domingo, 17 de março de 2013

Supremacia da Mulher

O amor, quando se revela... O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

Porque esperamos sempre de quem amamos grandes palavras e acções, quando sentimentos verdadeiros e sublimes se fazem sentir através de pequenas coisas como: um olhar amoroso, um silêncio acolhedor, um abraço aconchegante, um sorriso radiante, uma lágrima sentida, um arrepio no corpo...?

Fernando Pessoa
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A Mulher que mergulhou nos intas e, que em breve, se prepara para encarar os entas, sofre com a perda de algum protagonismo visual junto das camadas mais jovens e inclusive junto da mesma geração que a sua. Custa a aceitar que a sua beleza e Vaidade não são mais apreciadas, por aquilo que reflectem no espelho, nem pela sua repercussão nos olhares que se desviam à sua passagem, nem pelos comentários abonatórios e em susurro, que dificilmente escapam aos seus ouvidos de tísicas mas, pela sua atitude face à nova versão de Mulher que agora representam e da qual se deviam orgulhar. Naturalmente que, o impacto visual deixará de ser o mais importante nesta nova fase de transformação física, que nos retira certos atributos até ali eficazes na arte de sugerir. O que dantes funcionava na perfeição deixou de ter o mesmo impacto e é essa perda de eficácia que deixa as Mulheres indefesas e carentes de um novo registo que as valorize de uma forma mais sustentável.
Em nada nos dignifica querer continuar a exibir uma imagem de montra bonita e bem arrumada, apenas para criar um género de pessoa que não somos só com o intuito de agradar. Somos muito mais que isso. Nós Mulheres, somos as supremas responsáveis por aquilo que atraímos. Ninguém melhor do que nós próprias para conquistar o que queremos. O problema é que já não sabemos o que é Melhor para nós nem o que nos fica bem. Nossas escolhas são cada vez mais baseadas em carências afectivas, em pressões sociais, nos contextos que nos rodeiam, no avanço impiedoso da idade, na perda da juventude e na liberdade que lhe está agregada, na prisão a uma Vida sem graça e que mate a nossa identidade.
Esquecem-se do seu poder e influência nas relações, o quanto são indispensáveis, sua capacidade transformadora e regeneradora, a repercussão dos seus actos e das suas decisões e do seu efeito sobre aqueles que escolhem amar.
Para quê esperar algo que só existe romanceado nos filmes e livros e, em vez disso, aproveitarmos para construir passo a passo nosso próprio romance, nossa própria história, criar nossa forma de amar, nosso conceito de Amor, afirmar a nossa presença com dedicação, carinho, afecto, diálogo, compreensão, encorajamento, apoio, incentivo, sem pensar no que vamos receber em troca ou no que estamos a lucar com tamanha entrega. Certamente que, nossos actos serão bem interpretados e recompensados.
Evidentemente que, a combinação e empatia de duas almas gémeas não surge logo no formato pretendido, serão precisos alguns ajustes de parte a parte, acompanhadas de doses generosas de paciência, tolerância, diálogo sincero e franco e uma  clara percepção do rumo dos acontecimentos e no efeito que estes exercem sobre nós. Quem melhor que nós Mulheres para ensinar e perpetuar o Amor.
O importante é que tenhamos consciência que podemos evoluir num outro sentido, que apesar de não nos expor tanto, expõe-nos de uma forma menos inútil, mais elevada e faz sobressair o que temos de Melhor. A Nossa essência.


 


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