quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Gente Tóxica


Pessoas Tóxicas pululam por aí. Elas manifestam-se nos meios mais comuns, emprego, família, no círculo de amigos, na igreja, nos transportes públicos, em toda a parte. Acham-se donas daquele lugar ou daquele círculo fechado e intitulam-se pessoas de bom trato. Quando, na verdade, o que acontece é que a sua presença resulta nefasta. São espaçosas, intrometidas, inconvenientes, sem educação, salientes, indiscretas, sem formação cívica, invejosas, cheias de queixumes, desdenham de tudo, vigiam os passos dos outros, comentam a Vida de qualquer um, falam do que não sabem, estão sempre atentas aos deslizes dos outros, querem usufruir do mesmo que tu só para se sentirem tanto ou mais que tu, são dissimuladas, quando confrontadas fazem-se de inocentes e instigam sempre à comparação. A descrição seria interminável e demasiado biográfica. São pessoas castigadoras e capazes de nos levar à ruína mental. Fazem vénias áqueles de quem precisam. Mostram-se muito dignas perante eles e agem de forma a não transparecer sua essência podre e vir a ser desmascarados.
Este é só um dos géneros de pessoas carregadas de toxicidade. Outros há com "especial encanto" destrutivo.
Conselhos para lidar com essas pessoas, não há muitos, eles são escassos perante a crescente propagação destas figuras terrenas, que adoram exilar-se no nosso meio.
Ignorá-las é a solução mais adequada para estes casos sem possibilidade de emenda. Como se isso fosse algo fácil de executar. Mas na verdade o seu maior castigo é fazer delas zeros à esquerda, seres invisíveis, seres menores, criaturas que apenas ocupam espaços vagos e sem grande interesse. Deixar que elas ocupem seu tempo com miudezas e insignificâncias, enquanto tu te ocupas da tua felicidade e da tua realização pessoal dá-te imunidade. Este tipo de pessoas não tem horizontes nem vontade de mudar. Acreditam ser o Melhor que há no Mercado e não entendem porque é que há quem não acredite no seu valor e prefira rejeitar a compra. Todos aqueles que recusam interagir com elas são pessoas estranhas e maus feitios. Elas sim têm bom feitio. Aliás já não existe molde igual. Autênticas raridades. Provavelmente, soará estranho mas as pessoas de quem falo não querem mal a ninguém mas também não querem bem.
Invocam Deus a todo o momento, quando não conseguem esgrimir bons argumentos para contra argumentar. "Deus é testemunha (...)", "Oh Meu Deus (...)", "Louvado seja Deus (...)", "Deus é Pai (...)" e se continuar, vão te convencer que são mais puros que crianças inocentes e indefesas.
De carrascos passam a vítimas, gerando uma corrente de consoladores, comovidos pelo seu falso desempenho de pessoas frágeis e cheias de inocência.
Cheguei a querer saber rezar para rogar por elas e defendê-las do mal. Até eu cheguei a ser atingida pela cegueira e encarei que fossem capazes de actos bons e nobres.
São também hábeis a fantasiar a realidade, para se enaltecer a si e à sua trupe. Adoram causar impacto e tudo serve para ser exibido como badalo, até mesmo as mais variadas banalidades do Mundo dos Vivos.
Quem se cruzar no seu caminho é atingido pelo seu veneno tóxico, que pode ser destilado quer, através de um olhar reprovador, de um comentário infeliz, de demonstrações falsas e dissimuladas, de cochichos venenosos, quer através da carga negativa que emanam.
Se deixares, elas orientam a tua Vida, aconselham, sugerem e mesmo depois de acatares toda a sua falsa boa vontade e corresponderes a todas as suas instruções, hão-de criticar negativamente teus actos. O problema dessas pessoas és tu. Tu és de um jeito que as faz sentir vulgares, mesmo que não seja essa a tua intenção. Quanto mais inatingível te mostras e menos atenção lhes dás, mais cresce a sua vontade em te abater.
Pode parecer um Vodu encomendado para ti, quando te vês rodeado por personagens como estas mas, na verdade, elas são apenas produto de um crescimento torpe. 




 

domingo, 7 de outubro de 2012

Cultivar o Amor


Homens e Mulheres andam desencontrados. Ambos não sabem mais o que procuram um no outro. Desconhecem qual o Modelo que os pode fazer felizes. Essa indefinição provoca desencontros e grandes vazios. Sabem que querem ter alguém do lado, de carne e osso, para abraçar, beijar, sentir, no entanto, aspiram encontrar alguém que reúna um conjunto de características improváveis em seres tão imperfeitos quanto nós. Não existem ideais. O que me parece é que a dificuldade em encontrar alguém para relacionamento sério, resulta da visão egoísta de felicidade que carregamos. Nós não somos os únicos a querer ser felizes. Os moldes por nós concebidos para sermos felizes não podem ser rígidos e inflexíveis ou geradores de barreiras intransponíveis e inultrapassáveis. Por alguma razão que eu desconheço, as pessoas deixaram de ser persistentes, empenhadas em construir algo consistente e duradouro, preferem encará-lo como perda de tempo e, na sua opinião, dedicação é sinónimo de desperdício, sabendo que existe um mundo de possibilidades por desbravar capaz de os entreter. O pensamento que mais se impõe no registo actual das relações é que nenhuma das partes quer abdicar em função de alguém, aliás, o mais grave de tudo isto é sentirem que a sua escolha em se entregar a alguém implica abdicação, sacrifícios, sarilhos, contrariações e por isso não vale a pena insistir em algo que vá exigir muito de nós e quebrar com as nossas rotinas. 
O encanto de uma relação está na cumplicidade que se vai construindo, na aceitação, na vontade que existe em estar junto, na capacidade desenvolvida para ultrapassar divergências, na criação de momentos únicos e especiais que sustentam a intimidade de um casal, não disputar razões, não disputar direitos nem deveres, não sobrepôrmo-nos um ao outro, reconhecer valor um no outro e admirarmo-nos mutúamente, amarmos quem somos e como somos, partilharmos a alegria e a dor, sermos verdadeiros um com o outro, respeitarmos opiniões contrárias e vontades próprias, não tentar mudar o outro para nosso próprio proveito, gozar da presença um do outro, dedicar atenção, não medir forças, saber pedir desculpa, reconhecer que estamos errados, confiar, criar oportunidades, não exagerar, não guardar mágoas, superar as adversidades, surpreender, mimar e deixar que esse amor cresça forte e vigoroso.
Todos temos expectativas relativamente a novos relacionamentos e não há nada de mal nisso, desde que tentemos perceber quais são as expectativas da outra parte e só um diálogo aberto permite aprofundar melhor e estabelecer uma boa base de entendimento entre ambos. Não temos que estar sempre de acordo um com o outro, gostar do mesmo, pensar da mesma forma em todas as situações, agir da mesma forma ou querer o mesmo, o importante é que saibamos o que sentimos um pelo outro e o significado que esse sentimento representa nas nossas Vidas e até que nível queremos estender esse sentimento.
Muitas vezes, as desilusões que acumulamos nas relações com o sexo oposto são alimentadas por nós mesmos e pela nossa ânsia de querer romances perfeitos ou baseados em fantasias de criança.
O factor descoberta, os jogos de palavras, os olhares demorados, os silêncios na despedida com a promessa de um próximo encontro, o arrepio na pele após o toque de mão na mão, os longos diálogos ao telefone que terminam na frase cliché "Sonha Comigo", faz-nos sentir especiais.
Afinal o que todos queremos é ser essa pessoa especial na Vida de alguém.   
  

sábado, 6 de outubro de 2012

Massa Grudenta


Quem inventou a pastilha elástica devia ser banido da face da terra. Não há goma açucarada e elástica mais inconveniente que essa. É grudenta, estala nos ouvidos e, na boca de alguns incautos "ruminantes", vira suplício. O seu aroma intenso provoca, nos mais sensíveis, dores de cabeça e muito mau estar. O cenário mais adorável  de todos acontece, quando num recinto silencioso e que apela à concentração, se ouve aquele som irritante e suicida da pastilha elástica embrulhada em saliva, que se enrosca nos dentes e coça as gengivas numa dança frenética que termina com a explosão de um balão de ar quente, que se repete até à exaustão. Não entendo porque proíbem o uso do telemóvel, máquinas fotográficas e demais gadgets, com o objectivo de não criar distrações e desviar atenções e , incompreensívelmente, não proíbem o uso da maldita pastilha elástica e seus inúmeros sabores. Menta, morango, melancia, limão, framboesa, tutti-frutti, melão, laranja, maçã, you name it. Todas elas prometem um duradouro hálito fresco mas esquecem-se de prevenir sobre as contra-indicações do seu uso recorrente. Vício que distrai a fome, controla a ansiedade, baixa a tensão mas não poupa aqueles que são obrigados a conviver com isso mesmo sem o desejarem. Ressonar e mascar pastilha elástica pertencem à mesma categoria de actos indesejáveis e desconcertantes. Há pessoas que ainda não entenderam que nem tudo vale a pena partilhar. Essas duas acções dispensam platéia.
Depois há os chamados malabaristas da pastilha elástica que ensaiam rebentamentos atrás de rebentamentos até serem surpreendidos com uma gigantesca explosão de lava elástica em suas caras de pessoas sem noção. Mas mesmo assim insistem em continuar. Nem essa pequena humilhação pública os faz demover. Os mais ousados esticam a pastilha elástica o mais que conseguem e enrolam-na no dedo indicador numa espiral que resvala num género de insanidade mental sem precedentes. Aposto que estas pessoas também mastigam de boca aberta, se engasgam sozinhas, enfiam o dedo na boca para desatarrachar a carne entranhada no dente e no final,  para concluírem apoteóticamente, chupam o dedo húmido demoradamente, esquecendo-se que existem outros recursos que priveligiam a discrição e sobretudo a boa educação. Seus actos são desmedidos e sempre irreflectidos.
Depois de cansados de massacrar os dentes e os maxilares com tanta mascação, jogam sem piedade a pastilha elástica na calçada deixando marca da sua má criação.
Quem nunca foi brindado com um carimbo de pastilha elástica no sapato? Pior que cócó de cachorro. Não desgruda. 

Acordei o mundo

Najla tinha muita dificuldade em dormir. No seu entender, a vida podia acabar se se deixasse adormecer. Uma convicção implantada, desde a m...