domingo, 27 de maio de 2012

Be somebody or Be someone??? That's The Question.


"Quanto mais diferente de mim alguém é, mais real me parece, porque menos depende da minha subjectividade."



Há quem queira ser gente eu apenas quero ser alguém. À partida parece que não existe diferença entre estas duas formas de querer mas a distância entre elas é grande demais, tão grande que não criaram ainda um intervalo para a mensurar. Aqueles que querem ser gente não passam disso mesmo, apesar de acharem que valem muito mais. Se os pudermos qualificar, eu qualificá-los-ia como aquele substrato de pessoas que se acham, sem nunca chegarem a sê-lo verdadeiramente. Nós, aqueles que queremos ser alguém, preferimos deixá-los pensar que são realmente gente. Suas ilusões divertem-nos. Seus modos excessivos, cheios de vontade de resgatar atenções, sua esperteza saloia, sua falta de noção, seu diálogo pobre e inconsistente, suas apreciações sobre os outros, sua mania de intromissão em tudo que não lhes diz respeito, suas interrupções, suas lamúrias, sua vitimização, sua opacidade, sua insistência na comparação com os outros, colocando-se sempre em vantagem, são algumas das características daquelas pessoas que não páram de se achar mas que jamais irão surpreender ou sequer ser consideradas um exemplo a seguir.
Na verdade quando eles se manifestam, facilmente percebemos que estamos perante gente. Seu cantar de galo revela bem o género. Sabem tudo, opinam sobre tudo, cobiçam o que é de fora, reclamam perfeição, remoem baixinho e ganham proximidade apenas para sugar tuas energias.
Ser alguém é muito mais que isso. Aliás, nada tem a ver com ser gente. Os que realmente o são não o sabem ou abafam o caso e os que acham que o são, nunca o foram nem nunca o serão.
Cada vez que me deparo com pessoas comprometidas com  a nobreza de espírito, apetece-me logo conhecê-las e fazê-las minhas amigas e inspirar-me nelas. Não precisam ser perfeitas. Nem é isso que se pretende. Aliás a perfeição não existe, nem deve ser a maior preocupação da nossa existência.
Não basta ter vontade de ser alguém é preciso ter perfil para o ser. A pretensão de querer ser alguém não deve ser encarada como um carimbo  ou marca registada que só arrasta vantagens futuras e notabilidade. O que alimentamos interiormente, os sentimentos que exaltamos, as nossas acções, os nossos pensamentos, as nossas vontades, a nossa dignidade, aquilo que atraímos e provocamos nos outros, definem-nos. A ideia não é agradar a toda a gente e sim agradarmos, tão somente, a nós mesmos. Só assim seremos capazes de reproduzir algo genuínamente nosso, que só alguns saberão compreender e aproveitar. Eles são e deverão ser os merecedores da nossa atenção. Dos outros não rezará a nossa história.      

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Eu e a Vida


Eu e a Vida. Por vezes juntos, por vezes separados. Nem sempre estamos ao mesmo ritmo. Eu quero abrandar, mas a Vida faz-me correr. Para onde, não sei. Ela é quem mais ordena. Eu apenas obedeço-lhe. Tem dias em que ela me inclui nos seus planos, noutros nem sequer sei qual o rumo que ela preparou para mim. Não sou mais dona de mim mesma. Sou apenas uma peça que se movimenta consoante os seus designíos. Quando decido lutar e mostrar-lhe que sou eu quem decide para onde quero ir, ela faz-me deixar pensar que afinal sou mais forte que ela mas logo depois, retira-me todo o poder e num puxão obriga-me a acompanhá-la. Despreparada, lá vou enfrentando as duras realidades que ela insiste em me dar a conhecer. Se isso me fortalece? Talvez, mas também me deixa cada vez mais receosa dos momentos seguintes, da sua implacabilidade, da sua vontade avassaladora, do não ser capaz de a  acompanhar, dos seus ultimatos, das suas rasteiras, do seu enorme poder. Nem sempre me apetece ser forte e superar todos os obstáculos. É cansativo e nem sempre nos ensina algo. Por vezes, só traz lembranças más e nada mais do que isso.
Ouço muitas vezes dizer a "Vida é assim, tem destas coisas". Mas porquê? Porque é que ela tem sempre a última palavra. Porque é que é ela quem decide o nosso destino. Porque é que estamos suspensos pela sua vontade? De que vale o meu Eu, se é ela quem me arrasta e me mostra o que eu não quero ver e o que eu não quero sentir. Porque é que eu lhe devo Tudo e ela não me deve Nada? Queria eu saber.
Ela insiste em querer-me ensinar, em dar-me lições que eu não quero aprender, em aplicar-me castigos, a desviar-me de mim, do que eu quero. Só há algo para o qual ela não tem poder. Não consegue mudar quem eu sou. Só depende de mim mudar-me. Tudo o resto ela pode controlar.
Ás vezes questiono-me porque é que não nos deram a possibilidade de ter duas Vidas. Uma seria um rascunho e a outra seria a original, o aperfeiçoamento do rascunho, a definitiva, a versão melhorada.
Se calhar já estariam a pensar nas reacções dos ativistas ecológicos e sua reprovação pelo gasto massivo e excessivo de papel. Se calhar foi uma questão de custo ou de poupança. Se calhar foi porque a Vida expressa num papel imaculado sem borrões não tem graça nenhuma e não existem versões melhoradas, porque a Vida não é nem nunca será perfeita. Será apenas a nossa Vida. O nosso destino. O nosso borrão. A nossa marca.  



terça-feira, 8 de maio de 2012

Até um dia destes




Nunca sabemos quando vamos partir, nem em que condições. Nem sequer sabemos se teremos tempo de nos despedirmos das pessoas que mais amamos. Deixamos um rasto de sofrimento naqueles que cá ficam e que terão de forçosamente reunir forças para prosseguir com suas Vidas ainda a decorrer. A única forma de apagar alguma dessa dor é aceitar e deixar o tempo correr. Cada momento que desperdiçarmos das nossas Vidas, estaremos a enterrar oportunidades de sermos felizes e de fazer felizes aqueles que decidem acompanhar-nos.
A morte não é um fim nem nunca será um fim. Será sempre um começo de algo ainda melhor. Uma transição para um patamar mais elevado da nossa existência. Não somos feitos apenas de carne, sangue e ossos. Nem faz sentido que assim seja. Senão que significado teriam nossas Vidas. Tudo tem um propósito. A Vida terrena é provavelmente a passagem mais curta que temos e aquela à qual nos amarramos com mais força e vontade. O lado de lá será sempre o eterno desconhecido.
A Morte não é uma despedida. Apenas um desencontro entre Vidas que se posicionam em níveis e estágios diferentes e que um dia se irão reencontrar num cenário de paz e harmonia absolutas.
A Morte apenas cria descontinuidade e encerra uma etapa já cumprida.  Não cabe a nós determinarmos quem merece ou quem não merece ficar por cá.
A nossa maior homenagem a todos aqueles que já não estão entre nós, é sermos felizes e recordá-los nos seus melhores momentos e despedirmo-nos com um "até um dia destes".
Podemos, mesmo assim, continuar a falarmo-nos num silêncio cúmplice, que apesar de não compensar a ausência, ajuda a apaziguar a saudade.
A partir do momento em que perdemos alguém muito querido tudo passa a assumir um significado diferente. Nossa percepção muda. Tentamos procurar sinais ou razões para determinados acontecimentos, que até então passavam despercebidos e não mereciam o desvio da nossa atenção. A dor não é genuínamente má. Transfere para as nossas Vidas opacas, a profundidade e riqueza de que careciam.
A Morte não nos desune. Pelo Contrário, aproxima-nos ainda mais.
Até um dia Destes!

  

Acordei o mundo

Najla tinha muita dificuldade em dormir. No seu entender, a vida podia acabar se se deixasse adormecer. Uma convicção implantada, desde a m...