quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Vou sair de fininho!

 Hoje, amanhã e depois não irei estar.

Seria bom que no meu primeiro dia de ausência infinitamente prolongada, haja choros, choros de bebés a nascer.

Eu já cá não ficarei para ver, mas vocês sim e o facto de permanecerem cá, então, é porque a vossa missão continua viva e cheia de intenção.

Se pudesse, escolhia sair de fininho, ao som das vossas gargalhadas, ao som das vossas palavras silabadas, revestidas de amor e com hálito a espumante rosé e beijar-vos-ia de longe, com a certeza de que nada vai mudar este estado de felicidade.

Vou levar-vos comigo, em formato slide e rodar a película dos melhores momentos em loop. Só ainda não escolhi a banda sonora que vai acompanhar o acontecimento. Nada muito pesado e deprimente, nem lamechas. Algo com power, ao jeito do divino.

Ainda não me deram indicação da nuvem onde posso aterrar e quem serão os meus vizinhos do lado. Só espero que me recebam com um café quentinho e gostoso. Será o meu quinto ou sexto, mas uma vez morta, que se lixe, as dependências passam a ser um mal menor 😁

Não esperem por mim. 

Não se deixem consumir pela saudade. O vosso amor sente-se, mesmo estando muito longe. É intenso e perfumado.

Obrigada por tudo!

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Escapei por um triz

Em 2016, Diana Quer, com 18 anos, desapareceu na região da Galiza.

Numa manhã quente de agosto, quando me preparava para sair do aparthotel e passear pelas calles de Salamanca, sou atraída por uma notícia de última hora, que anuncia o desaparecimento de uma jovem madrilena, de 18 anos, a passar férias na Corunha. O seu nome é Diana Quer. 
Entretanto, já se passaram 8 anos e o nome Diana Quer, não me sai da cabeça. Hoje, regressei a esse acontecimento trágico e o que me deixa intrigada é saber o que está na origem desta minha fixação, se não tenho nenhuma relação afetiva com a vítima, nem com a sua família, apenas uma forte empatia pelo sucedido e, infelizmente, este não foi o único acontecimento trágico a merecer destaque noticioso e cujas vítimas são jovens mulheres indefesas, que gostam de sair à noite e se divertir. Todos os dias e cada vez mais, assistimos a casos de mulheres violentadas e mortas por predadores sexuais, que aparentam ser inofensivos e disponíveis para ajudar. 
O cadáver foi encontrado dentro de um poço, numa antiga fábrica de móveis abandonada, na localidade de Rianxo, perto da zona onde vivia o seu assassino. 
O autor do crime tem nome de goma e um sorriso bobo e infantil no rosto. Chamam-no de "El Chicle" e durante anos, esta alcunha pode muito bem, ter ajudado a encobrir os seus crimes, apoiado por uma família, que preferiu ignorar o óbvio e acentuar a sua perturbação mental e criminosa.
Esta história ficou gravada em mim e o meu consciente recusa-se a eliminá-la do seu histórico e, o mais curioso, é que não encontro respostas para esta fixação que, infelizmente, não pertence a nenhum quadro invulgar de tragédia.
Tal como a Diana Quer já fui jovem e estremeço quando penso, poder ter sido alvo de algo parecido e creio que, só não fui, porque algo se intrometeu no caminho e me desviou de todo o mal.
Tudo o que podia dar errado eu fiz e, talvez por isso, eu me obrigue a reviver a história da Diana Quer e pensar na sorte que tive por não acabar como ela.
Algo no meu íntimo me diz que, já tive na mira de ser atacada e escapei por um triz.
Sair com estranhos, que conheci numa noite de diversão, regressar a casa de madrugada, sozinha e a pé, ficar alcoolizada e sem noção do que disse ou fiz, dar boleia a estranhos, receber boleia de estranhos, denunciam o tamanho da minha irresponsabilidade e o quão próxima estive de ser a protagonista de um crime, com o mesmo desfecho da Diana Quer.

 


Acordei o mundo

Najla tinha muita dificuldade em dormir. No seu entender, a vida podia acabar se se deixasse adormecer. Uma convicção implantada, desde a m...