Não sei ficar em silêncio, apesar de considerar ser uma qualidade dos preserverantes. Gosto de me manifestar e libertar a minha vontade momentânea. Nem sempre essas manifestações me fazem ganhar tempo. Por vezes, sucede bem o contrário e desperdiço-o inutilmente. Preciso dar mais valor ao meu tempo. Alguém me castigou impiedosamente e fez-me defender de tudo aquilo que não compreendo e não aceito. São dores internas que não se cicatrizam sozinhas.
O espelho não me devolve aquilo que eu preciso saber. Devolve-me aquilo que eu sinto e não consigo esquecer. Se calhar não nasci para ser simples mas um enigma, para todos aqueles que ignoram outras formas de Vida. Não quero ser diferente, mas ao mesmo tempo sinto-me diferente, apesar de para alguns poder parecer arrogância da minha parte e estarem longe de presumir ser, simplesmente, ignorância sua, aquela que os faz pensar assim. Um dos meus maiores receios era despertar a curiosidade alheia e ser atacada por isso, quando eu nem sequer me esforcei para ser desse modo. Apenas, sou. Vulnerável a tudo o que me rodeia, construo pensamentos em torno de emoções que vão e voltam e faço crescer a minha ansiedade nervosa, que pulsa por uma reação imediata. Na verdade, qualquer um de nós detém essa capacidade de impressionar, desde que haja alguém que destoe de nós e custe lidar connosco e nos interprete mal. Neste caso, o azar é deles não nosso. Conhecermo-nos uns aos outros implica mais do que colecionar evidências, é preciso dedicar tempo, sensibilidade, reverter pensamentos primários, aprofundar, estudar comportamentos e reconhecer-lhes um sentido lógico.
Porque é que nos sentimos afetados por aquelas pessoas de quem não gostamos, só porque elas demonstram não gostar de nós? Até parece que pelo facto de alguém não gostar de nós, tem de haver algo de errado connosco. Não necessariamente. O que complica tudo são as percepções que fazemos uns dos outros e a sucessão de razões que tentamos recolher, para demonstrar que estamos certos relativamente às nossas sensações.
Não nos devemos deixar envolver por tudo mas a envolvência faz parte da Vida daqueles que querem viver apaixonadamente como eu. Nem tudo tem importância é certo mas faz parte da nossa Vida e seja por mal ou por bem surgiu no nosso caminho.
Não consigo dissimular o que sinto e quanto mais tento dissimulá-lo mais se nota. Não sei fingir e por isso sofro mais. Detesto que contradigam aquilo que sinto, principalmente, aquelas pessoas que, supostamente, me deveriam conhecer melhor. Nesses momentos, precisamos nos sentir em sintonia com alguém e se lhe concedemos a primazia de nos ouvir, então o melhor que ela tem a fazer é compreender-nos e não desdramatizar o que sentimos, pensando que isso nos fará bem.










