segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Final Feliz

"Quando se ama alguém, tem-se sempre tempo para essa pessoa. E se ela não vem ter conosco, nós esperamos. O verbo esperar torna-se tão imperativo como o verbo respirar. A vida transforma-se numa estação de comboios e o vento anuncia-nos a chegada antes do alcance do olhar. O amor na espera ensina-nos a ver o futuro, a desejá-lo, a organizar tudo para que ele seja possível. É mais fácil esperar do que desistir. É mais fácil desejar do que esquecer. É mais fácil sonhar do que perder. E para quem vive a sonhar, é muito mais fácil viver."

in Diário da tua Ausência
Margarida Rebelo Pinto


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Não estavamos preparados mas sabíamos que ia acontecer. Mesmo assim arriscamos. Assumimos sem pensar naquilo em que nossas Vidas se iriam transformar. Muitas emoções se atropelaram, tantas que algumas ainda estão por descodificar e por pouco não arrasaram connosco. Volto a dizer, não estávamos preparados para abdicar de nós, das nossas vontades, dos nossos ócios e de alguns prazeres também. Apesar de continuarmos a dizer que trouxe felicidade, certo é que também abalou com alguns alicerces pouco sólidos e que ameaçaram ruir caso não tomássemos uma atitude.
Se calhar nós é que não havíamos dado conta que estávamos distantes, na forma de estar, de pensar, de reagir, de exprimir, de encarar a realidade. Muito provavelmente, andávamos distraídos no computador, no trabalho, na leitura, na selecção dos programas de tv, nas saídas a dois no meio da multidão, nos nossos hobbies e de repente temos que colaborar em equipa e criar consensos. Afinal, viemos a descobrir que também há algo que nos desune e em que nos revelamos antagónicos.
Cada um quis impôr suas razões e nenhum estava disposto a aceitar a razão contrária porque afinal estavamos ambos a colaborar para o mesmo e a dar o nosso melhor e nada mais ofensivo do que nosso parceiro para a Vida nos venha apontar erros ou más condutas, quando apesar de todas as contrariedades continuamos ali, presentes, activos, resistentes e a dar tudo de nós.
Quando damos por nós estavamos a discutir miudezas e a esgotar as energias remanescentes, que deveriam ser empregues em algo que ajudasse à regeneração física e psicológica.
Já nem havia tempo para lamber as feridas. Só havia tempo para repetir tarefas e descansar nos intervalos. Qualquer incómodo era encarado com a nossa máxima intolerância, a qual se encarregava de azedar o ambiente e contribuir para silêncios profundos, mágoas, distanciamento emocional, desilusão e uma sensação de perda iminente.
Estavamos demasiado cansados para procurar outras formas de reacção com efeitos apaziguadores. Limitavamo-nos a aliviar o nosso desespero com troca de palavras, mais letais que disparos de bala.
 Fomos obrigados a isolar-nos e cada um fazer a sua própria introspecção e tentar perceber se queríamos continuar a lutar ou desistir a meio. Se valia a pena aceitar nossas diferenças e não deixar que elas pesassem na nossa relação, dando continuidade à nossa história ou então encurtá-la e transformá-la num resumo dos melhores momentos e cada um seguir seu caminho, sem descurar nosso bem mais precioso.
Apesar de alguns saldos negativos, ainda ficamos com algum fundo de maneio para tentar mais uma vez recuperar a felicidade que existia quando estávamos juntos.  

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