"Quanto mais diferente de mim alguém é, mais real me parece, porque menos depende da minha subjectividade."
Há quem queira ser gente eu apenas quero ser alguém. À partida parece que não existe diferença entre estas duas formas de querer mas a distância entre elas é grande demais, tão grande que não criaram ainda um intervalo para a mensurar. Aqueles que querem ser gente não passam disso mesmo, apesar de acharem que valem muito mais. Se os pudermos qualificar, eu qualificá-los-ia como aquele substrato de pessoas que se acham, sem nunca chegarem a sê-lo verdadeiramente. Nós, aqueles que queremos ser alguém, preferimos deixá-los pensar que são realmente gente. Suas ilusões divertem-nos. Seus modos excessivos, cheios de vontade de resgatar atenções, sua esperteza saloia, sua falta de noção, seu diálogo pobre e inconsistente, suas apreciações sobre os outros, sua mania de intromissão em tudo que não lhes diz respeito, suas interrupções, suas lamúrias, sua vitimização, sua opacidade, sua insistência na comparação com os outros, colocando-se sempre em vantagem, são algumas das características daquelas pessoas que não páram de se achar mas que jamais irão surpreender ou sequer ser consideradas um exemplo a seguir.
Na verdade quando eles se manifestam, facilmente percebemos que estamos perante gente. Seu cantar de galo revela bem o género. Sabem tudo, opinam sobre tudo, cobiçam o que é de fora, reclamam perfeição, remoem baixinho e ganham proximidade apenas para sugar tuas energias.
Ser alguém é muito mais que isso. Aliás, nada tem a ver com ser gente. Os que realmente o são não o sabem ou abafam o caso e os que acham que o são, nunca o foram nem nunca o serão.
Cada vez que me deparo com pessoas comprometidas com a nobreza de espírito, apetece-me logo conhecê-las e fazê-las minhas amigas e inspirar-me nelas. Não precisam ser perfeitas. Nem é isso que se pretende. Aliás a perfeição não existe, nem deve ser a maior preocupação da nossa existência.
Não basta ter vontade de ser alguém é preciso ter perfil para o ser. A pretensão de querer ser alguém não deve ser encarada como um carimbo ou marca registada que só arrasta vantagens futuras e notabilidade. O que alimentamos interiormente, os sentimentos que exaltamos, as nossas acções, os nossos pensamentos, as nossas vontades, a nossa dignidade, aquilo que atraímos e provocamos nos outros, definem-nos. A ideia não é agradar a toda a gente e sim agradarmos, tão somente, a nós mesmos. Só assim seremos capazes de reproduzir algo genuínamente nosso, que só alguns saberão compreender e aproveitar. Eles são e deverão ser os merecedores da nossa atenção. Dos outros não rezará a nossa história.
Não basta ter vontade de ser alguém é preciso ter perfil para o ser. A pretensão de querer ser alguém não deve ser encarada como um carimbo ou marca registada que só arrasta vantagens futuras e notabilidade. O que alimentamos interiormente, os sentimentos que exaltamos, as nossas acções, os nossos pensamentos, as nossas vontades, a nossa dignidade, aquilo que atraímos e provocamos nos outros, definem-nos. A ideia não é agradar a toda a gente e sim agradarmos, tão somente, a nós mesmos. Só assim seremos capazes de reproduzir algo genuínamente nosso, que só alguns saberão compreender e aproveitar. Eles são e deverão ser os merecedores da nossa atenção. Dos outros não rezará a nossa história.









