei o mundo

Najla tinha muita dificuldade em dormir. No seu entender, a vida podia acabar se se deixasse adormecer. Uma convicção implantada, desde a m...