sábado, 6 de outubro de 2012

Massa Grudenta


Quem inventou a pastilha elástica devia ser banido da face da terra. Não há goma açucarada e elástica mais inconveniente que essa. É grudenta, estala nos ouvidos e, na boca de alguns incautos "ruminantes", vira suplício. O seu aroma intenso provoca, nos mais sensíveis, dores de cabeça e muito mau estar. O cenário mais adorável  de todos acontece, quando num recinto silencioso e que apela à concentração, se ouve aquele som irritante e suicida da pastilha elástica embrulhada em saliva, que se enrosca nos dentes e coça as gengivas numa dança frenética que termina com a explosão de um balão de ar quente, que se repete até à exaustão. Não entendo porque proíbem o uso do telemóvel, máquinas fotográficas e demais gadgets, com o objectivo de não criar distrações e desviar atenções e , incompreensívelmente, não proíbem o uso da maldita pastilha elástica e seus inúmeros sabores. Menta, morango, melancia, limão, framboesa, tutti-frutti, melão, laranja, maçã, you name it. Todas elas prometem um duradouro hálito fresco mas esquecem-se de prevenir sobre as contra-indicações do seu uso recorrente. Vício que distrai a fome, controla a ansiedade, baixa a tensão mas não poupa aqueles que são obrigados a conviver com isso mesmo sem o desejarem. Ressonar e mascar pastilha elástica pertencem à mesma categoria de actos indesejáveis e desconcertantes. Há pessoas que ainda não entenderam que nem tudo vale a pena partilhar. Essas duas acções dispensam platéia.
Depois há os chamados malabaristas da pastilha elástica que ensaiam rebentamentos atrás de rebentamentos até serem surpreendidos com uma gigantesca explosão de lava elástica em suas caras de pessoas sem noção. Mas mesmo assim insistem em continuar. Nem essa pequena humilhação pública os faz demover. Os mais ousados esticam a pastilha elástica o mais que conseguem e enrolam-na no dedo indicador numa espiral que resvala num género de insanidade mental sem precedentes. Aposto que estas pessoas também mastigam de boca aberta, se engasgam sozinhas, enfiam o dedo na boca para desatarrachar a carne entranhada no dente e no final,  para concluírem apoteóticamente, chupam o dedo húmido demoradamente, esquecendo-se que existem outros recursos que priveligiam a discrição e sobretudo a boa educação. Seus actos são desmedidos e sempre irreflectidos.
Depois de cansados de massacrar os dentes e os maxilares com tanta mascação, jogam sem piedade a pastilha elástica na calçada deixando marca da sua má criação.
Quem nunca foi brindado com um carimbo de pastilha elástica no sapato? Pior que cócó de cachorro. Não desgruda. 

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