Cada vez que consulto as redes sociais, meu estado de ansiedade dispara.
Não sei o que vou encontrar, nem o que o algoritmo preparou para mim.
Não sei o que vou encontrar, nem o que o algoritmo preparou para mim.
Circulam imagens difusas, que alternam entre crianças desnutridas, desamparadas, orfãos entregues a si próprios e férias luxuosas em destinos paradisíacos
Esta alternância entre o caos e o ilusório modifica-nos e, sem nos apercebermos, torna-nos dependentes de artificialidades, com tendência a normalizar estes dois mundos tão antagónicos e diametralmente opostos.
A realidade atual coloca em destaque, crianças indefesas, desprotegidas, subjugadas às leis e vontades dos adultos, sem perspectiva de futuro, a quem a infância foi arrancada, entregues à maldade humana, amaldiçoadas, votadas ao abandono, sem cuidados, enfermas, escravizadas e impedidas de viver em paz e explorar a sua felicidade livremente.
O pior disto tudo é que não se trata de um pesadelo ou de uma encenação brutalmente dramática.
Esta é a realidade em que vivemos!
Mais valia sermos engolidos por um tsunami e nascermos de novo.
Se eu e, muitos como eu, não aguentam ver as imagens que circulam, de cenários de guerra, morte, desespero humano e buscam limpá-las com purpurina e trivialidades, o que será, viver nessa carnificina.
Pelos vistos, o Hitler e seus desígnios não morreram.
O propósito é o mesmo. Limpeza étnica e conquista territorial, sacrificando nações inteiras, populações inocentes, vingando um poder insaciável e indomável.
A única coisa que mudou desde o holocausto foram os meios de divulgação dessas imagens e sua reprodução no universo digital, com milhões de visualizações, partilhas, likes e comentários. Imagens virais que circulam descontroladamente, nem parecem reais, de tão bárbaras que são, diante de uma assistência apática, ociosa e impotente.
O que se segue depois disto?
O pior e o melhor convivem no mesmo espaço e ganham a dimensão que lhes quisermos dar.
Parece que não há mais salvação para este mundo e, o melhor mesmo, é nascermos de novo e criar alertas automáticos para corrigir desvios de humanidade.
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