Eu
assumo, em tom de penitência, que sou bruta com a minha máquina de
café. Até tenho vergonha de confessá-lo, mas quem diz a verdade, não merece
castigo.
Será
que alguém se identifica comigo, neste acesso de loucura repentino e
repetitivo?
Sinto
que, ela pressente o meu vício e urgência imediata em tomar um shot quente de
café e tenta boicotar a minha vontade. Assim que, coloco a cápsula no encaixe
próprio e tento fechar a tampa, um universo todo conspira contra mim. A tampa
recusa-se a fechar e a gaveta, depósito das cápsulas, não abre, um riacho de água
com sujidade, se acumula junto à máquina diabólica, enquanto, suo e ressaco, numa
cadência descompassada desesperante, que me impede de desistir.
Esta
batalha dura 5 a 10 minutos mas, para mim, parece uma eternidade, contudo, compensa
todos os esforços suados e desesperados para, no fim, beber a minha bebida
estimulante preferida.
Beber
café representa um mimo que eu ofereço a mim própria, uma pausa reconfortante
que me desvia das maçadas do dia a dia. São demasiadas pausas, demasiados cafés
e um prazer antigo, do qual não abdico.
Como todo o viciado, rejeito essa condição que me querem colar de dependente. Se quiser, abandono de imediato este meu prazer, só preciso de encontrar um melhor substituto para o café.
De vez em quando e isto agora vai soar paradoxal, reduzo as pausas, na tentativa de estabilizar a taquicardia e só regresso, quando a frequência cardíaca volta à normalidade. As minhas pausas curtas incluem café, a droga quente e aromática mais bebida do mundo e com uma legião de adictos.
A oferta de um café é um ato de excelsa generosidade, que me leva às lágrimas e quem o faz merece constar das minhas boas orações. Para além disso, a oferta de café é um excelente desbloqueador de conversa e a oportunidade de abrir clareiras, de outro modo, intransponíveis.
Se me dão licença, está na hora da minha pausa para café, com vista para o Santuário da Nossa Senhora do Alívio e mais além.
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