Vanda conheceu um anjo que não é alado. Não tem nome de anjo nem cara de anjo mas é um anjo. Não caiu do céu mas aterrou na terra junto a si e pousou na sua Vida. Ele surgiu para atender a um apelo seu e até hoje não falhou sua missão. Ela agradeceu.
Seu sorriso acolheu-a instantâneamente e Vanda rendeu-se, sem questionar suas intenções. Sentia-se carente, frágil, desanimada, desprotegida e sedenta de alguém que a compreendesse, a aceitasse, a mimasse e a elegesse para sua melhor companhia. Quando estava prestes a desistir de encontrar a sua salvação, eis que surge no seu caminho Gustavo. Não vinha num cavalo branco mas comandava um porshe carrera branco, oferta do seu papá, que não se inibe de esbanjar-lhe afectos caros. Afinal o anjo não veio do céu, nem em silêncio. Veio por terra e não poupou na buzina, quando viu Vanda desfilar no passeio de acesso ao cais de Gaia. Ela nem se incomodou com o som da buzina, tão concentrada que estava nos seus pensamentos cheios de amargura. Gustavo não se deu por vencido e voltou a insistir, até resgatar a sua atenção. Só quando a vizinhança mostrou desagrado com sua insistência, foi então que Vanda se moveu na sua direcção e incrédula, mostrou-se inibida com tamanho aparato. Assim que ela cruzou seus olhos com os dele, Gustavo arrancou satisfeito, sem nada dizer. Atordoada com aquele episódio caricato, refugia-se na esplanada e distrai-se com um livro de bolso, cujo tema nada tinha de animador " Vidas sem sentido". O esforço para se concentrar resultava inútil, logo após ter sido alvo daquela cena mediática, digna de uma novela em horário prime time, daquelas cujo o enredo nunca mais acaba e arrasta legiões de seguidores. Quem seria aquele sujeito? O que ele teria visto em si para suscitar uma exibição tão histriónica? Teria ele a confundido com alguém? Teria ele algum distúrbio comportamental?
Uma infinidade de perguntas, sem miragem de resposta.
Em boa verdade se diz que há muito mais que nos desanime do que aquilo que nos anima, principalmente quando nossa moral está tão em baixo. Vanda sentiu-se a chacota da rua e sem jeito, retirou-se sorrateiramente para o canto mais fundo da esplanada, longe daquele tumulto.
Estava ela em sossego, revirando as páginas do seu melhor recurso à solidão, quando se apercebeu da vontade resoluta de aproximação, de um indivíduo, de sorriso castiço, elegantemente vestido, transbordando sexappeal e assustadoramente confiante e que convicto, caminhava na sua direcção. Vanda estremeceu, quando ele tomou o lugar junto ao dela, sem sequer ser convidado. Que ousadia pensou ela.
Antes que Vanda se manifestasse, Gustavo adiantou-se e expôs sem hesitações o motivo da sua invasão.
Não conhecia Vanda mas tinha muita vontade em conhecê-la. Seus gestos, sua postura, seu ar cabisbaixo intrigaram-no. Uma Mulher tão bonita quanto ela entregue à solidão é sacrilégio.
Sua tristeza tocou-o e fê-lo agir daquela maneira tão insana e despropositada. Algo o intimou a agir. Reconheceu seu erro em expô-la daquela maneira mas assim que a viu, algo o magnetizou. Apenas a procurou para expressar o conjunto de sentimentos inusitados que ela acabara de lhe provocar e manifestar o seu desejo em manter com ela uma relação de proximidade. Era um sinal inequívoco de que ambos estavam predistinados.
Vanda ouviu-o atentamente e interiorizou suas palavras tocantes.
Pensou em arrumar com o assunto, negando-se a qualquer tipo de contacto e seguir com a sua Vida sem aromas. Porém, a tentação de testar o futuro de uma combinação entre ambos ressoava na sua cabeça.
Racionalizar ou Enlouquecer? Evitar ou Arriscar?
Apesar das suas palavras não combinarem com suas atitudes desvairadas e assumirem uma estrutura mais lógica e racional, não chegavam para ganhar total coerência e convencer Vanda. Se o deixasse partir, jamais saberia no que poderia resultar entre os dois. Se o acolhesse e aceitasse investir em algo inconsistente, podia resultar emocionalmente desastroso.
Um dilema destes precisava de mais tempo para ser resolvido.
Confusa e sem tempo, resvala para o desconhecido e escorrega numa relação sem sentido. Com a convivência percebeu que afinal o que parecia ser insano e imprudente pode desencadear em algo marcante e duradouro, tudo depende da nossa predisposição e contribuição para um rumo certo, sem desviar do que é realmente importante.
Bem se vê que os Finais Felizes mudaram de paradigma e de padrão. Nem sempre o que começa incerto acaba mal e nem sempre o que começa certo acaba bem. Não há certezas apenas boas e más intuições. A consistência trabalha-se.
Uma infinidade de perguntas, sem miragem de resposta.
Em boa verdade se diz que há muito mais que nos desanime do que aquilo que nos anima, principalmente quando nossa moral está tão em baixo. Vanda sentiu-se a chacota da rua e sem jeito, retirou-se sorrateiramente para o canto mais fundo da esplanada, longe daquele tumulto.
Estava ela em sossego, revirando as páginas do seu melhor recurso à solidão, quando se apercebeu da vontade resoluta de aproximação, de um indivíduo, de sorriso castiço, elegantemente vestido, transbordando sexappeal e assustadoramente confiante e que convicto, caminhava na sua direcção. Vanda estremeceu, quando ele tomou o lugar junto ao dela, sem sequer ser convidado. Que ousadia pensou ela.
Antes que Vanda se manifestasse, Gustavo adiantou-se e expôs sem hesitações o motivo da sua invasão.
Não conhecia Vanda mas tinha muita vontade em conhecê-la. Seus gestos, sua postura, seu ar cabisbaixo intrigaram-no. Uma Mulher tão bonita quanto ela entregue à solidão é sacrilégio.
Sua tristeza tocou-o e fê-lo agir daquela maneira tão insana e despropositada. Algo o intimou a agir. Reconheceu seu erro em expô-la daquela maneira mas assim que a viu, algo o magnetizou. Apenas a procurou para expressar o conjunto de sentimentos inusitados que ela acabara de lhe provocar e manifestar o seu desejo em manter com ela uma relação de proximidade. Era um sinal inequívoco de que ambos estavam predistinados.
Vanda ouviu-o atentamente e interiorizou suas palavras tocantes.
Pensou em arrumar com o assunto, negando-se a qualquer tipo de contacto e seguir com a sua Vida sem aromas. Porém, a tentação de testar o futuro de uma combinação entre ambos ressoava na sua cabeça.
Racionalizar ou Enlouquecer? Evitar ou Arriscar?
Apesar das suas palavras não combinarem com suas atitudes desvairadas e assumirem uma estrutura mais lógica e racional, não chegavam para ganhar total coerência e convencer Vanda. Se o deixasse partir, jamais saberia no que poderia resultar entre os dois. Se o acolhesse e aceitasse investir em algo inconsistente, podia resultar emocionalmente desastroso.
Um dilema destes precisava de mais tempo para ser resolvido.
Confusa e sem tempo, resvala para o desconhecido e escorrega numa relação sem sentido. Com a convivência percebeu que afinal o que parecia ser insano e imprudente pode desencadear em algo marcante e duradouro, tudo depende da nossa predisposição e contribuição para um rumo certo, sem desviar do que é realmente importante.
Bem se vê que os Finais Felizes mudaram de paradigma e de padrão. Nem sempre o que começa incerto acaba mal e nem sempre o que começa certo acaba bem. Não há certezas apenas boas e más intuições. A consistência trabalha-se.

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