sábado, 15 de novembro de 2014

Descontentamento Descontente

Tenho tudo e não tenho nada. Sei de tudo e não sei de nada. Ter tudo e saber tudo ou nada saber e nada ter? Qual destas combinações traz felicidade? Será que a Felicidade é a ausência do saber e do ter ou a totalidade da posse e do Saber?
Ter tudo e saber tudo, não passa de uma crença nossa, que não retrata a realidade. No entanto, não vivemos na completa ignorância nem com ausência de tudo. O que nós sabemos e temos é que pode significar tudo para nós. O nada ter e nada saber não combina connosco. Poderemos ter essa sensação, talvez por ser tão fundamental ter e saber e, por esse especial motivo, cresce em nós o descontentamento de ainda nos parecer insuficiente e esse pouco, parecer nada.
Certamente serão mais leves as ausências sem carências do que os excessos com o total conhecimento de tudo.
Felizes os pobres ignorantes ou felizes os ricos sabichões?
Ter e Saber são dois poderes demasiado pesados e comandar as influências que ambos geram, determina a qualidade do nosso caráter. Os que julgam nada ter e nada saber, não se comprometem nem se deixam corromper por esse duplo poder. Quem comanda, assume o que tem e assume o que sabe e conquista a posição que quiser. Porém o preço a pagar é maior e sem margem de negociação.
Os que dizem viver na ignorância preferem questionar e certezas, são cometas distantes que só provocam interesse sem obsessão. São movidos pela curiosidade e o que têm, jamais chegam a possuir. Enriquecem partilhando.
Afinal não somos donos de nada nem do nosso cão, que a qualquer momento também pode abalar e nos abandonar. Não temos domínio sobre nada nem ninguém e se o temos, é mera ilusão. O que nos é dado também pode vir a ser-nos retirado.
Bem se diz, nunca queiras possuir o que tanto gostas pois corres o risco de vir a depreciá-lo.
Uns colocam barreiras no saber, outros colocam barreiras no ter. Eis a diferença. Liberdade para aprender e contenção na posse do que corrompe. Onde escolhemos colocar essas barreiras, assume importância no sentido que queremos atribuír à nossa Vida. Nem sempre fazemos escolhas que traduzem maior felicidade. Nem sempre essas escolhas traduzem o que queremos. Nem sempre o que queremos é condutor de maior felicidade. Nem todas as escolhas recaem apenas sobre nós.
Muitos de nós só saberão o que é ser feliz quando provarem a infelicidade.
Agarrarmo-nos sempre ao momento seguinte, à ilusão do que pode vir a ser melhor, num descontentamento descontente de quem não sabe o que quer.







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