segunda-feira, 13 de março de 2017

Não precisa mudar

Nunca se repetiu tantas vezes esta frase: Empreender Mudanças. É até condição de sobrevivência nos dias de hoje. É apregoado em todo lado e propagou-se de tal forma, a ponto de ser dado como receita para tudo. Eu até para imbuir-me do espírito de mudança, troquei de marca de champô e o que eu lucrei, foi com a juba do Rei Leão. Foi assim, com este estilo Afro friendly, que empreendi a minha primeira mudança.
Mudar, afinal, não implica sair da normalidade?
A normalidade é tão ruim assim?
Será que abalar com a normalidade significa abalar com a nossa estrutura, a nossa coluna vertebral?
Mudar para acertar?
Será que é esse o maior fundamento do movimento de mudança?
Estaremos assim tão errados ou tão estagnados?
Quantas vezes teremos nós que nos virar do avesso?
Acho que estrangulamos de tal forma este termo, que virou um movimento de consumo.
Mudar para ser diferente, gera incerteza e às tantas, provoca confusão mental. Propõe que te abandones a ti mesmo e aceites um outro registo de ti próprio. Às tantas este movimento de mudança vai ditar uma tendência e virar moda, que se pegar, então viraremos inimigos até do que é bom. A mudança faz mesmo isso, um corte com o passado, embora haja passado bom e passado que valha a pena reviver.
Que seriamos nós sem memórias?
São as memórias que confirmam nossa existência no tempo.
Mudo de humor, mudo de cuecas, mudo de champô, mudo de sapatos, mudo de passeio, mudo de penteado, mudo de menú, mas não mudo o que existe em mim.

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