quinta-feira, 27 de março de 2025

Prolongamentos de uma vida comum

Ontem fui a uma sessão, organizada pelas psicólogas, residentes na escola, frequentada pelo meu filho e, em representação, de todo o agrupamento, abordaram o tema: A Saúde Emocional de crianças e jovens.

Para o efeito, convidaram uma enfermeira da unidade de cuidados na comunidade.

A sua exposição sobre de que forma os pais devem contribuir para a saúde emocional dos seus filhos, foi baseada em dados científicos obsoletos e que não refletem a realidade atual. Certamente, fizeram sentido num determinado intervalo temporal, provavelmente, aquele que compreendeu o ano do meu nascimento.

As crianças e os jovens, de hoje, têm acesso a informação diversa, em doses industriais, massivas, vivem numa bolha, carregada de comodismos, cada vez mais, impacientes, agitados, ansiosos e desconectados da realidade.

Eles selecionam o que querem ver e os manipuladores de tendências, percebendo isso, oferecem conteúdo direcionado e nada educativo.

A exigência mental que este tipo de conteúdo oferece é nenhuma, gera habituação e desinteresse por tudo aquilo que implique foco, esforço, trabalho e dedicação.

É composto por passagens de recepção rápida e imediata, entendimento automático, com efeitos nocivos no desenvolvimento psicossocial, sociocultural, intelectual, educacional e mobilidade motora.   

Quando a Senhora Enfermeira convidada, tenta explicar a uma mãe ou pai, consciente, atento, informado, interessado, que é preciso acompanhar, vigiar, sem invadir, orientar, disciplinar, sem autoritarismos, nem permissividades, cuidar e amar, a minha reação é de desconcerto total.

Essa receita, já nós conhecemos e colocamos em prática, diariamente. Porém, não chega.

É preciso muito mais!

Mais intencionalidade, mais interações, mais dinâmicas, outros entendimentos, outras percepções, promover diálogos construtivos, convocá-los a pensar, trabalhar a sua autonomia, desviá-los para aquilo que eles acham não gostar, mas que desconhecem profundamente, inseri-los e integrá-los, através da escuta ativa, livre de julgamentos, entendendo-os, conquistar sua confiança e convidá-los a olhar, ouvir e pensar demoradamente, retirá-los da facilidade, resgatá-los e desviá-los de ambientes comuns e repetitivos, sem benefícios emocionais e mentais permanentes.

Não basta seguir o padrão habitual, ditado por especialistas, ocupados com outras especialidades e, longe, de perceber os “dramas” reais da parentalidade, nos dias de hoje.

Sou totalmente a favor destas iniciativas de âmbito escolar, que convocam a participação dos pais e a sua responsabilização no bem-estar dos seus filhos e sempre que me chamarem, lá estarei.

No entanto, sinto que, estas iniciativas respeitam formalismos, vinculados pelo ministério da educação e estão formatadas, no sentido de alertar, de forma ligeira e pouco explanada, pais e educadores, a intervir na educação dos seus filhos, sem antes, os compreenderem e perceber, os contextos atuais em que eles estão inseridos.  

Sem comentários:

Enviar um comentário

Acordei o mundo

Najla tinha muita dificuldade em dormir. No seu entender, a vida podia acabar se se deixasse adormecer. Uma convicção implantada, desde a m...