Porque os corredores dos mosteiros são tão compridos?
Provavelmente, deve ser para que o trajeto em silêncio seja mais prolongado e haja tempo para arrumar melhor os pensamentos, até entrarmos nos aposentos principais e iniciar uma interação.
A que propósito veio esta constatação com um grau de utilidade muito residual?
Na verdade, veio da vaga de frio que estamos a atravessar neste mês de janeiro de 2024, sempre tão comprido e agreste. Algo me fez pensar na vida vivida nos mosteiros, cujas paredes gritam austeridade e segredos antigos, que resultam de histórias inacabadas e vítimas inconformadas.
Para além disso, não conheço mosteiros aquecidos e com ambientes cosy. O desconforto faz parte das aprendizagens cristãs medievais e cada vez que visito a casa dos monges, sinto arrepios e nem todos eles são de frio.
Recolhimento e reclusão não são propriamente palavras da mesma família, apesar de haver interesses cristãos em torná-las sinónimas.
Felizmente, posso recolher-me em ambientes confortáveis e, mesmo assim, não me desviar do que é mais importante, só porque me encontro numa situação mais acolhedora. Os desequilíbrios ambientais respirados nos mosteiros medievais, amigos próximos do desconforto, não promovem equilíbrios espirituais e alinhamentos emocionais necessários para valorizarmos o que está certo e desencadear o bem. Pode até dar-se o efeito contrário e se calhar é, por isso, que há histórias que revelam existir segredos que ocultam maldades obscenas.
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