As
associações de ideias na Vida de uma Mulher assumem um lugar especial. São as
associações de ideias e a colecção de sapatos e carteiras. Imprescindíveis e
insubstituíveis, a não ser por mais modelos e feitios diferentes.
Perante
uma determinada situação nós mulheres procuramos relacioná-la com algo e quase
sempre connosco. Um desabafo, um boato, um acontecimento, um dado novo, uma
confidência, uma coincidência recai inevitavelmente numa co-relação com a nossa
pessoa. Somos maquiavélicas ao ponto de achar que tudo interfere connosco.
Vários exemplos podiam ser dados e todos eles bem familiares ao universo
feminino mas mais revelador é seguramente a mania que nós temos de questionar e
suspeitar que tudo o que nos é dito quer dizer mais do que aquilo que nos foi
revelado. “O que é que ela/ele quis dizer com aquilo”? Esta frase é mítica
entre as mulheres.
O
que nos preocupa são as entrelinhas. Presunções e subentendimentos são a nossa
predilecção. É aqui que incluímos as associações de ideias, usadas para retirar
o diálogo do contexto e cobri-lo de duplas intencionalidades.
Para
nós tudo tem uma intenção, não existe o dizer por dizer, numa tentativa de
apenas exercer um comentário banal e inocente, indutor de quaisquer
consequências. Quando não encaramos ou criamos suspeitas com o guião e o
guionista apressamo-nos a atribuir outra dinâmica à história e a instalar a
confusão.
Achar
cabelo em ovo é a nossa especialidade.
Por
vezes vamos desenterrar situações de um passado longínquo para justificar determinados
comportamentos do presente como se tudo tivesse um carácter repercutório tão
dilatado no tempo. Guardamos tudo e por muito tempo e mesmo quando aproveitamos
para arremessar algumas dessas coisas que mantemos guardadas, em ocasiões que
nos são propícias, não esvaziamos a memória e continuamos a guardar até que nos
deixe de ser mais útil.
Não
admira que vivamos mais. O nosso memorial é tão vasto que precisamos de muito
tempo para o esvaziar.
Cá
para mim as mulheres com companheiros são as que vivem por mais tempo, pois os
homens são um óptimo descompressor, mas isto é apenas uma teoria minha.
Damos
tudo de nós e sem travões mas também reclamamos agradecimentos e exigimos ser
acarinhadas. Quando sufocadas, sacudimos as nossas frustrações, as nossas
tristezas, as nossas emoções, os nossos receios, as nossas desilusões e mesmo
assim eles custam a entender-nos.
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