Chama-se Lili, não veste de organdi e o pior é que não sabe sonhar. Veste-se de preto e só sabe bufar. Bufa por tudo e por nada. Bufa e desdenha simultaneamente. Seus sentidos, permanentemente ocupados, com o exterior, com os movimentos dos outros, medindo e catalogando suas reações, não têm descanso. Olhos ora caídos ora levantados, evitando o eye contact e é assim, passando despercebida, que vai julgando tudo e todos sem poupar ninguém. Ser antiquado a querer passar-se por espírito jovem mas congelado numa época que não existe mais, onde rigor e terror estavam separados por uma linha muito ténue. Não tolera espíritos livres e que não vogam ao sabor dos outros. Incomoda-se com a boa aparência dos outros, incomoda-se com a boa impressão que eles deixam nos outros, incomoda-se com a boa qualidade de vida dos outros, incomoda-se com os mimos materiais que os outros dão a si mesmos, incomoda-se com os benefícios dos outros, incomoda-se com o que os outros fazem do seu tempo, incomoda-se demais com a Vida dos outros. Diz desejar-lhes o Melhor mas não sabe , não consegue passar essa mensagem porque não é isso que deseja verdadeiramente.
Chama-se Lili e caminha por aí, na sombra, na escuridão e encolhe cada vez que alguém iluminado brilha. Até é bom as Lilis existirem para sabermos de quem nos desviar e orgulharmo-nos de quem somos cada vez que esbarramos nelas. Não sabem calar suas más vibrações e suas falhas incontornáveis de personalidade e pisam sempre os limites da boa convivência.
Esta Lili só conhece sensibilidade quando sente frio ou calor. Nisso é demasiado sensível. Até a espinha se dobra, na provavelmente única versão de flexibilidade que alguma vez irá reproduzir.
Só sabe mexer os olhinhos cima, baixo e lado, repetidamente, sem cessar de bufar. Não conhece talento maior.
Lili tem a Vida tão programadinha ao ponto de ter horários definidos para as descargas fisiológicas. Que domínio.
Não há sal grosso que chegue para o seu mau olhado.
Chama-se Lili e pulula por aí e bufava bufava.
Escrita livre que, convida a pensar e sentir. Com a Escrita, empreendo fugas oportunas. Atribuo interesse aquilo que parece não ter interesse nenhum. Entendo que, a genialidade é mesmo essa. A Escrita Gourmet tem o seu próprio paladar mas, nem todos o saberão entender. Provavelmente, só os espíritos mais sensíveis encontrarão afinidades, semelhanças, identificação, emoções, realidades diversas, meio mundo, todo o mundo. Encontrarão aquilo que, a disponibilidade dos seus espíritos permitir.
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