quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Renascer

Provavelmente, neste momento, milhares de pessoas estão sentadas no canto do sofá, que mais lhes apraz, com vista privilegiada para o ecran plasma da Tv, munidos do comando que ditará a sua vontade de entretenimento do momento, alheados de tudo e de todos. Esta será a única fonte de motivação da maioria delas, que amanhã voltarão a resignar-se à estagnação das suas Vidas, movidas por rotinas que se repetem a todo o momento. Lastimam o dia seguinte, porque encaram-no como um dia dedicado a obrigações com poucos intervalos para fazer o que gostam. E do que é que elas gostam? Nem elas sabem, porque até as suas pausas estão presas por rotinas que não despertam as suas capacidades de seres pensantes e com alma. Desperdiçam aquilo com que foram abençoados.
Não querem mais, apenas querem mais do mesmo e isso basta-lhes para viver uma pseudo felicidade.
Confiam naquilo que lhes foi dado e estão convencidos que o sabem manusear bem, não carecendo de mais e melhor. Não vislumbram sentido nem valor em coisa nenhuma. Penduraram as chuteiras antes mesmo de entrarem em campo.
Encostaram-se às boxes diante de uma boxe, que julgam devolver-lhes uma nova Vida. Querem tudo e não querem nada. 
Não vêem propósito em nada novo e diferente, a não ser o incómodo de implicarem uma ameaça ao alinhamento das suas Vidas tão bem programadas. 
Na verdade, o mal de todos nós consiste em gastarmos tanto tempo a esgotar as nossas energias com as mesmas tarefas, que geram as mesmas expectativas, que geram o mesmo grau de exigência, que geram os mesmos resultados e não geram surpresa nenhuma nem dificuldade. Essa falta de surpresa nas nossas Vidas causa aborrecimento e falta de entusiasmo.
Por onde começar? São tantas as direcções que nos podem fazer mudar de rumo e procurar outras formas de felicidade que não redundem numa só. Para isso temos que apurar a nossa sensibilidade e o nosso auto-conhecimento e assim descobrir o que ainda há a fazer por nós. Desistir nunca.
Enquanto os holofotes estiverem ligados e o pano hasteado, não podemos parar de ocupar e representar no palco da Vida, aproveitando todas as suas potencialidades. 
Contrariar contrariar contrariar e contrariar é um óptimo desbloqueador de situações demasiado confortáveis. O que quer que nos impeça de desacomodar deve ser contrariado e contribuir para derrubar as barreiras mentais que limitam o nosso crescimento.
Ganhar interesse e paixão por outras fontes de aprendizagem faz-nos sentir vivos e despertos. Afastam-nos da apatia de que muitos abusam e parecem nem se importar com isso. 
  
  

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Novo Herói

Os Heróis de banda desenhada no masculino, com seus fatos de lycra justos, cheios de brilho, que representam a sua própria pele e que os carrega de tanto poder fantástico, causa-me alguma curiosidade. Bem sei que, estas criaturas maravilha não são humanas mas inspiraram-se em nós e, portanto, deveriam considerar a faceta do Homem terreno, que preza a sua masculinidade. Não estou a ver o nosso Zé povinho, vestido com um tecido elástico reluzente verde alface, a fazer o manguito e manter o seu ar machão com um traje tão festivaleiro. Seria o fim da picada. Porque é que aceitamos um look tão drag queen nos nossos heróis da BD e não duvidamos da sua força e grandeza de criaturas viris? Será porque não os encaramos como realidade mas sim uma fantasia que nos entretém e nos afasta das nossas amarras morais?
Imagina agora se uma amiga tua te confessasse que marcou um blind date e o seu encontro resultou desastroso, porque seu parceiro decidiu vestir-se com uns leggings pretos justos, um blazer vermelho debruado a dourado, a tapar o peito nú e sem pilosidades, na orelha uma argola em ouro, cabelo húmido a cobrir o pescoço, arrumado por uma bandelete dourada, sobrancelhas arranjadas e pele macia? Nem no perfume ela conseguiu superá-lo. Aliás ela nem conseguiu sobressair. Quem sobressaiu foi ele em tudo aquilo que habitualmente é apreciado numa mulher. Ele pontuou com nota máxima na postura, beleza, elegância, feminilidade, bom gosto e até na falta de pontualidade. Aquele encontro destruiu a sua auto-estima feminina. Até ele chegar ela era o centro das atenções. Mal ele apareceu, cabeças rodaram, silêncios se impuseram, a curiosidade aumentou e o interesse subiu. Ela ficou na sombra aguardando o fim do seu momento de fama. Nem sei como ninguém se lembrou de lhe solicitar um autógrafo.
Se ele fosse um herói de banda desenhada, aquele traje até que seria perfeito e adequado. Quanto mais exagerado melhor. A sua qualidade de carne e osso ajuda a quebrar o feitiço e desdenhar do seu look new age.
Talvez seja altura de mudar o nosso paradigma e encarar o homem moderno e actual como alguém sensível, charmoso, que gosta de se cuidar, que gosta de exibir seu bom gosto, que partilha de alguns gostos femininos, que se comove facilmente, que é bom gestor caseiro, que é bom confidente, que é bom cuidador, que é prestável nas tarefas domésticas, asseado, delicado, saudável e um mestre em compreensão feminina.   

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Nave Enterprise



E se de repente te informassem que teus dias na terra estão contados e partirias para outra galáxia, livre de impostos, com acesso gratuito a educação e saúde, com um mercado imobiliário protegido pela banca, que empresta com garantias de não abusar muito depois, sem crime, soalheira, com reformas antecipadas livres de penalizações, sem desemprego, sem mendicidade, sem vicíos, com uma política salarial vantajosa e muitos motivos para sorrisos. Parece tentador? De facto, com um panaroma destes, o que mais apetece é apressar a despedida. Mas e se essa despedida implicar abandonar as pessoas que amamos e que se aferroaram à nossa Vida e nós deixamos? Aí tudo muda, não é verdade? Nem aquilo que parecia tão tentador assume o mesmo encanto. 
Só de pensar, minha ansiedade dispara e a vontade de devorar uma pasta de chocolate obececa-me. Aquele barulho enrugado da prata a rasgar-se, ecoa na minha mente e não me deixa aclarar as ideias. Sei que se ceder a este capricho perderei o controle e não me ficarei por uma única dentada. Ou Tudo ou Nada. Nas minhas mãos vira nada. O arrependimento vem depois.
Afinal onde é que eu ia mesmo?
Ah sim, já me lembro. Existe a possibilidade, ainda mal esclarecida, de termos que partir sozinhos e deixar para trás nossas ligações afectivas.  Uma vez tomada essa opção talvez não possamos recuar. Só alguns foram convocados a transitar para esta nova e facilitada realidade, que nos afasta de todos os problemas que infeccionam a nossa sociedade. O meu presumido estado  de privilegiada, condiciona ainda mais a minha decisão de voltar as costas a quem já me estendeu a mão tantas vezes. Que palavras lhes dedicaria antes de me despedir, para lhes prestar a minha homenagem e impedi-los de duvidar do meu Amor por eles? Acho que por mais eficaz que seja a exposição das minhas razões, os imunizaria da dor de ser rejeitados por um futuro de sonho. A liberdade de decisão ajuda a estabelecer compromissos de responsabilidade. Se decidir prolongar minha circunavegação na terra, continuarei a gozar da companhia dos meus suportes emocionais e continuarei a enfrentar as dificuldades, próprias da Vida em directo. Se optar pelo comodismo de uma Vida, programada para me poupar chatices, então estarei comprometida com o egoísmo e a inércia. Uma e outra, estão para as nossa Vidas como o Míldio e o Oído estão para as videiras. Ambas, pragas de destruição.
Com tanta divagação, até já acabei com a tablet de veneno gustativo, que nem sequer careceu de apresentações.
O peso é desigual. O mundo dos afectos vale bem mais que a garantia de um futuro sem complicações. Se partisse para outra galáxia teria que ser numa enterprise familiar, com todos os spock's que preenchem o meu perímetro de proximidade emocional. Viagens sozinha, só aquelas até ao wc. Curtas e de grande alívio.


domingo, 11 de setembro de 2011

Mãe por Acaso

Vivian entrou no bar Clash, para cumprir mais um turno, a aturar bêbados, chatos, agressivos, deprimidos, exibidos, engatatões, mulherengos e um sem número de intoxicados, fãs daquele lugar decadente e com bebidas a saldo. Aos Sábados à noite não havia folgas para ninguém. Casa cheia e garantia de dinheiro em caixa, não davam margem para prescindir do pessoal de apoio aos bares.
Decote pronunciado, lycra colada ao corpo, sapato de salto alto, cabelo solto, bronzeado artificial, muito sexappeal e desembaraço para atender todos os pedidos que não param de chegar, é assim que Vivian assegura a crescente adesão ao seu balcão de atendimento.
Porém, nessa noite, Vivian estava desconcentrada, distante e não conseguia destacar-se pelo seu alto desempenho. Não atinava com os pedidos, derrubava os copos, tropeçava em tudo, remoía baixinho seu nervosismo, atrapalhava seus colegas com sua desconcentração. Nada parecia funcionar. Anos de experiência a aturar os caprichos dos clientes, não a impediram de prestar um mau desempenho naquela noite de festa. O motivo não era forte mas era bastante íntimo e pessoal. Suspeitava estar grávida e debatia-se com essa incerteza. Só poderia confirmá-lo na segunda feira, até lá tentava sobreviver à agonia. Depois disso teria que reavivar a sua memória sexual e atribuir um autor para aquele deslize, que lhe iria complicar o esquema de Vida.
Barwoman e grávida não combinavam. O momento não era o ideal. Sem parceiro fixo, família emigrada, instabilidade financeira, dependente da sua beleza para se manter, instável emocionalmente, tudo conjugado fazia campanha negativa contra a sua gravidez. Assustada com a evidência dos sintomas, não consegue sossegar e alhear-se dessa possibilidade.
Afunda-se nos seus pensamentos, descuida os seus compromissos e quase compromete a animação alcoólica dos  seus dependentes.
Vivian tenta apressar aquela noite, desperdiçando todos os convites dos seus admiradores, que todos os sábados imploram a sua atenção, sem aliviar. Só queria descansar e adormecer sobre o assunto, que só deveria preocupá-la no dia seguinte.
No domingo de folga, escapou-se para o centro comercial com duas amigas, adeptas do consumo desenfreado de futilidades. Nos corredores de acesso às lojas, que percorreram com diversas paragens pelo meio, era raro não esbarrar com um carrinho de bébé e conviver com uma linguagem própria, que denunciasse grande comprometimento com a nova condição familiar daqueles pais. Um cenário do qual ela se queria libertar mas, não estava a ser fácil desviar-se da epidemia familiar, endémica aos domingos com chuva.
Sem se enternecer, despede-se daquele ambiente e refugia-se na sala de cinema, tentando melhorar o seu humor com a comédia em cartaz. Azar dos azares, a comédia aligeirou o tema filhos, educação das crianças, casais, família. Como se não bastasse o anúncio que interrompeu o filme para intervalo fazia propaganda a fraldas infantis. Um pesadelo para Vivian que se vê pressionada a lidar com esta realidade que começa a acusar demasiada proximidade. Algo que ela ainda não determinou encarar como a sua própria realidade. As circunstâncias que precipitaram a sua presumida gravidez não estão envoltas em romantismo mas, numa inconsciente urgência de satisfazer uma necessidade física. Nunca houve um prolongamento dos seus encontros, que suscitasse a estimulação do seu instinto maternal. Não teve irmãos mais novos, nem sobrinhos para cuidar e, como consequência disso, não teve oportunidade de treinar sua habilidade para criar afectos com crianças. Tinha medo de desiludir e fracassar como mãe. Sem orientação, busca a confirmação das suas suspeições. Os exames despacharam a sua decisão. Ia ter um filho. De quem? Quem quer que fosse não iria querer assumi-lo. Afinal, nem no dia seguinte lhe ligou a marcar novo encontro, demonstrando total desinteresse. Foi tudo tão rápido, no intervalo do seu expediente, comprimidos no apertado espaço da cabine do wc, sustendo gemidos, para no final do acto, sem chamar a atenção, abandonarem o local separadamente. Ele regressou à multidão que ocupava a pista de dança e ela voltou a ocupar o seu lugar de bartender. Romântico? Nem por isso.
Vivian sobreviveu ao trauma da notícia e enfrentou a decisão de ser mãe a tempo inteiro, com grande dedicação e muito amor. Abandonou o Clash e todos os Clash's com quem partilhou a cabine do wc, palco de muitos momentos fugazes e ardentes de prazer. Comprometeu-se totalmente no seu papel de mãe e nunca deixou ninguém sem resposta nem mesmo os mais preconceituosos e moralistas. Felizmente, a cria saiu à mãe. Do pai nem sinal. Pelo menos para já. No entanto, quando a criança crescer e formar a sua personalidade poderão surgir alguns estilhaços do passado, com os quais Vivian terá que conviver. Esperemos que Vivian tenha uma resposta adequada a todas as curiosidades do seu filho.     

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Happy Endings

Esta ideia importada das telenovelas brasileiras "E todos viveram Felizes para sempre", enche-nos de esperanças vãs. Pior que isso, faz-nos acreditar que nossos desejos de felicidade devem ser os primeiros a ser satisfeitos em detrimento dos de todos os outros, que deverão aguardar na longa fila de espera. Nem sequer, invocamos terceiros para connosco partilharem da tão cobiçada e efémera felicidade, julgando-nos o único ser merecedor dessa dádiva. Acontece que, no trailer da Vida real há um leque diversificado de boas pessoas que tal como nós merecem ser Felizes. Só seremos felizes se elas também o forem, porque é com algumas delas que esbarramos no nosso dia a dia, em diferentes ocasiões. As suas manifestações de felicidade irão contagiar-nos, as quais, por sua vez, irão ser devolvidas por nós a outros, que se cruzarão no nosso caminho e, por conseguinte, irão repercuti-lo a outros mais e assim, sucessivamente. Isto claro, se não estivermos demasiado obcecados connosco e com o nosso bem estar.
Dar e receber assumem a mesma importância e é dessa troca de bondades que formamos a felicidade.
Jamais seremos felizes se não desejarmos o bem do outro. Não implica que gostemos de todos ou a todos amemos da mesma forma. Seria inútil contrariar nossos critérios de gosto. É bom que os tenhamos e não nos deixemos encantar com tudo o que aparece e, com isso, fragilizar nosso carácter.
Ao desejarmos mal aqueles de quem não gostamos, estamos a desperdiçar energias em algo que não comunga com a nossa felicidade. Só nós detemos o poder para mudar o que há em nós e criar a nossa própria concepção de Felicidade.
Ao contrário do que muitos pensam, não há um só conceito de Felicidade. Há sim uma base, onde todas as vertentes da felicidade vão beber, mas cada uma dela age independentemente.
Nas mentes mais herméticas, só há uma única forma de viver feliz. Para elas, viver feliz deve obedecer a uma ordem de vontades alheias, que nos tornam semelhantes no modo e estilo de Vida. O conceito de Felicidade aqui subjacente implica cumprir uma série de obrigações de inserção social. Têm pânico de cair na boca do povo e destoar do rebanho. Não importa, o que gostam ou não gostam. O que importa é manter as aparências e desviar atenções.
Ignoram, por completo, que a Felicidade constrói-se de dentro para fora e não de fora para dentro. Auscultar no nosso interior o que nos faz verdadeiramente felizes, sem atender aos caprichos de uma sociedade estilizada é condição essencial para progredirmos e nos distanciarmos de uma felicidade programada. Quem melhor do que nós para saber o que nos torna felizes?
Haverão sempre vozes da reacção a querer impugnar a nossa Felicidade com suas férreas crenças pessoais.
Mesmo que essas vozes nos sejam familiares pela proximidade que nos une, nem tudo o que elas transmitem é digno de ser assimilado. Muitos dos seus discursos devem ser filtrados pelo spam e recambiados para a lixeira.
Voltemos aos finais felizes das telenovelas. Convenhamos, a bobine está um pouco gasta. Que tal desconstruirmos a instituição matrimonial tão tradicional e sem grande eficácia na felicidade dos seus aderentes?
Graças à Evolução do Direito, não temos que carregar o mesmo erro a Vida inteira. O divórcio veio determinar a ruptura legal entre um casal que não quer mais estar junto e procura libertar-se para encontrar a sua felicidade noutro lugar e de um outro modo, que resulte em algo melhor.
Viver em união de facto ganhou expressão e grande adesão por parte dos jovens, que só querem assumir aquilo que existe no momento, sem garantir o que o futuro lhes possa reservar em termos de longevidade da sua união.
Há quem prefira ser livre para amar e transitar de parceiro em parceiro, acumulando novas e diferentes experiências.
Há quem não queira ter filhos e se sinta feliz ao lado do seu companheiro(a) e suas ninhadas de gatos.
Há quem parta para a produção independente e antecipe algo com que sempre sonhou.
Há quem adore famílias grandes e não se canse de gerar descendentes.
Há ainda os pais de coração que adoptam os filhos dos outros e os tornam seus, sem poupar em afectos e amor.
Há os tementes a Deus, que na sua devoção vão saciar sua carência de Amor.
Há também os casais Homosexuais que querem ser livres para Amar sem exclusão.
Transgénicos, travestis, gays, bisexuais, heterosexuais, acomodados, assumidos, não assumidos, viúvos, solitários, prostitutas, promíscuos, puritanos, góticos, satânicos, judeus, ateus, vegan, vegetarianos, budistas, viciados, são alguns exemplos dos frutos libertados pela crescente democratização da felicidade. Todos eles sem excepção querem ser felizes tal como tu e eu.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Também Te Amo

Três Mulheres reúnem-se à mesa. Almoçam descontraídamente e soltam seu veneno, que dispara em todos os sentidos, sem poupar nada nem ninguém. Falam sem pudor e sem arrependimento. Destilam maledicência sobre seus companheiros, suas colegas de trabalho, suas cunhadas, suas irmãs, seus cunhados, suas sogras, suas amigas e adoram  dissecar suas Vidas perante estranhos. Se pudessem, aproveitariam a tarde para hostilizar todos aqueles que com elas convivem directa ou indirectamente. Adoram construir cenários, sem bases sustentáveis que solidifiquem uma opinião construtiva, só para ter do que falar, ou melhor, do que comentar.
Nem sei se estas mulheres amam verdadeiramente alguém ou fingem amar. Impiedosas, condenam todas as atitudes das suas congéneres, repetidamente e num tom que denota muito conhecimento na matéria. De vez em quando, aliviam a tensão com a inclusão do tema filhos na conversa, mas depressa escorregam na vitimização. Carregam o peso de mil e uma tarefas, que se gabam de acumular sem ajudas e insistem, em esfregá-lo na cara dos seus companheiros, que continuam sem saber as razões do seu destempero. Se eles oferecem ajuda, rejeitam e depois condenam a sua passividade. Se fossem mais sinceras, assertivas e incisivas nas suas vontades, não haveria tantas batalhas caseiras. A volubilidade das Mulheres desespera os Homens, que nunca sabem qual sentido elas vão tomar. Essa volubilidade até seria apreciada na intimidade, com a personificação de várias facetas da mulher poderosa.
Eles não vão reconhecer seu esforço, se essas ocupações que as Mulheres decidem assumir, as desviarem do mais importante na relação. Tempo para Amar sem tabus.
Até as sessões de sexo são agendadas e cronometradas, não vão estas estenderem-se e roubar-lhes as horas de sono recomendadas, que as farão sobreviver a toda a agitação do dia seguinte. Prescindem dos preliminares e orientam os seus parceiros na dominação do seu ponto G. Propulsor do máximo prazer.
Muitas vezes, chegam a questionar o seu papel de companheiros para a Vida e a considerá-lo inútil e dispensável. Afinal elas dominam todas as matérias menos uma e, justamente, aquela que eles tanto apreciam numa mulher. Os seus companheiros querem sentir que elas ainda precisam deles e do seu Amor. Em vez disso, estas Mulheres mostram-se insatisfeitas e arrependidas. Implacáveis a repreender todas as atitudes dos seus Homens.
Já deveriam saber que as Mulheres são mestres a acumular tarefas e executar todas elas ao mesmo tempo, enquanto os Homens, não misturam tarefas e dedicam-se a elas exclusivamente e só transitam de uma para a outra, após terminada a tarefa anterior com sucesso. A sua abrangência é circunscrita ao que é mais prioritário, enquanto para nós Mulheres tudo é prioritário e urgente. Se desacelerarmos um pouco, talvez eles nos consigam acompanhar melhor e ser-nos úteis. Acho que alguns já se habituaram a que nós façamos tudo sem a sua colaboração. E de quem é a culpa? Obviamente, a culpa é das Mulheres que querem triunfar em tudo e custam em delegar, temendo não resultar na sua idealização de perfeição.
Amuam constantemente e quando interrogadas sobre a razão desse amuo atiram com um ambíguo NADA que os deixa cada vez mais confusos e sem palavras.
Sempre tão exigentes com o comportamento masculino e, curiosamente, tão facéis de agradar. Sair para jantar satisfaz seus desejos de exibir seu look novo e arrasar, além de acabar com qualquer amuo. É cartada ganha. Não falha.
Tudo para as ver felizes e vulneráveis. É esse o pensamento masculino. 
O Pensamento delas é Ser a Única que o faz feliz.
Complicado????????????????????? Muitoooooooooooooooooooooooooooooooooo :D 

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Sniper


Um quarto vazio, apenas um telefone ligado à ficha, acompanhado por uma lista telefónica, uma janela de postigo gradeada, um cheiro fétido a humidade entranhada, um relógio de parede a marcar o peso do silêncio, um homem curvado, esconde a cara entre os joelhos e luta com pensamentos ruins. Tudo à volta é triste e desolador. Parece que a esperança morreu ali.
O telefone toca e quebra o silêncio profundo, despertando a mudez do homem, que sem esforço, num único movimento, alcança o auscultador e num tom de voz impessoal, responde ao seu interlocutor, que lhe confia uma ordem de comando. Obediente e decidido, abandona o buraco húmido e sebento, para cumprir mais uma missão que o graduará na especialidade do Mal, que contamina o Mundo.
Convenceram-no de que era má pessoa, só porque tropeçara nalguns erros de percurso e, por isso, fora programado a cometer atrocidades, para gáudio dos seus educadores. Alfabetizaram-no para o mal, deram-lhe um rumo, traçaram-lhe um destino, atribuíram-lhe uma Vida, integraram-no e ele só tem que ser grato e obedecer sem questionar. Ensinaram-no a crescer na escuridão e a defender-se às cegas. O medo, com o qual conviveu so many times in so many ways, preparou-o para agir com frieza e muito método, aperfeiçoando a sua técnica de assassino profissional. A sua experiência leva-o a inspirar-se no medo e atingir os seus objectivos com muita determinação, sem se desviar do seu compromisso para com os seus orientadores. Nas suas missões, não há lugar a empolgações, nem excessos de vedetismo, que comprometam a perfeição do acto em si e venham a abrir fendas, por onde se esgueiram as vontades próprias, de quem não se soube controlar e arriscando catastrofizar o momento.
Não há desvios, não há hesitações, não há recuos, não há remorso, não há adiamentos, não há precipitações, não há desperdícios, não há erro.
Este homem verga-se à perfeição e trabalha-a compulsivamente. Dentro da sua desconstrução mental, a busca da perfeição é o único traço de normalidade que nele podemos vislumbrar. Tudo o resto são distúrbios.
Age isoladamente. A companhia só o faz distrair-se das suas prioridades. A sua maior defesa é não manifestar-se em absoluto sobre coisa alguma e assim passar despercebido. A sua capacidade de parecer invisível arrecadou-lhe bons serviços e a confiança da sua clientela fiél.
Apesar de ainda não ter perdido a habilidade e perícia de sniper, teme ser vítima da perda de defesas, consequência do avanço da idade. Não se encara num lar para idosos, a limpar a sua carabina, que tantas baixas provocou. Nem se encara a socializar com os velhinhos incontinentes de pantufas e roupão.
Se calhar quando essa fase chegar, regressa ao buraco húmido e ordena ele próprio a sua morte.  

sábado, 20 de agosto de 2011

Viva o Verão



Meio dia, um sol abrasador, guarda-sóis hasteados, filtram os raios intensos, esplanadas sem fim, vaivém de bandejas pesadas, cobertas de bebidas frescas, leques nervosos tentam combater a agonia de mulheres maduras e acaloradas, repuchos de àgua fresca salpicam os incautos, que se deixam refrescar com agrado, belezas desfilando semi-nuas, despertam interesse, euforia na fila dos gelados de muitos sabores, muita sedução e noites longas. É assim o Verão de curta duração mas sempre inesquecível, que o diga David e sua trupe de amigos festivaleiros. Brutal é a palavra de ordem, que eles adoram abusar em todos os Verões que passam juntos. Clima brutal, música brutal, ambiente brutal, férias brutais, animação brutal, noites brutais. Tudo bons motivos para gozar de pura diversão. Aliás, parecia tudo estar garantido para mais um Verão, alto em boas sensações. Na verdade, as premissas estavam lá todas. Só não estava David. O maestro da boa disposição.
Estranhamente, David desapareceu sem deixar rasto. Nem um bilhete de despedida. Absolutamente nada, que pudesse conter uma pista do seu paradeiro. Quem com ele conviveu diz ser um sonhador cheio de vontades e com um lado optimista tão apurado, que não conhece barreiras.
Agora, desconfiam se não seria uma máscara para esconder o seu Eu verdadeiro. Muito se especulou à volta do seu desaparecimento.
O seu lado aventureiro podia tê-lo impelido a programar uma viagem pelo Mundo com várias paragens, cenários a perder de vista, múltiplas experiências, amigos de ocasião que deixam saudades, algumas tentações, lições de vida, outros costumes e outras fomas de vida.
Será que David empreendeu uma ida sem regresso mas agora que quer regressar, esgotaram-se suas economias? Algo que também chegou a ser ponderado. No entanto, seria demasiado improvável dada a esperteza de David, astuto a libertar-se de enrascadas bem mais complicadas. Nenhum sinal seu. Todas as possibilidades foram exploradas sem sucesso.
Sua família recusava conformar-se com o seu sumiço. Sua implicância era evidente quando David expulsava a sua espontaneidade. A quem ele saíria tão louco? Interrogavam-se. Pois bem, a sua loucura é saudável e tem um nome. Chama-se Juventude. Custaram a entender a intensidade dessa passagem obrigatória e agora, querem-no de volta no seu registo próprio.
A chegada do período estival empolou a sua memória. Sua convivência ganhava maior expressão no Verão. Esta será a primeira vez que seus amigos ficarão impedidos da sua presença. Em todo o caso não podiam acabar com a magia da melhor estação do ano e desonrá-lo. Afinal ele era a grande figura do Verão.
Reunidos numa esfera de good vibe, relembravam os melhores momentos de David no Verão passado e sem se aperceberem, alguém se aproximou e desfez o cenário, resgatando-lhes total atenção. Era o nadador salvador, alertando-os para a mensagem que rasgava os céus da praia de Melides e que talvez, os pudesse interessar. Dizia: Viva o Verão. David Likes 


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Piano Mágico


Soaram as vinte horas no relógio vertical que marca o estilo clássico da sala de jantar, com seu frondoso lustre de cristal, mobília de estilo, carpete em relevo, trabalhada manualmente com fios de seda, o luzidio piano de cauda Shumann e sua banqueta em veludo encarnado, candelabros em prata, que saltitam de móvel em móvel, emprestando-lhes a sua graciosidade altiva. Aos poucos os presentes foram chegando e instalando-se em seus lugares habituais, cumprindo mais um ritual familiar, que instiga uma convivência programada e nem sempre desejada. Naquele instante, todos saem das suas tocas, interrompem seus caprichos pessoais e, ordeiramente, descem para jantar. Com ou sem fome, garantem sua presença, cabendo a eles decidir se vale a pena quebrar o silêncio com suas participações activas na animação daquele momento, que se repete todos os dias, sem excepções. Mil calorias depois, dispersam-se e voltam a fugir para a segurança das suas tocas. Alguém se ocupará do resto. A sala volta a ficar vazia e impecavelmente arrumada para o próximo encontro.
O gato persa invade com cautela a living room, temendo ser engolido pelos antepassados, congelados nos retratos que forram as paredes, bem isoladas da passagem da modernidade.
Ouve-se apenas o tilintar cerimonial das grinaldas de cristal que iluminam todas as raridades daquele espaço de convívio.
A juventude ocupou o andar de cima, transformando-o numa resistência à permanência da antiguidade.
Gustavo, prevenindo invasões, colou na porta do seu santuário um Not Disturb com neóns luminosos, oferta de Miss Dangerous, sempre atenta à sua frequência assídua na Strip House. Além de ter sido agraciado com um presente de extrema utilidade, para um jovem cheio de secretismos, como ele, também recebeu especial destaque no mural da Strip House, com um nome mui a preceito. Pure Touch. Se bem que, o que Gustavo procura, para além de um touch particular que comunique com vários estímulos, é a sensação de ser um Homem completo.
No quarto, ao lado do seu, habita a ingenuidade de Belinha, que farta-se de sonhar com o princípe encantado e seus rasgados elogios à sua jovem beleza. O Tal que a faça sentir uma princesa, dona do seu coração. Infelizmente, até aqui só tem encontrado sapos, sem tacto para a sua delicada veia romântica.
No outro aposento vive Joel e suas obssessões ambientais. É nesse espaço que aproveita para dirigir a sua campanha de sensibilização ecológica. Não há um único objecto no seu ecossistema, que não seja reciclado. Até as descargas sanitárias lá de casa são controladas por si, bem como, o consumo do papel higiénico. Todos foram intimados a reciclar. Até mesmo o gato fósforo, não escapa a essa intimação.
Os banhos são vigiados e todos os gestos que comprometam o ambiente.
Sua namorada não aguentou a pressão e abandonou-o com justa causa. Toda a Mulher sucumbe a alguns luxos. Para Joel, luxo é sinónimo de desperdício e desgoverno.
Cátia alcançou o seu limite, quando ele começou a implicar com o seu gasto em guardanapos de papel, nas suas raras saídas para comer pizza.
Os pais, isolaram-se no andar de baixo, onde se cultiva a rigidez familiar e o respeito pela tradição geracional.
O gato fósforo é o único a conviver com ambos os mundos e a lamber as feridas de uns e de outros.
Quando a Mãe Ester quer convocar os três para colaborar nos compromissos domésticos, recorre ao seu assistente fósforo e sua hábil capacidade de captar atenções. Ao bichano ninguém nega atenção.
Até o Pai Agostinho se afeiçoou a ele e não prescinde da sua presença, quando se barrica na garagem, para matar o seu vício do bricolage.
Antecipando as badaladas histriónicas do relógio quartzo, Ester experimenta romper o silêncio, recuperando o seu talento musical através da domesticação do piano, que durante anos não passou de um objecto decorativo. Em sobressalto, Gustavo, Belinha e Joel, são atropelados por algo inesperado e que os remete para o prazer que sentiam quando a Mãe tocava para os adormecer. Já se tinham esquecido de quão importante foi o seu crescimento ao som de Shumann. Apesar do seu som ser um excelente calmante, também trazia animação à comemoração dos seus aniversários. Tudo dependia da melodia nele reproduzida.
Hoje acumulam vários interesses que os desviam do contacto familiar desinteressado. 
Mesmo assim sentem que, ainda faz sentido estarem juntos, apesar de todas as distracções a que estão sujeitos.
O relógio deixou de atacar os seus silêncios individuais. A suavidade das notas que o piano evapora, passaram a reclamar suas presenças sem incomodar seus sentidos. Aos poucos encaram a interrupção dos seus egoísmos pessoais, como um bem necessário a cultivar, para que não se perca o espírito de coesão familiar.

Desilusão


Dizem que o tempo cura tudo mas será que, limpa as mágoas que se foram acumulando com os sucessivos abalos dos quais fomos sendo vítimas? Conviver com esses espinhos faz-nos desenvolver defesas, que irão impedir interacções entusiasmadas e que contemplem uma entrega total de nós mesmos. O medo de sermos novamente magoados, retira-nos liberdade para agir sem rede e sermos movidos pela inconsciência.
Quando remexem nas nossas emoções, tudo muda. Nossa perspectiva muda. Nossa predisposição muda e tudo passa a ser avaliado e processado com outro pormenor. Não haverá mais distracções, confianças desmedidadas, disponibilidade total, concessões, compaixão ou perdão. Esgotadas todas as possibilidades de conciliação, fechamos um ciclo e começamos outro, com mais cautelas e menos descuidos. Nem se trata de ter razão ou querer ter razão mas, decretar um fim para aquilo que não tem futuro e se aprofundado irá alimentar mais discórdias, mais dor, mais batalhas perdidas e uma barreira de aço que confirmará o nosso total desentendimento. Sabermo-nos retirar de cena e isolarmos num recanto escondido da memória, as ofensas, os ataques sem sentido, a falta de reconhecimento, a falta de respeito, o desaproveitamento da nossa dedicação, a desconsideração das nossas manifestações de afecto, a expiação dos nossos comportamentos e sua permanente conotação negativa, quase sempre, assente em más interpretações, torna inevitável, o nosso afastamento e evita prolongar mais o sofrimento. Chegamos a colocar em causa a nossa própria essência e achar que há algo em nós que suscita todo este mau estar e que, devemos incrementar mais tentativas de aproximação, que reponham a nossa boa união. Essa insistência precipitará mais cobranças, mais chantagens, mais réplicas do descontentamento instalado.
Ao permitirmos que destratem a nossa essência, a nossa maneira de ser, a nossa identidade, rebaixamo-nos aos caprichos de quem se sente incomodado com nosso jeito. Tentar entender os porquês de já não haver mais encanto em nós, que promova a continuidade de uma boa empatia, implica diabolizarmo-nos. Não merecemos ser massacrados por sermos como somos, nem devemos agir contra a nossa própria autenticidade. Quem abusa de nós dessa forma só merece indiferença pelo que não soube aproveitar. Talvez o tempo dissipe as marcas da desilusão ou talvez não. Difícil será repor a cumplicidade, que se veio a perder com o descontrolo emocional de quem não soube conquistar o seu lugar sem impôr um trono.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Imperfeição


Vai soar estranho, mas eu sempre quiz ter a capacidade de descolar-me do meu corpo e poder estar do lado de quem me vê e me julga, para saber ao certo qual a imagem que eu transmito. Sei que não sou condescendente comigo mesma, nem me poupo com a minha própria intransigência e forço-me a ser do jeito que toda a gente gosta. Fui educada a não desagradar os presentes mas o que eu sei fazer melhor é chocar e provocar diversas e diferenciadas reacções.  Acredito até que, os mais amados são aqueles que pouco se importam com o julgamento dos outros e vivem sem aprofundar as manifestações que giram à sua volta. Retiram-lhes toda a sua intensidade e encaram-nas como automatismos de defesa que escapam às suas vontades e estão cimentados numa repetição daquilo que lhes foi transmitido. Na verdade, até faz sentido mas, na realidade, todos nós caímos nas malhas dos outros e na necessidade de aprovação. Nós só nos garantimos tendo a chancela do próximo. Eu só serei feliz se alguém me compreender e me incluir num núcleo que me saiba compreender, senão serei uma outsider grudada no espelho à espera de respostas que eu não consigo obter. Isto de depender dos outros para nos sentirmos bem é sádico, mas é assim que funciona na maioria das vezes, até porque fomos programados nos mandamentos cristãos, que colocam o outro como o fundamento para aferir a nossa boa criação. "Ama o próximo como a ti mesmo". Bem, este mandamento fomenta um espírito altruísta inigulável. O próximo pode ser o maior imbecil à face da terra mas, mesmo assim, continua a ser nosso dever amá-lo e respeitá-lo. Esta qualidade de bom samaritano colide com o meu sentido apurado de justiça social.  Não tenho nem nunca terei essa capacidade de amar toda a gente, nem quero amar toda a gente, pois nem toda a gente é digna do meu amor. Se já me custa respeitar alguns géneros de ser não me obriguem a amá-los também. Como também não posso crucificar aqueles que não conseguem gostar de mim. Apenas tenho que aceitar que não sou um ser consensual. Uns gostam, outros nem por isso. Não sei se vale a pena mover esforços para que gostem de nós quando quem nós somos deveria bastar para criar empatias. Apenas devo ao outro a minha autenticidade, com tudo o que de bom e de mau ela tem, mas pelo menos garanto aquilo que sou. Esse sim, deveria ser um mandamento divino. "Sê autêntico como só tu sabes ser".
Certamente quem criou o mandamento "Ama o próximo como a ti mesmo", estava a pensar em seres alados, sem alma. A carne que reveste o osso e o sangue que aquece o nosso corpo não nos dá margem para fantasias, nem para disfarçar nossa fraqueza humana. Ela existe. Não a podemos negar.
Nasci na imperfeição e vou morrer na imperfeição e não há nada a fazer senão contrariá-la, pois jamais deixarei de cometer erros, ofender alguém, desiludir alguém, desagradar alguém e tropeçar na minha própria condição de Ser com falhas. A paga para estas minhas fraquezas é aturar o mesmo dos outros, que como eu também não são perfeitos.   


Acordei o mundo

Najla tinha muita dificuldade em dormir. No seu entender, a vida podia acabar se se deixasse adormecer. Uma convicção implantada, desde a m...