terça-feira, 9 de junho de 2020

Brigada dos Bimbos 2020

A Brigada dos Bimbos 2020 chegou para ficar. Se bem que, a colheita deste ano é mais refinada. Pelo menos, são pessoas com objetivos definidos e desacomodadas mas, mesmo assim, todas procuram exposição. Assim como, os ex frequentadores da casa do BB, também eles adoram destaque.
Uns, porque querem mostrar suas valências profissionais, outros confiam que a sua maneira de ser é irresistível, outros buscam protagonismo, outros acham-se um exemplo de luta e persistência, outros querem cultivar nos restantes sua percepção do mundo, outros exibem seus dotes físicos, outros julgam-se um exemplo de Vida, outros acham que são carismáticos e com vocação para liderar.... enfim, o ego conduziu-os até ali.
Relativamente, aos participantes masculinos e femininos que, aceitaram submeter-se aos desígnios da produção BB2020, controlada pelo share de audiências, devo dizer que estão cada vez mais burgueses e emproados.
A entrada da ovelha dolly na emissão de abertura do programa, causou histeria e um desarranjo intestinal no animal que, ninguém foi capaz de limpar, nem mesmo depois das sucessivas advertências do mestre de cerimónias Cláudio Ramos.
Iury soltou um EUUUUU??? escandalizada, por ter de se agachar até ao chão e arriscar-se a perder a pose, na limpeza do brinde largado pelo animal incontinente. Logo aí, já se revelou.
A Miss não limpa cócó. Só veio para mostrar bunda e coxão.
Os figurões abraçam-se entusiasticamente, já antecipando uma união maçónica, ao estilo do "La Família". Os restantes foram criando empatias, entusiasmados com o fim do desconfinamento e a abertura a uma nova experiência.
Como seria de prever, depressa se formaram grupos e um consequente afastamento entre uns e outros e é com base nisso que, apoiam os seus fundamentos para  nomear. No início, contidos e cautelosos e de repente, desabridos. Os impulsivos e mais reativos, afirmam seu temperamento. Os aviões não tardam em aparecer, enviados para soltar, ora mensagens de apoio, ora mensagens de descontentamento. É dessa maneira que, os residentes da casa vão tendo o feedback daqueles que os acompanham.
Ana Catarina, brasileira, militante do veganismo, da espiritualidade, meditação, e outras fontes de energia new age, estranha os comportamentos dos seus companheiros de casa e estes, por sua vez, estranham-na. Uma Mulher de causas que usa como estandartes e radicaliza seus fundamentos. Papo esse que irrita a todos, inclusive a mim que, encontro sempre incoerências nesses discursos radicais. É totalmente contra o consumo de carnes mas fuma, comprometendo a sua saúde e a dos outros. Nonsense.
Angélica, venezuelana, depressa tratou de marcar sua posição e fazer campanha negativa contra a doce e ingénua Soraia que, sem saber como, perdeu a amizade de Jessica. O que deve ter incomodado Angélica foi a ambiguidade amorosa de Soraia. Ora rendida a Hélder, ora rendida a Daniel Guerreiro.
Este último, aproveita-se da aproximação grudenta de Soraia para manter-se na casa e enrola-a com uma conversa lânguida, dando a entender que gosta dela mas com a ressalva de que veio com outro objetivo e enquanto permanecer na casa, vai desviar-se da seta do cupido. Parece-me que, quer ser reconhecido ao nível de Anthonny Robbins, palestrante motivacional que ajuda a mudar Vidas. Quer ser uma inspiração a nível mundial.
Seu xará, Daniel Monteiro, adota um perfil totalmente diferente. O que o outro tem no nome, este tem na maneira de estar. Pelo menos, é o que quer transmitir (guerreiro). Diz saber o que é viver num ambiente de guerra e ter espírito de missão e são essas, as suas maiores armas para convencer os demais que é um exemplo a seguir e um verdadeiro líder. Nunca se engana. Falhar é desumano e quem falha com ele leva logo castigo.
Diogo, o delicado. Aquele ar sereno e relaxado parece-me enganador. Observa mais do que fala. Isola-se. É um Ser Inquietante.
Que dizer da Iury. Ora Bem, Iury a mim não me convence. Parece daquelas bonecas de porcelana,  delicadas e doces na frente mas, muito creepy nas costas. Boneca demoníaca.
Jéssica é a miúda que se serve das redes sociais para esconder o seu passado traumático. Carece de uma presença masculina e dita suas preferências sem rodeios e ai de quem, pisar seu território e pegar seu bode. Dá a entender que Mulher sem homem atrelado é menos Mulher.
O kamikase Heldér, é quase homem. É um palhaço que não sabe respeitar as diferenças, nem o espaço do outro. É inconveniente e convencido que é engraçado. Péssimo a seduzir. Para ele, a Mulher é igual a uma peça de carne desmaiada no gancho.
Noélia não tem um espírito jovem e descontraído, próprio das pessoas da sua idade. Acredito até que, não saiba o que fazer com tanto tempo livre, dentro da casa mais vigiada do país. Descansar e relaxar é para os desocupados. Não se permite viver o melhor da vida.
Pedro é o homem da fanfarra. Adora festas, amigos, bebida, os delegados e a sua Jesse.
Será que o clima de romance irá perdurar? Não me parece que Jessica se enquadre no estilo de Vida simples e acomodado do Pedro. Ela quer mais, muito mais.
Pedro tem uma visão muito estreita da Vida e, por isso, não compreende nem aceita pessoas como o Diogo, Ana Catarina, Slávia. 
Sandrina, a benjamim da casa e quiçá a vencedora do BB2020, alegra a casa e afasta as suas inseguranças e ganha proximidade com todos. Principalmente com Iury que, a trata como sua irmã mais nova e a defende em todas as ocasiões.
Slávia não é uma presença forte na casa. Acho que nem ela sabe que lugar ocupa dentro da casa. Amiga para ali, ai Amiga, para acolá, assim se dirige a todas sem criar qualquer anticorpo com ninguém. Não se manifesta. Lida com todos da mesma forma. Sem interesse para o jogo. Para mim, seria uma candidata a sair.
Sónia, a feirante, mãe de duas filhas, apaixonada pelo seu Bitó, desabou várias vezes e ameaçou até que ia sair. Aquela que mostrou ser a concorrente com mais pedalada, revelou-se ser a mais inconstante do grupo. Para ela, os rapazes são todos manos. Começa agora a despertar para o jogo e a criar pequenos focos de incêndio dentro da casa, só para gerar buzz. Acontece que, se extinguem rapidamente e não despertam grande interesse para constar dos diretos.
Soraia, não existe. Parece uma dessas personagens das histórias de encantar, onde há fadas madrinhas, príncipes encantados e muito amor. Por vezes, chego a pensar que é uma tremenda sonsa, por se dar bem com todos, ouvir seus desabafos e concordar com todos eles, sem questionar. Até a sua forma de vestir provocadora indica imaturidade, desvalorização, necessidade de atenção e uma natureza indefesa. É facilmente engolida por espíritos fortes e mal intencionados.
Teresa, a última a chegar, veio agitar as águas. Provavelmente, a sogra que ninguém quer ter. Falta-lhe doçura. A doçura de uma Mãe, cuidadora, compreensiva e boa ouvinte. Não se apega a ninguém porque também, receia revelar muito de si própria e do que já viveu. Solta o que pensa, doa a quem doer apenas porque, acredita na sua verdade e não há mais nenhuma comparável à sua. É uma Mulher com muitos medos e a prová-lo está a forma como reagiu ao afastamento dos seus companheiros de casa. O facto de não ser uma pessoa dada a proximidades resultou prejudicial para a sua integração no grupo.
Este é o naipe de players do BB2020. Nem tudo é mau mas, também nem tudo é bom. Quanto maior esta dicotomia, mais interessante se torna o jogo.















quinta-feira, 28 de maio de 2020

Ateimância

Já não tocam os sinos. Já não há rosmaninho, nem alecrim pelo chão. Já não passa a procissão.As orações em conjunto acabaram. Ninguém comunga. Os choros e os risos são abafados. Não há lugar a confissões. As aldeias isolam-se por trás dos montes, ameaçados pela chegada do calor de Verão e pelo desnorte de quem já não tem nada a perder.

Habituados a zelar pelo pouco que conquistaram e conscientes que, os desígnios de Deus e da Natureza são poderosíssimos, temem perder tudo e começar de novo, numa idade já pouco ou nada elástica.
Habituados a zelar pelo pouco que conquistaram e conscientes que, os desígnios de Deus e da Natureza são poderosíssimos, temem perder tudo e começar de novo, numa idade já pouco ou nada elástica.
Rijos somos nós. Dizem eles e dizem bem. Rijos são eles. Mas, até quando?
Rijos somos nós. Dizem eles e dizem bem. Rijos são eles. Mas, até quando?
Os bichos de quatros patas procuram as sombras mas, as moscas não dão descanso. Intrusas do silêncio que, convida a uma boa sesta.
Os bichos de quatros patas procuram as sombras mas, as moscas não dão descanso. Intrusas do silêncio que, convida a uma boa sesta.
A paz é aparente. A calma é recomendada mas não apazigua. O sossego não foi desejado. Existe uma apreensão que incomoda a todos, culpa de uma incerteza desavinda.
A paz é aparente. A calma é recomendada mas não apazigua. O sossego não foi desejado. Existe uma apreensão que incomoda a todos, culpa de uma incerteza desavinda.
Não se sabe quando os sinos voltarão a tocar e sequer sabem, se a aldeia está sob protecção divina.
Não se sabe quando os sinos voltarão a tocar e sequer sabem, se a aldeia está sob protecção divina.
Entregues ao Deus dará. Este é o sentimento.
Entregues ao Deus dará. Este é o sentimento.
Todos querem recomeçar. Mas, quando? Não se sabe. Assim como, também não se sabe que, mais empreitadas terão que enfrentar para regressar à normalidade. No entretanto, engordam o espírito até daquilo que ele não quer, nem precisa.
Todos querem recomeçar. Mas, quando? Não se sabe. Assim como, também não se sabe que, mais empreitadas terão que enfrentar para regressar à normalidade. No entretanto, engordam o espírito até daquilo que ele não quer, nem precisa.
Um espírito aborrecido descamba num espírito sem critério. Tudo serve para calar o mau estar.
Um espírito aborrecido descamba num espírito sem critério. Tudo serve para calar o mau estar.
As saudades acumuladas rasgam seus corações enfraquecidos e morrer, sem antes fitar nos olhos aqueles que, nunca deixaram de amar e cuidar é castigo que não merecem.
As saudades acumuladas rasgam seus corações enfraquecidos e morrer, sem antes fitar nos olhos aqueles que, nunca deixaram de amar e cuidar é castigo que não merecem.
Não temas.
Não temas.
"Ateima", sempre.
"Ateima", sempre.
Parar é morrer.
Parar é morrer.
A Vida não terminou. O coração não parou e, portanto, têm de seguir "ateimando". Não há lugar a outro entendimento. Se isto piorar é continuar "ateimando" e rezando.
A Vida não terminou. O coração não parou e, portanto, têm de seguir "ateimando". Não há lugar a outro entendimento. Se isto piorar é continuar "ateimando" e rezando.
Deus jamais entrará em confinamento.
Deus jamais entrará em confinamento.
Conhecedores de todas as pestes, esta é só mais uma que marcará a sua já longa história. Não constitui novidade, nem produz o impacto das anteriores. As outras foram a sangue frio. Para esta, há anestesia.
Conhecedores de todas as pestes, esta é só mais uma que marcará a sua já longa história. Não constitui novidade, nem produz o impacto das anteriores. As outras foram a sangue frio. Para esta, há anestesia.
Aos poucos, o saber deixou de ser exclusividade só de alguns. Entretanto, foram caindo alguns mitos. Os bons filhos à terra retornaram e retiraram poder aos convictos senhores da razão que deixaram entregues à má sorte, aqueles que neles cegamente confiaram.
Aos poucos, o saber deixou de ser exclusividade só de alguns. Entretanto, foram caindo alguns mitos. Os bons filhos à terra retornaram e retiraram poder aos convictos senhores da razão que deixaram entregues à má sorte, aqueles que neles cegamente confiaram.
De muito valeu o esforço, sacrifício e abdicação, para ter os filhos formados e os heróis do momento.
De muito valeu o esforço, sacrifício e abdicação, para ter os filhos formados e os heróis do momento.
A "ateimância" é algo que se herda. Não confundir com teimosia militante. Dessa sofremos todos um pouco.
A "ateimância" é algo que se herda. Não confundir com teimosia militante. Dessa sofremos todos um pouco.



Gosto
Comentar
Partilhar














Jihada Radical das Sogras

Criei a teoria, baseada em factos reais que, o companheiro para a Vida Toda é aquele que nos sorteia com uma sogra, com a qual nos possamos entender. Caso contrário, será um amor sem futuro. O poder das sogras é gigantesco. Um truque para perceber com que sogra estamos a lidar é: assim que a conhecer, manter-se calada e observar sorridente. Se respeitar o seu silêncio e sua privacidade, então há caminho para percorrer juntas mas, atenção, se ainda não teve oportunidade de falar com seu companheiro sobre o assunto não apresse conclusões. Por vezes, aliás, a maioria das vezes, as sogras usam os filhos para manifestarem seu descontentamento e turvam a imagem que estes tinham como certa das suas companheiras. E porquê? Homens inseguros, procuram nas suas companheiras uma cópia das suas Mães. É um complexo de identidade. 
Nunca mas, nunca, o questione sobre o que a Mãe dele achou de Si. Podem acontecer duas situações: ser vago na explanação e sua astúcia feminina a levar a concluir que, afinal os sorrisos e a forma respeitadora como a tratou não foram sinceros ou deixar escapar algo que, a mãe tenha dito a seu respeito que, a leve a pensar no quão ela é apressada a fazer juízos de valor. Acima de tudo, deve estar seguríssima de Si mesma.
O ideal seria nem chegar a conhecê-la. Acontece que, com a chegada dos netos essa possibilidade esvai-se. A partir daí, tudo piora. Jamais se enquadrará nos seus cânones de perfeição.
É neste preciso momento que, o recurso à meditação e ao Yoga e em, casos mais difíceis, a um psicoterapeuta, para a ajudar a lidar com a hecatombe de emoções que uma relação desta natureza oferece, se torna urgente.
Os domingos jamais serão os mesmos.
Está aberto o duelo entre duas vontades. A vontade que o domingo tarde em chegar e a vontade que ele acabe rapidamente.
Uma característica das sogras é revelarem-se muito opinativas e emitirem sua opinião como se tratasse de uma verdade inquestionável. Se discordar, o diálogo morre e a tensão aumenta.
Os comportamentos, a maneira de estar, o sentido crítico, o sentido estético, as preferências, as opiniões, os hábitos, o que consome, o que não consome, o que come, o que gasta, o que não gasta, como ocupa o tempo, os acontecimentos que partilha inocentemente, até os presentes que lhe oferece nas ocasiões especiais serão escrutinados, suas frases retiradas do contexto e tudo o resto serve para atacar.  Basicamente, as noras existem para servir seus filhos e seus netos. Não lhes são toleradas vaidades ou caprichos, para isso ficariam eternamente solteiras (em linguagem de sogra, encalhadas).  Parece até que, se têm de justificar pela forma como agiram e provar que não o fizeram em prejuízo de ninguém, nem no sentido de se privilegiarem a Si próprias.
Está declarada a guerra.
O maior medo das noras é, com esta convivência prolongada (até que o casamento dure), replicar os mesmos comportamentos, quando forem elas a assumir o papel de sogras. Por mais que se desviem da linha de pensamento das suas fiéis inimigas será que acabarão como elas, autênticas stalkers?
Está gerada a confusão mental.
Por isso é que se torna determinante estarem absolutamente confiantes e seguras de Si mesmas, para que não percam o equilíbrio. Ainda assim, nenhum amor sobrevive a esta jihada radical das sogras em perseguição das noras.

  




segunda-feira, 30 de março de 2020

Orgulhosos de Ti

Não páras de crescer. És demasiado Especial.
Quando nasceste, não consegui assimilar o valor que terias para mim. Estava ocupada com mudas de fraldas, biberões, suas dosagens e temperaturas, banhos temperados, desinfeção das chuchas e tetinas, vigiar teus sonos, aliviar as tuas cólicas, adormecer-te, cuidar dos teus soluços, percentis, molas, molinhas e colchetes, para apertar e tapar nos sítios certos, plano de vacinação, visitas regulares ao pediatra, minhas hormonas num frenesim, não deprimir e, principalmente, não desistir.
Não foi a melhor fase da minha vida. Todos os meus receios se materializaram. Não foram momentos fáceis. Eu tinha o dever de te poupar a todos eles mas, infelizmente, não soube lidar e creio ter-te afetado e, por esse motivo, culpo-me por não ter gerido melhor minhas emoções.
Hoje, o cenário é bem diferente. Estou mais disponível mental e emocionalmente. Já não me sinto frágil.
Contagem decrescente para os teus anos. Este ano será diferente mas não, necessariamente pior. A disseminação crescente do vírus mortal covid19, obrigou ao recolhimento obrigatório sem termo e,  portanto, este ano será cá por casa. Melhor dizendo, na casa dos avós paternos, que nos acolheram, numa fase de transição que, inesperadamente, veio a resultar
numa preciosa ajuda. Avô adoeceu dos olhos e nós somos seu principal apoio.
Apesar destas mudanças forçadas, teu comportamento revelou-se surpreendente. Estás sempre pronto a ajudar, sem contrariações. És a boa energia que retira dimensão a este pesadelo. És um menino de ouro. Orgulhosos de Ti.
Por pouco, nascias no dia das mentiras, para meu descontentamento. Seria numa segunda-feira, pós Domingo de Páscoa. Apesar de, ter suportado as contrações dolorosas por mais umas horas, foi bem melhor assim. Não gostaria que o teu dia de nascimento fosse partilhado com o dia das mentiras e, todos os anos, ter que conviver com algum engraçadinho(a), brincar com o acontecimento de forma repetitiva e cansativa.
Espero que, no próximo ano, possamos festejar o teu aniversário sem este perigo latente e no nosso novo lar. Estão Todos convidados. Velhos Amigos, Novos Amigos, Teus Amigos, Nossos Amigos, Vizinhos, Família. Juntaremos Vidas às nossas Vidas e deixaremos que a Magia da felicidade nos invada e, tal como o, insidioso covid19 se alastre pelas nossas células e nos infecte de Amor e Bem Estar.

sexta-feira, 20 de março de 2020

Enormes



Do sorriso ao choro dista muito pouco e a quantidade de vezes que isto se repete confirma a alteração do nosso estado mental e o quão sensível ele é ao processamento daquilo que nos rodeia.
Ora nos fortalece ora nos transtorna. Mudanças de estados emocionais estáveis para estados emocionais instáveis e vice versa, exigem reações rápidas e adequadas e um forte e firme acondicionamento mental. Essa resistência não aparece quando necessária, adquire-se com o tempo e as vicissitudes da Vida. As adaptações e ajustes são um desafio gigantesco. Direi, uma façanha. Não nascemos preparados para aceitar certos acontecimentos, principalmente, os maus.
Assim como, quando experimentamos um novo sabor, temos tendência a rejeitá-lo, por não o conseguirmos identificar na nossa memória gustativa, os factos novos recebem igual tratamento. Primeiro estranham-se, depois aceitam-se.
Trata-se numa, primeira fase, de uma resistência primária e negativa que, em princípio, resultará numa resistência positiva, apoiada pela aprendizagem que ajudará a superar a dor que esses novos acontecimentos possam vir a causar.
Crescemos todos durante o processo, sobretudo, os mais novos que aprendem a colaborar e não incomodar porque, o momento assim o obriga. Estão sempre dispostos sem queixumes. As transições não os atemorizam. O quarto escuro sim.
Têm tanta Vida pela frente e não gastam seu tempo a medir perdas e ganhos. Limitam-se a Viver.
Dão leveza ao pesadelo. São Enormes sem o saberem.

domingo, 15 de março de 2020

#Estamosjuntos

E de repente, quando menos se esperava, veio algo para redefinir o que é verdadeiramente importante.
Estávamos tão protegidos do mal e ocupados connosco próprios e eis que chega o COVID19 para estragar tudo e desorientar nossas Vidas.
Num mundo de cegos poucos conseguem ver a gravidade da situação. Não falo apenas do contágio fácil e rápido que compromete a nossa saúde, falo também da nossa postura relaxada relativamente a esta problemática. Aliás, antes mesmo de sermos atingidos por esta pandemia, o nosso cuidado para connosco e para com os outros era irrisório. Quantos de nós se dão ao trabalho, após o uso do wc ou mesmo antes das refeições, lavar devidamente as mãos e poupar-nos a contaminações, que em pessoas de risco pode muito bem originar a morte e o COVID19 pode até nem ser o responsável. Afinal, é uma estirpe entre tantas outras que pululam por aí.
Neste momento, decretou-se o período de quarentena, implicando perdas económicas e sociais mas, seguramente, ganhos em saúde e bem estar. Assim esperamos.
Todos somos responsáveis. Nessa qualidade, temos de ganhar uma nova consciência social que, quanto a mim, se encontrava amortecida pela correria do dia a dia e pela pressão de ter mais e melhor, para manter ou até subir de categoria.
Ainda que pareça impossível, ainda vamos chegar ao ponto de sentir saudades do nosso dia a dia. De sair para os lugares comuns, de lidar com pessoas comuns e de falar sobre temas comuns. Viver na instabilidade não é bom. Viver na incerteza muito menos.
Estamos todos sujeitos. Uns mais que outros mas, na verdade, estamos todos sujeitos.
Os dias seguintes vão determinar a nossa capacidade de resistência.
Viagens canceladas, visitas suspensas em hospitais e lares, espaços de desporto e lazer fechados, idas aos hipermercados e centros comerciais condicionadas, hospitais em rutura, negócios comprometidos, instituições de ensino encerradas, trabalho remoto para quem pode dispor dessa funcionalidade, evitar espaços públicos e contato físico, parques de diversão interditos, acessos dificultados, a Vida ativa interrompida.
Este estado vai  expor nosso caráter, nosso sentido do outro, nossa capacidade de destacarmo-nos do que é supérfluo e de menor importância, inspirar-nos a ser melhores pessoas e resistentes às tentações que comprometem bem estar do todo.
Depois disto, seremos pessoas com outras preocupações e movidas por um novo sentido de Vida.



sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Bring it On


Resultado de imagem para bring it on emoji
E de repente, crias para ti própria uma condição que te devolve à estaca zero. Na verdade, não tinhas alternativa. Se ficasses, sujeitavas-te e se saísses, também te sujeitavas. A questão é, qual das duas pesa menos ou causa menos estrago na tua Vida. Sendo que, agora já não há tantas oportunidades  para errar.
Tuas decisões vão determinar os dias seguintes e consolidar tua situação futura.
Pesa embora, tua resistência para encarar novos desafios e potenciar motivação suficiente durante o processo, para que não deixes de agir em prol do que queres e precisas, sofre quebras de confiança que demoram a restaurar. Com o tempo tornamos-nos mais frágeis. Nossa capacidade de sonhar é bloqueada pela passagem do tempo que, nos remete para determinadas realidades que,  por sua vez, impedem desvios irracionais.
Tudo é uma questão de tempo mas, Nós sabemos que o Tempo nem sempre é nosso aliado e a sua velocidade é desproporcional ao ritmo das nossas Vidas. Uma vez estagnados, o tempo não conspira a nosso favor, nem tampouco abranda. É a Vida na sua plenitude. Não pode haver lugar a cansaços, reclamações, indignações, amuos, revoltas, recuos, recusas, hesitações. Tudo tem de funcionar em pleno.
Digo, Vida na sua plenitude porque, está tudo lá ao nosso dispor. Só que por vezes nossa visão está turva porque teimamos em lamentar o estado atual e demoramos a reagir.
A forma como reagimos a tudo que acontece, expõe-nos ao que a Vida tem para oferecer e a magia acontece. Assim espero.
Bring it on.



segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Perdições com Açúcar

Haverá Bolachas que não façam migalhas? Falo de Bolachas de tamanho proporcional ao seu sabor. Não falo de amostras de Bolachas, boas para bochechar. Falo de Bolachas com tamanho suficiente para te arrependeres depois. Bolachas a sério. You know what I mean. ;)
Quero Bolachas que não deixem rasto de desperdício, nem se colem ao céu da boca, tal qual as hóstias das missas de domingo. Bolachas para se comer silenciosamente, melhor até, clandestinamente e, principalmente, Bolachas que não espalhem marcas do nosso pecado. A sua embalagem poderia até se auto destruir em segundos. Sem marcas. Sem dedadas. Sem ADN. Sem medo de sermos descobertos. A ideia é eliminar quaisquer vestígios comprometedores. Nós os gulosos, somos muito perseguidos. Verdade que sim. Principalmente, os mais crescidos que já não têm a casa dos avós para se refugiar e lambuzar sem castigos.
Parece que o açúcar é agora o veneno do século XXI, uma dependência de morte lenta e um estandarte dos Serviços Nacionais de Saúde para repudiar os gulosos. Estamos ao nível dos dependentes de substâncias ilegais. Qualquer dia entra a canabis, sai o açúcar. Não tarda vou adoçar o café com pauzinho de canabis.
Há todo um ritual ao desembrulhar o que envolve essas perdições com açúcar. Conheço aquele barulho da prata que reveste o chocolate. Consigo até abafar os outros sons só para o ouvir. É a Música de abertura das hostilidades "Sei que Não Devo mas Sabe-me Bem".
Quem me dá doces dá-me afeto. Marcas do meu passado infantil.
Podiam-me ter dado um rabanete mas, não creio que deixasse marcas tão boas quanto estas que trago. O sabor a doce não se confunde com nenhum outro. É único.
Não quero fazer propaganda ao doce mas por favor não o diabolizem, em nome dos gulosos como Eu.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Só mingo. Só mingo.

Quem sabe um dia possa novamente escrever outra história para a minha Vida. Que seja num daqueles dias de Sol ameno, bons para secar a roupa no varal.
Quando minha missão terrena acabar, quem sabe me doem outra oportunidade para fazer diferente. Não propriamente melhor mas, diferente. Outros rostos, outros contextos, outros enredos, outros que não os mesmos. Quem sabe um dia liberalizem a venda não regulada da canabis e eu possa mascar a Vida de uma outra forma.
Não que a Vida não me saiba. Acho que até sabe melhor agora, do que na idade do fermento. Já não cresço. Só mingo. Só mingo.
Curiosamente, vemos pior mas, enxergamos melhor. Basicamente, aprendemos a conservarmo-nos. Pode parecer um papo caduco. Porém, eu prefiro charmar-lhe papo de uma consciência maior. Não me rendo às evidências mas reconheço-as. Mais ou menos isso.
Meu filho já me confessou estar cansado de ter 4 anos, isto porque ele não sabe o que vem por aí e pensa que, a idade dá poderes. Olha para mim e para o pai e pensa, quanto mais velhos mais poderosos. Só mandam. Só mandam.
Não direi mais poderosos mas sim mais sábios. E o que está escrito, escrito está e o que está por escrever devolve-nos outra esperança que nos prende aqui até deixarem.
Sinto que estou só de passagem. Isto não acaba aqui.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

E a Saga continua....

E a Saga continua. Os que querem falar. Os que são impedidos de falar. Os que interrompem. Os que são interrompidos. Os que se acham donos da palavra. Os que ficam em silêncio por opção. Os que te observam e medem tuas reações com intensímetro. Os que preferem ficar em silêncio e não se comprometer. Os que nem sequer tentam falar. Os que promovem a discussão para agitar mais as águas. Os que aguardam a vez de falar. Os que tomam partido. Os que não tomam partido. Os que se manifestam em privado e em particular. Os que só falam se tiverem platéia. Os que convocam os outros a falar. Os apressados. Os Ansiosos. Os Enfadados. Os Conflituosos. Os Temperamentais. Os Tranquilos. Os Emotivos. Os Frívolos. Os Indiferentes. Os Distantes. Os Ciumentos. Os Invejosos. Os que são lembrados. Os que ninguém se lembra. Os Desinteressados. Os Responsáveis. Os Preguiçosos. Os Irresponsáveis. Os Materialistas. Os Despojados. Os Persuasivos. Os Verdadeiros. Os Sinceros. Os Profundos. Os Superficiais. Os Falsos Moralistas. Os Opinion Makers. Os Altivos. Os Modestos. Os Humildes. Os Sabichões. Os Fundamentalistas. Os Followers (Seguidores). Os Perseguidos. Os que perseguem. As Vítimas. Os Caça Likes. Os Presunçosos. Os Fundamentalistas. Os que pensam pequeno. Os que pensam out of the box. Os Executantes. Os Pensadores. Os Banidos. Os Contidos. Os Desbocados. Os Perfecionistas. Os vai assim mesmo e os Inocentes que acabaram de chegar e os acompanham para todo lado e com eles querem estar.

The Bad Ones

O Meu Filho insiste para que lhe conte histórias. Não escolhe o melhor momento, nem o melhor contexto. É na base do quero que me contes agora mesmo, em ambientes de ruído com muita gente ou pior, em ambientes de silêncio com muita gente também. E curiosamente (ou não) os seus personagens favoritos são os maus da fita ou em "Strong Language", The Bad Ones.
Rufem os tambores, porque os eleitos são: Bruxa Má e Lobo Mau.
As melhores histórias são aquelas onde estes dois protagonizam. Afinal, dos bons não reza a história.
Nem vale a pena tentar suavizar suas presenças pois vai tirar toda a graça, que eles parecem ter para o Meu Filho. A minha tentativa de o poupar a pesadelos redundou numa frustação conjunta. Eu falhei porque não soube contar a história que ele queria ouvir e Ele amuou porque a história não soou como ele queria.
Tentei de novo, desta vez sem filtros e com efeitos sonoplásticos. Foi Libertador. Acho até que me empolguei.
Quando terminei, Meu Filho estava a tentar processar não só a história mas também, a minha transformação. O que é que eu fiz? Pensei Eu.
Após uma breve paralisia sensorial, surge o rigor jornalístico de um miúdo de quatro anos, que me deixou bloqueada.
E a Bruxa Má vive sozinha ou acompanhada?
O Lobo Mau vomitou a Avózinha?
Que idade têm?
O Lobo Mau e a Bruxa Má vão à Escola?
And so on...
Questões práticas de uma acurada pertinência histórica, direi Eu. :)

Acordei o mundo

Najla tinha muita dificuldade em dormir. No seu entender, a vida podia acabar se se deixasse adormecer. Uma convicção implantada, desde a m...