Escrita livre que, convida a pensar e sentir. Com a Escrita, empreendo fugas oportunas. Atribuo interesse aquilo que parece não ter interesse nenhum. Entendo que, a genialidade é mesmo essa. A Escrita Gourmet tem o seu próprio paladar mas, nem todos o saberão entender. Provavelmente, só os espíritos mais sensíveis encontrarão afinidades, semelhanças, identificação, emoções, realidades diversas, meio mundo, todo o mundo. Encontrarão aquilo que, a disponibilidade dos seus espíritos permitir.
segunda-feira, 11 de setembro de 2023
Aparição Sinistra
segunda-feira, 24 de julho de 2023
Aparição Sinistra
Reunião familiar é uma proeza, cujo resultado sai sempre desastroso.
Não vale a pena insistir. É o mesmo que bater com os cornos na porta.
Há sempre alguém que chega atrasado e vem a falar ao telemóvel e quando acaba, desfia as desculpas do costume.
Os contrariados que ficam retidos à espera, exasperam e espumam de raiva. Tanta coisa inútil para fazer e nós aqui.
Entretanto o telefone toca. Todos consultam seus gadgets mas percebem que nenhum deles é o responsável.
O som vem da cozinha. Deve ser o telefone fixo, de disco, estilo retro e cabo espiral, com toque de campainha, herança dos ex proprietários.
Pietra corre para atender. Suprema curiosidade cai estendida no chão, sem amparo. Era engano!
Farto de tanto esperar, Ricardo levanta-se e dirige-se à porta de forma resoluta e decidida, pronto para sair e abandonar a reunião familiar, que ainda nem tinha começado.
Onde vais? - pergunta Olívia, sob stress.
No exato momento que Ricardo se vira contrariado para lhe responder, despenca o quadro da sala de jantar e por entre as partículas de pó esvoaçantes surge uma criatura serena e familiar.
Todos congelaram!
Não pode ser! - gaguejaram.
É a tia Greta, irmã da mãe e outrora presença assídua lá de casa.
A paralisia durou ainda alguns minutos. Ficou tudo borrado de medo. Nem o gato Sullivan escapou do susto. Barricou-se debaixo do louceiro, inspirado na mobília francesa do séc. XV e por lá se eternizou.
A tia Greta morreu à cinco anos, de morte súbita, na sala das ocasiões solenes, como ela gostava de lhe chamar. Foi um choque para todos, principalmente, para a minha mãe de quem era muito próxima. Nesse trágico dia, estavam todos presentes, não para ver a tia morrer mas para participar na reunião familiar por ela convocada.
Passados cinco anos a história repete-se, desta vez, num ambiente sinistro e bizarro.
Será que a tia Greta quer regressar à reunião entretanto interrompida pela sua morte súbita?
Afinal quem convocou esta reunião familiar?
Intrigas e perguntas não faltam. O que falha são as respostas para todas elas.
Olívia e Ricardo chegaram à conclusão que a convocatória afinal chegou em forma de alerta nos seus telemóveis a indicar dia e hora da reunião. Sem hesitações, Pietra e Abel acusaram o mesmo registo.
Diante deles permanecia aquela figura, muda, etérea, pungente, de traços pronunciados e maxilar definido, olhar sereno e penetrante, testa descoberta, cabelo habilmente apanhado e mãos em descanso, aguardando a atenção de todos os convocados.
TO BE CONTINUED........
sexta-feira, 21 de julho de 2023
Inteligência Artificial, Contra ou a Favor?
A questão do momento que divide o mundo.
Para o mundo dos negócios esta é uma
invenção revolucionária ao nível da invenção da roda e que vem facilitar a
execução de determinadas tarefas, que ocupam muito tempo e recursos.
Porém, trata-se de um recurso. É
favor não abusar.
Se quisermos um termo de
comparação, digamos que, é uma espécie de bimby, voltada para o universo
corporativo e que promete revolucionar a vida de muitas pessoas.
Como qualquer novidade, ainda por
explorar, está a ser usada como um brinquedo multifuncional que responde a
qualquer pergunta, por mais absurda que seja.
O problema disto tudo é que o
excessivo entusiasmo por este tipo de ferramentas, retira-nos algum discernimento,
capacidade analítica, interpretativa, espírito crítico, contraste com outras
fontes de conhecimento, mas também nos retira trabalho acumulado e pressão.
É preciso equilíbrio e critério
no seu uso!
É inevitável! Todos vão recorrer.
Uns com mais parcimónia e outros com menos.
Contra ou a favor?
Reticente….
quinta-feira, 20 de julho de 2023
Pessoas Partidas
Gosto de pessoas imperfeitas e que têm consciência disso.
terça-feira, 18 de julho de 2023
Prontíssimas
As espanholas são prontíssimas!
Estão prontas para tudo, seja o que for. Apresentam-se no seu melhor, desde a ponta do dedo do pé, até à ponta do fio de cabelo. Transpiram salero e perfume abundantemente. Se não deixarem rasto de perfume no ar, então, é porque não são espanholas originais. As originais não dispensam perfume, nem eyeliner, nem batom, nem blush, nem rímel, nem vaidade em si mesmas e seus atributos.
É para bailar? Olé!!
É para beber una copa? Olé!!
É para cenar? Olé!!
É para hacer la siesta? Olé!!
Es la novena de la Señora Del Rocio? Olé!!
É para ser, que seja com tudo o que tenemos de mejor en nosotras. Olé!!
Seu feitio cambia muito rapidamente. Tão depressa soltam uma gargalhada pesada e estridente como, de repente, cospem fogo pelos olhos e pela boca com injustiças. A maioria delas, nem são suas.
Parecem sempre animadas ainda que a vida não esteja de acordo.
Hablan rápido e sem pausas, entiendas ou no entendias :)
Tens de te ajustar. Vale?
Vistosas, parece que estão sempre a reclamar de algo ou de alguém, mas afinal é só o seu estado normal, ativo, conversador, vivaço, de quem domina a vontade de viver e usufruir da vida, antes que o salero se acabe e o perfume não se renove.
quinta-feira, 15 de junho de 2023
O Amor está em vias de extinção....
O que é o Amor senão um sentimento em vias de extinção.
Não exploramos a vida em conjunto. Preferimos estar sós e cultivar os
nossos interesses individuais a ter de investir num relacionamento, numa
construção familiar, num futuro em família e fazer disso um plano de vida.
Para quê, se estou tão bem assim.
O conforto, o individualismo, a vontade de prolongar a juventude, a
saída tardia da casa dos pais, a conversão ao hedonismo, as desvantagens
sociais e económicas da vida em conjunto, a falta de empatia, imagem de marca do
séc. XXI, a incapacidade e, em muitos casos, desinteresse de lidar com as emoções,
o imediatismo, tudo isto conjugado, conspira para votar o Amor à extinção.
Nos últimos anos, temos assistido ao surgimento de grupos herméticos de
pessoas obcecadas com seus próprios gostos, hábitos e costumes e alérgicos a
tudo o resto. Grupos com princípios alimentares restritivos, grupos ativistas,
grupos defensores da causa animal, grupos defensores da causa ambiental, grupos
do padel, grupos radicais de direita, grupos de mães aspirantes a mães do ano, grupos
de meditação, grupos de haters, grupo defensor das minorias, grupo dos expatriados,
grupo fanático do futebol, grupo do signo tal, entre outros, que se fecham à convivência
com quem não se reveja no mesmo.
Colamo-nos a um estilo e fazemos dele o nosso único modo de vida e quem
destoar, está out. Estranhamo-nos uns aos outros e criamos distâncias que impedem
a aparição do Amor.
Não há lugar ao diálogo e à concertação de ideias, pontos de vista,
opiniões, formas de estar, pensar e agir. Para isso é preciso tempo, paciência,
compreensão, tolerância, empatia, escuta ativa, leituras interiores e entendimentos
exteriores, envolvência, entrega e um ego flexível. Características que são
vistas como encargos pessoais cuja exigência não se justifica enquanto aposta
numa relação que não se sabe que futuro lhe está reservado.
As relações vivem do presente, não do futuro. O que constróis hoje, em
conjunto, vai resultar numa interação e cumplicidade cada vez mais forte e
resistente a abalos emocionais desafiantes, que ameaçam ruir a tua relação ou
estrutura familiar.
Não há abertura, tão pouco, disponibilidade para compreender e aceitar outras
formas de estar e, sobretudo, não saboreamos a Vida, tal é a
nossa obsessão em buscar um propósito e aceleração para o concretizar.
O Amor não busca aprovação.
O Amor é uma epifania que não tem tradução nem explicação e precisa ser
estimulado/regado para crescer e florir.
O Amor instantâneo não existe e se existe não é Amor.
Todos queremos um match, um perfil que assuma o nosso modo de vida e
venha a gostar de tudo aquilo que nós gostamos e defendemos acerrimamente, sem amuos e contrariações.
O trabalho na nossa construção pessoal baseou-se em gostos,
preferências, objetivos, condições de vida, lifestyle, afirmação, sem espaço e lugar para
o Amor.
O Amor não tem hora para se manifestar mas tem de reunir o mínimo de condições
e uma delas é acalmar o ego e suas obsessões.
quinta-feira, 18 de maio de 2023
O Amor nunca se apazigua
O "Para Sempre" é muito tempo, é carga pesada e, por vezes, acontece que a frequência de cada um é diferente e as dissonâncias podem ser muito incómodas.
O Amor é como um músculo fibroso com terminações nervosas muito sensíveis.
O Amor não resiste a tudo, nem permanece igual e há quem se esqueça que ele é a seiva da vida e tente banalizá-lo.
Temos que aceitar que nem sempre estamos aptos para amar, primeiro, precisamos cuidar do que temos cá dentro mas isso demora tempo e nós reclamamos companhia para crescer e o desafio é, mesmo esse, estabelecer equilíbrios funcionais.
Há dias que o Amor parece ter tirado férias e há outros, que escorre das veias e não há forma de estancá-lo.
O Amor conjugal nunca se apazigua e é preciso muito jogo de cintura para lidar com ele.
Creio que havemos de chegar a um lugar em que ele, o Amor, vai estender suas asas e planar sem tormentas mas, até lá, é preciso viver os desafios que ele nos reserva.
terça-feira, 16 de maio de 2023
Família Imperfeita
Sempre que nos reuníamos à mesa para almoçar ou jantar, parecia que ficávamos mais sensíveis e reativos. Aliás, a comunicação foi sempre um grande calcanhar de aquiles e continua a ser.
sexta-feira, 5 de maio de 2023
Essência Protagonista
Tu que gostas muito de invocar a essência dos outros e debochá-la, diz me lá, qual é a tua essência?
Não estou a falar na parte que
dás a conhecer. Estou a falar na parte que ninguém conhece e da qual não te
orgulhas.
Diz muito de ti, o facto de
achares que podes falar na essência dos outros, sem antes revelares a tua e
expores as tuas fragilidades.
Acredito que aqueles que tiveram
uma infância e adolescência isolada tiveram oportunidade de criar a consciência
de si mesmos e a noção de que precisam melhorar algumas particularidades neles para
desenvolverem a capacidade de aturar certas merdas provenientes de pessoas que
se acham melhores humanos e mais capazes do que os outros, não porque o tentem
ser, mas porque confiam que nasceram numa versão melhorada e não precisam de
trabalhar nada em si. Apresentam-se no formato mais apreciado e que conquista
mais pessoas, com a pretensão de mascarar uma vontade omissa, nem sempre
inocente e que visa sacar benefícios egoístas.
Para aqueles que confiam estar
bem resolvidos, a espiritualidade é o caminho dos confusos, fracos e
traumatizados. O medo atroz de serem apanhados por essa energia demolidora e ficar
submetidos a uma lavagem cerebral e cair no submundo da espiritualidade, chega
a ser cómico.
Não compreendem, nem querem
compreender.
Empobrecimento espiritual não
existe para quem nem sequer sabe que tem uma alma.
Não nascemos preparados.
Nascemos em branco.
Cada um escolhe a sua programação
e em que versão quer viver. Há muitos modelos e versões com atualizações
recentes para crescer e os que alimentam a pretensão de que não há nada a melhorar, não saíram do MS—DOS.
Se és um MS-DOS e só sabes desvalorizar
a essência dos outros e estás convencido que a tua é a versão protagonista
estás a boicotar-te e impedir viver com brilho no olhar, lágrimas de
felicidade, com aconchego, borboletas no estômago, arrepios na pele, coração
quentinho, com liberdade, com leveza e serenidade. Com Verdade!
quarta-feira, 3 de maio de 2023
"SEM NOÇÃOZISSE"
Sinto-me como se estivesse tapada por faltas. Não posso cometer mais deslizes. Já esgotei os créditos todos e, portanto, não me posso esticar. Corro o risco de ser expulsa deste mundo.
Nunca vos aconteceu falar ou agir
e não serem bem acolhidos, por parecer ridículo e despropositado a quem vos
assiste? Se calhar, não! Provavelmente, esta deve ser uma característica muito
minha.
Passo a explicar.
Outro dia entrei numa pastelaria e
fui abordada por uma menina, que bastou se abeirar de mim, para eu lhe lançar
um “Olá, Bom dia!”, entusiasta e num tom que captasse boa receção nos
dispositivos auditivos presentes.
A menina, cujo nome não cheguei a
saber, estranhou meu entusiasmo e simpatia, recuou uns passos, olhou para mim,
como se estivesse a olhar para uma mulher com cinco pernas e, sem emoção na voz
e sem devolver o bom dia, entrou no modo automático de serviço, para me
questionar qual ia ser o meu pedido.
Percebi naquele instante que
estava a agir com demasiada disponibilidade e que nem todos estão preparados
para perceber e receber a minha erupção emotiva. Tenho alguma dificuldade em
perceber em que circunstâncias e de que modo devo fazê-lo sem provocar reações
como esta.
Já sem possibilidade de remediar
a situação remeti-me ao silêncio, interrompido apenas pelo Obrigada, mas
já sem euforia. Foi um Obrigada neutro e uníssono.
Não achei que me viesse a fazer
falta a disciplina de boas práticas e protocolo para o meu dia a dia corriqueiro.
Privilegiei outras matérias que me pareceram mais importantes, mas pelos vistos,
deveria ter assistido a algumas aulas para moderar a minha urgência em criar bem-estar.
Alguém se identifica com esta inócua
“sem nocãozisse”?
terça-feira, 18 de abril de 2023
O Padrão está em desuso!
O que é que este dia me reserva?
No concreto e imediato, um tratamento de dentes que me vai custar horrores em euros.
É bom que me tenham reservado doses industriais de anestesia. Posso até ficar com dormência bucal prolongada, boca de lado, baba em cascata e sorriso doente, só não quero sentir um calafrio ou arrepio de dor.
Aliás, não sei o que custa mais, se o dinheiro gasto para tirar um dente, restaurá-lo ou desvitalizá-lo, se a boca escancarada em súplica, os maxilares em esforço, a língua para baixo e em pânico ou o excesso de saliva, que o aspirador desespera para conter.
Pensando bem, a libertação de dinheiro para algo que pode ser provisório e não vir a durar é ruinosa.
Para mim, os dentes doentes refletem o estado da nossa vida.
O pior disto tudo é que a perda de dentes não traz outros de volta para repor as falhas. É um traumatismo exposto que te deixa vulnerável e, no pior dos cenários, desfigurada e distante da imagem perfeita e ideal.
Nascemos para ser bonitos e perfeitos. Este é o padrão.
Os dentes têm que ocupar todo os espaços, ser brancos como a cal, estar alinhados, limpos e imaculados.
A ser verdade que os dentes são o espelho da nossa vida, então, falhei cabalmente.
Poucos são aqueles que não têm chumbo.
Meus dentes nunca colaboraram para esse padrão e foram se fixando, conquistando o seu próprio espaço, porém distantes entre si. Algo que ajudou a identificar-me e a ganhar o rótulo popular e comum de mentirosa.
Com o patrocínio dos meus pais, coloquei uma mordaça metálica nos dentes para os forçar a não guardar distâncias e alinhar com os modelos de beleza universal e assim recuperar a vaidade em mim.
Na época, confesso, ter sido preponderante para a elevação da minha auto estima.
Hoje em dia, para meu descarado perplexo, as modelos com diastema são capa das revistas de moda com maior relevo internacional. Essa particularidade estética é vista como carismática, sedutora, charmosa e assume-se na rebeldia da diferença. Uma imagem de marca poderosa, que dantes era vista como imperfeita e inestética.
Apesar de ter vindo com alguns anos de atraso, para tristeza da jovem que um dia fui, veio abalar os estereótipos de beleza escarnados.
A imperfeição passou a ser apreciada e aproveitada pelas marcas através de anúncios que exaltam sentimentos de empatia para com todos aqueles e aquelas que não cumprem os padrões de beleza "normais" e são vítimas de olhares, comentários e segregação.
Diastemas, heterocromia, vitiligo, estrias, entre outras imperfeições, outrora, vistas como anormalidades, nos dias de hoje, são realçadas e evidenciam a natureza feminina na sua plenitude e autenticidade, alegre e triunfante, que não esconde a invulgaridade e exotismo da sua beleza.
Acordei o mundo
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