O
nosso futuro nas nossas mãos e o futuro dos outros também. O que torna tudo
ainda mais assustador por ser algo tão fundamental nas nossas Vidas, Ter
Futuro, Ter Horizonte, Criar prolongamento. Ainda para mais, o que definimos
para o nosso futuro, aquilo que idealizámos para o amanhã, muitas vezes deixa
de fazer sentido porque a Vida é cada vez mais inconstante e passa por muitas
mutações que nos obrigam a alinhar constantemente em novos e diferentes
cenários.
Na
verdade, nossa liberdade está condicionada. Continuamos a poder fazer nossas
escolhas é certo, mas com base no que vai surgindo e se impondo e não com base
no que gostaríamos de ter como opção. Nem todos temos essa capacidade de
adaptação, precisamos de tempo para assimilar, tempo para compreender e tempo
para interpretar o que nos é dado. Os que a têm estão safos e conseguem recriar
novos conceitos de felicidade e bem-estar, mas são uma minoria. Estas mudanças
causam incómodo porque boicotam nossos planos, sacodem nossas motivações e
impõem renovadas pausas de reflexão, interrompem e desviam-nos do caminho
traçado, abalam nossas crenças e beliscam nosso espírito optimista. Afinal não
somos verdadeiramente livres.
Somos
livres perante certas e determinadas possibilidades.
A
liberdade é ter alternativa mas também é criar alternativa e é neste último
sentido de liberdade no qual nos devemos inspirar, apesar de não haver
garantias de nada, apenas nós e o nosso investimento de energias, baseadas numa
vontade férrea de progressão.
É
um processo longo, arriscado e incerto que nem todos se atrevem a atravessar,
até porque obriga a penhorar suas vidas e o preço a pagar é demasiado caro. Por
isso, optam por condicionar sua liberdade e comprometer sua felicidade mas
continuar a manter o que têm.
Hoje
em dia, somos forçados a mudar nossos princípios em função do que queremos
conservar e a aceitar aquilo que em tempos contrariava nossa maneira de estar. Para
uns pode implicar perda de dignidade mas para muitos isto é viver.
A
realidade comanda nossas acções e, por conseguinte, molda-nos às circunstâncias
e são essas circunstâncias que hão-de definir quem nós somos.
Somos
livres mas não tanto.