sexta-feira, 31 de maio de 2013

Tiagooooooooooo :)


 
 
Olá Tiago! Sou eu a tua Mãe, que não se cansa de comunicar contigo e se transforma a cada gesto e ruído teu. Adoro quando me respondes à tua maneira, esbracejando, sorrindo e com teus guinchos harmoniosos, suplicando toda a minha atenção. Qualquer forma de expressão tua me remete para uma infinidade de pensamentos que projectam aquilo que serás no futuro. Apesar de não haver suficiente informação para isso adoro divagar sobre qual será a tua personalidade, os teus traços psicológicos, a tua maneira de ser. Quero estimular´ao máximo os teus sentidos, assistir ao teu processo de desenvolvimento e acompanhar os teus progressos. Quero estar sempre presente na tua Vida.
Contribuir para a tua confiança e auto-estima com manifestações positivas e elogios quando a ocasião o exigir e estou certa que serão várias as ocasiões que me farão orgulhar-me de ti. Apoiar-te nas tuas decisões, não exercer pressão psicológica para que sigas os meus conselhos mas nunca deixar de os dar e tratar para que estes assumam a forma de sugestões sem carácter repercutório, tentar demarcar o certo do errado com explicações bem fundamentadas e de discussão aberta para um melhor esclarecimento e evitar repreensões castigadoras como forma de aprenderes as lições de bom comportamento.
Quero que, assim como eu chamarei a atenção para as tuas atitudes erradas, faças o mesmo comigo e me chames à razão mas, tal como eu, expliques o que têm de errado. Não me poupes. Sou tua Mãe mas estou longe de ser perfeita.
Procurarei ter o discernimento necessário para actuar da melhor forma e ser eficaz no meu papel de Mãe.
Descobri que o Amor não conserta tudo, às vezes até atrapalha quando mistura muitos sentimentos, sofrimento, culpas, medos, cobranças e tendo eu sido vítima disso mesmo, espero sim transmitir-te o meu Amor mas sem te chantagear ou pressionar ou convencer que em nome dele tudo o que eu faço está correcto e é o melhor para ti. O meu Amor servirá para te apoiar e fomentar tua individualidade.
Ninguém me ensinou a ser Mãe. Aliás ninguém me ensinou sequer a ser Mulher. Fui aprendendo e assimilando com as informações que ia recolhendo no percurso da Vida. Orientei-me como pude. Teria sido bom alguma orientação mas não guardo mágoas. Só sei que procurei agir de maneira diferente daquela que agiram comigo e orientar-te sem te roubar a inocência.
Quero que te sintas incluído na minha Vida e à vontade para desabafar comigo sobre o que te atormenta, o que te faz feliz, o que te motiva, tuas escolhas, tuas vitórias, teus desaires, tuas experiências, tuas sensações, desabafar sobre tudo aquilo que possa gerar como consequência o teu alívio e bem estar. O resto podes guardar no teu relicário pessoal para mais tarde recordar.
Acima de tudo quero que tenhas orgulho em ti e penses em mim como alguém que te inspirou a seres Feliz e Melhor Pessoa.
         


quinta-feira, 30 de maio de 2013

Estou de Saída


O dia mal tinha começado, o silêncio ainda reinava em todas as divisões da casa e prometia prolongamento, apenas Vivian permanecia acordada e em pé, vagando pela casa de campo “Monsul”, perdida na seara alentejana de Aljezur. Tudo era tão profundamente calmo e sem perspectivas de mudança, que num espírito inquieto como o de Vivian causava uma ligeira aflição e a sensação de estar perdida numa ilha, distante de todas as oportunidades e da agitação, que parece ser, a única razão que a convence a viver mais e melhor.

Precisava sair daquele marasmo o quanto antes e bater asas para bem longe e poder chilrear de contentamento e vivacidade. Não pertencia aquele lugar encostado ao vazio e envelhecido, sem grandes acontecimentos, condenado ao isolamento e praticamente esquecido.

Um bilhete bastava para comunicar sua fuga, isento de despedidas cheias de pesar e remorsos, por não corresponder às solicitações que a convocam a ficar e resistir em nome do Amor dos seus entes queridos. Por mais que tentasse explicar-se, não iriam compreender seus motivos e, por isso, o único recurso foi evitá-los e virar costas com a promessa de enviar notícias em breve e permanecer sempre em contacto.

Seus movimentos foram cautelosos e amortecidos por pés ágeis e descalços, para não acordar nem alarmar ninguém. Na bagagem levava o essencial, o resto ficava para um dia quando pudesse regressar matar saudades. Não sabia por quanto tempo iria estar ausente nem para onde iria formar uma Vida nova. Nada de certezas, nem garantias mas, muita vontade de arriscar na sua liberdade.

No bilhete constava a seguinte mensagem:

 

“Pai, Mãe, irmãos, estou de saída por algum tempo. Não sei por quanto tempo. Preciso me organizar e orientar minha Vida, até aqui estagnada e sem grandes emoções. Preciso buscar novas sensações. Não encarem como ingratidão da minha parte. Sei bem o que vocês representam para Mim e não esqueço o Amor que nos une e sempre unirá.

Prometo voltar e com novidades boas.

Levo-vos comigo naquela foto de família, tirada junto ao rio e que, tantas risadas provocou, não que seja, para me lembrar de vocês, serve apenas para poder rever-vos sempre que a saudade consumir meu coração.

Um beijo para todos. Amo-vos sem excepção.”

Vivian

 

Á saída verteu uma lágrima de despedida, que depressa enxugou com as costas da mão, livre do peso da bagagem. Estava decidida e o que quer que resultasse da sua decisão não poderia gerar lamentações da sua parte nem recuos. Iria experimentar um outro registo de liberdade e aprender a viver por sua conta e risco. A ter que errar, pensava Vivian, que seja através de escolhas só minhas e não por influência de terceiros.

Na estação de comboios, certamente iria cruzar-se com gente conhecida, não fosse ela viver numa terra demasiado pequena e com muitos lugares comuns, que obrigam a muitos encontros e a uma convivência forçada, para não gerar que os maus comentários se espalhem e o nome da sua família fique manchado por falta de educação ou cortesia. Sabia que ia ser tema de conversa e deixar sua família entregue às línguas afiadas de um povo, preso a uma felicidade remediada.

Tentou passar despercebida e mal o comboio parou no apeadeiro, apressou-se a entrar e num ápice, esgueirou-se para junto da janela, bem no fundo da carruagem, sem nunca largar seus óculos, propositadamente escuros e isentos de emoção.

O sono militante da preguiça e do embalo provocado pela trepidação da carruagem, fizeram-na render-se ao descanso. Não queria pensar mais nem avaliar melhor sua decisão. Daqui para frente queria desfrutar de uma nova corrente de acontecimentos e reter do passado apenas as boas recordações, que quase sempre reportam à sua família.

Acordei o mundo

Najla tinha muita dificuldade em dormir. No seu entender, a vida podia acabar se se deixasse adormecer. Uma convicção implantada, desde a m...