Sexta feira 13, com chuva, num mês que se previa soalheiro e ideal para a prática do "praianismo", enfiada num carro com o máximo conforto, eis que sou brindada com a combinação de duas vozes galácticas americanas Frank Sinatra e Tony Bennett no tema "New York, New York" e pensei, veio mesmo a calhar. Sem hesitar aumentei o som do rádio e gozei o momento faustosamente. Naquele instante, só me apetecia ligar para a emissora de rádio e saber quem foi o responsável pelo alinhamento das músicas naquele horário e desabridamente agradecer-lhe tamanho presente. Nunca aquele caminho tão rotineiro me dispôs tão bem. "If I can make it there I'll make it anywhere It's up to you New York, New York......" Ao cantar esta estrofe senti o poder dessas palavras e o quão longe elas me poderiam levar se acreditasse nelas. Foram breves instantes de absoluto domínio, isolada naquele pequeno habitáculo, soltei o meu ego desafinado que fazia crescer o meu bem estar. Ninguém para me interromper, um momento só meu, sublime e que não sei se se virá a repetir. Quando algo de tão especial acontece não sabemos quando virá a surgir novamente e em que formato e por isso entreguei-me aquele extravasamento imprevisto. Soube tão bem que foi inevitável a sua reprodução em mim e nas minhas atitudes seguintes. Deveria ser assim sempre.
Aquele dia estava ganho e nem nada nem ninguém me poderia retirar de tais sensações. Foi inusitado, foi oportuno, foi autêntico, foi libertador, foi o melhor do dia.
A chuva não constituiu incómodo algum, até empregou maior envolvência e fez-me refugiada de um conforto prazeiroso.
Há dias assim, ou melhor, momentos assim que não têm explicação só emoção.

