Colocam-nos no mundo, dão-nos uma Vida, apresentam-nos a realidade e lá vamos nós patinando até ,por fim, encontrarmos um equilíbrio que nos faz aproximar de certas pessoas, fixar-nos num determinado lugar, conquistarmos coisas, memórias, afectos, ligações e, tudo isso, vai ganhando raízes e assumindo um prolongamento de nós e que inevitavelmente hão-de condicionar a nossa felicidade. Eles são a nossa seiva, o que nos move e o que nos faz reencontrar com a realidade todos os dias com a mesma esperança. Sabemos que o pior permanece à espreita mas nunca esperamos ser alvo da sua expiação. Nós que somos gratos por quem temos e pelo que temos. Seria injusto demais sermos castigados de uma forma tão madrasta.
Uma Vida representa muito pouco tempo para alcançarmos a felicidade plena e, ironicamente, bastam alguns minutos ou até segundos para cairmos em desgraça e devastarem a nossa vida, até ali presumidamente feliz.
Porquê? Mas Porquê?
Nunca saberemos verdadeiramente porque fomos os escolhidos para carregar tamanha dor. Uma dor excruciante e que custa a passar. Ela ajuda a não esquecer e a manter viva a presença dos que partiram e que tanta saudade deixaram. Nada nem ninguém nos pode consolar.
Ficou tanto por dizer. Aliás ficou o principal por dizer. Podia ter dado mais de mim, ter sido mais atenta, mais presente, mais paciente, mais compreensiva, mais companheira(o), mais, muito mais. Pensamentos como este agudizam mais a dor.
Nunca saberemos por quanto tempo durará a nossa felicidade e que mudanças nas nossas vidas teremos que empreender para repormos um novo equilíbrio. Garantidamente, perdemos muito tempo com o risível, com a insignificância e quando damos conta já não há mais possibilidade de repô-lo e ocupá-lo de uma forma mais profícua, a distribuir e receber felicidade.
Estar vivo é uma dádiva que não pode, ou melhor, não deve ser desperdiçada inutilmente. Cuidemos melhor dos nossos dias, das pessoas que amamos, de nós, do nosso espírito, da nossa vida.
Estar vivo é uma dádiva que não pode, ou melhor, não deve ser desperdiçada inutilmente. Cuidemos melhor dos nossos dias, das pessoas que amamos, de nós, do nosso espírito, da nossa vida.