O Mês de Agosto é pior que uma virose infecto-contagiosa.
Seu efeito é mais avassalador que uma virose. Agosto é sinónimo de enchentes,
excessos, falta de civismo, ruído, música alta, gritaria, afundanços na piscina
como se esta fosse exclusividade só de alguns, turistas com ar perdido e cansados
de procurar por ajuda de gente capaz, preços inflacionados na restauração, filas para o pão,
filas para os gelados, filas de trânsito, filas à entrada das discotecas de elite,
filas de espera para comer, taxistas gananciosos que aos poucos vão
matando o turismo na região com a sua esperteza saloia, excursões, romarias, muito fogo de artifício com altos patrocínios, angariados pela comissão de festa da terrinha, filas
de automóveis que se estendem ao longo da via, aguardando estoicamente por estacionamento no
melhor spot, operações stop ao virar da esquina, casamentos sem parcimónia,
cheiro intenso a creme protector solar, crianças em euforia gozando de uma
liberdade sem freios, desrespeito pelos sinais de trânsito, que ganham a
qualidade de placas decorativas em tons de perigo e prevenção, cães
incontinentes e donos despreocupados, filas nas caixas dos hipermercados, filas
para levantar dinheiro, fila para abastecer nas bombas de gasolina, lixo acumulado,
mau serviço, cheiro a churrasco, a indústria paraliza e o comércio ganha expressão com o chamariz dos saldos de fim de estação, incêndios com e sem mão criminosa, aceleras, buzinadelas cheias de
carga nas mãos de manipuladores imbecis que carecem de atenção, francês com
sotaque português, chicos espertos, ânimos exaltados, ataques de bola arremessadas por pés de pato, pressa muita pressa,
larápios à espreita, mirones, voyeurs ou, simplesmente, pasmões assumidos, garotas a querer parecer mulheres e mulheres a querer parecer garotas, para deleite dos engatatões, início de mais uma temporada de futebol com destaque para as novas aquisições e tema para dominar uma época, não fosse ele o desbloqueador de conversa preferido dos machos militantes, aspersores de rega descontrolados, motards e seus malditos rateres. É a chegada do silly month.
O Mês de Agosto faz-me lembrar os domingos de
chuva no centro comercial. Só “pobo” aos magotes a ocupar todos os espaços, até
os mais apertados, até caber. Socorrooooooooooooooo!
Loucura loucura para aqueles que gostam de
viver no inferno e para esquecer, para aqueles que procuram sossego e
oportunidade para apreciar sem ficar chocados.
Tudo choca no Mês de Agosto. É um mês que
cultiva o mau gosto, a má educação, más atitudes, más posturas, más companhias,
mau funcionamento, mau atendimento, que incita ao desgoverno, um mês onde o
cumprimento de regras se torna a excepção e não prática corrente, basicamente, um
mês sem limites.
Por tudo isto, o Mês de Agosto só é Querido
por alguns.
Curioso é perceber que se fragmentarmos a palavra
Agosto podemos convertê-la em A gosto, ou seja, o Agosto é assim mesmo, ao gosto
dos seus seguidores que o tornam só seu e de mais ninguém, sem cerimónias e quanto mais piroso melhor.

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