segunda-feira, 25 de março de 2024

A Felicidade não é uma profissão

A Felicidade persegue-nos ou nós é que perseguimos a felicidade?

Agora, fiquei na dúvida.

O tema felicidade não é novo mas, subitamente, ganhou um mediatismo esquizofrénico e a pressão para sermos felizes é torrencial. Até parece que todos nascemos privilegiados e se cumprirmos determinados mandamentos, práticas e súplicas seremos verdadeiramente felizes.

No meu caso, sinto que a felicidade me persegue a todo o tempo e toda a hora. Os modelos de felicidade atuais massificaram-se e as montras virtuais exibem-nos de forma descarada e alucinada, fazendo-me acreditar na sua multiplicação e no seu foco de contágio.

O que me impede de acreditar nesses modelos purpurina é um ditado antigo e geracional que me intima a ver para crer. Só compro, se conseguir comprovar seus benefícios em mim.

Estes são os remédios infalíveis para ser feliz, prescritos por gurus encartados em felicidade.

Dormir bem,

Comer melhor,

Ingerir muita água,

Praticar exercício físico,

Meditar,

Agradecer,

Sorrir, 

Socializar com pessoas positivas e bem humoradas,

Caminhar na natureza,

Fazer novos amigos,

Respirar fundo....e tentar não ter um ataque de ansiedade.

A felicidade não é uma profissão, nem uma folha com limites e margens que não podem ser ultrapassadas.

Vejam o caso dos obsessivo compulsivos e supersticiosos, que precisam escovar os dentes durante trinta segundos, para não atrair azares. O que os movimenta é a rival antagonista da felicidade. Suas ações repetitivas funcionam como as orações orientadas para deus, ajudá-los a não desviar-se do caminho e orientá-los.

Sou feliz quando percorro as estradas de Portugal e visito de longe as casas arrumadas na paisagem, prescruto-as, sem invadir seus aposentos, decifro os seus gostos, invento detalhes escondidos, procuro sinais de vida e depois regresso à minha, plena de contentamento.

A felicidade não é o propósito. O propósito é viver! 





segunda-feira, 18 de março de 2024

AMANHÃ É DIA DO PAI

Amanhã é dia do Pai.
A propósito disso, lembrei-me de todos os pais repetentes, aqueles que têm mais do que um filho e se isso contribuiu para uma maior aprendizagem sobre como ser um bom pai.
Eu sou a filha mais velha, juntamente, com a minha irmã gémea e acredito que para os meus pais, não tenha sido fácil saber, no dia do parto, que afinal em vez de uma, seriam duas meninas. Minha mãe ainda não devia ter recuperado a consciência e meu pai, perdeu-a naquele instante. Nem houve tempo para assimilar a notícia. O choque deve ter sido tsunámico,
A forma como encararam a maternidade e paternidade demonstra-o bem. Para eles era uma obrigação assistencialista.
A partir de agora, estamos obrigados a cuidar da sua saúde, alimentação, educação e dentição.
Como se não bastasse tudo isso, ainda tiveram que bancar botas ortopédicas. Um par para cada uma de nós. Até na doença somos solidárias.
Cada ida nossa ao médico era um sangramento na sua carteira e um ar desesperado nos seus rostos.
O dinheiro era contado e o mínimo desvio implicava apertos sufocantes.    
A realidade não dá margem para amar melhor.
Ambos na casa dos vinte anos, inexperientes, desamparados, carentes de amor, com duas filhas no colo, deveria ter sido aterrador.
E agora?
Os recursos eram escassos, não tinham casa própria, não tinham o apoio dos pais, os direitos dos trabalhadores ainda não tinham sido fundamentados, nem consagrados na lei, o país tinha saído há muito pouco tempo de uma ditadura e o que se segue é um mundo novo e incerto. Na verdade, as circunstâncias não eram as melhores e ambos estavam a tentar sobreviver a tudo isso, competentemente.
Há prioridades que se agigantam e obrigam a endurecer nossas capacidades de resistência, face às dificuldades para criar uma vida familiar digna e, inevitavelmente, retira tempo para tudo o resto, que é tão ou mais importante, como estar, acompanhar, conviver, abraçar, mimar, afetos, cumplicidades, tolerâncias, empatias e colinho bom.
O jovem adulto recém casado e desprovido de recursos emocionais, não teve tempo para ser muito mais do que um pai assistencialista.
Do que há não falta nada! 




terça-feira, 5 de março de 2024

VIOLA DAVIS

Se há mulher que merece um epíteto é Viola Davis.

Viola a dominadora!

De facto, ela domina a sua arte e tudo o que ela faz é dominante e avassalador.

Não sei se a conhecem. Certamente, já ouviram falar dela e, muito provavelmente, assistiram a pelo menos um dos filmes, onde ela é protagonista. Se não, aconselho a visitarem seus trabalhos mais recentes. A sua entrega é total e avassaladora. Parece até que, permanece dependente do sonho para sair da miséria abjeta onde cresceu.

As suas personagens são carismáticas e intensas. 

É impressionante o seu estoicismo e garra para vencer as duras batalhas herdadas dos seus antepassados e escapar de um destino desastroso. Apesar de ter nascido condenada, não claudicou. Demarcou-se dessa condenação, procurou ativamente sair daquele beco sem saída e foi bem sucedida. Aliás, muito bem sucedida.

Um exemplo de superação!

Na entrevista intimista concedida a Oprah Winfrey confessou que, o sonho de ser atriz era a sua única saída, lado a lado, em termos de importância, da comida e higiene, num período de extrema escassez e carência.

A sua fibra é algo inato e Viola soube tirar aproveitamento dessa bênção. Diante de um enquadramento tão devastador, é muito difícil contrariar as evidências e construir um caminho novo de oportunidades com muita ilusão, como ela o fez. O normal seria acabar na indigência, com muitos traumas por resolver e num modo auto destrutivo.  

Viola contrariou todas as previsões e tornou-se um prodígio. 


sexta-feira, 1 de março de 2024

ANITA EM CAMPANHA ELEITORAL

Conhecem a Anita dos livros infantis?

Há 70 anos atrás, Anita já era uma menina politizada. Tudo indica que foi ela quem iniciou o movimento das campanhas eleitorais.

Não acreditam? 

Então, vejam só, se todas as histórias onde ela participou e foi protagonista não se passam na rua, em contato com pessoas, nos seus contextos profissionais e sociais.

Até lhe chamam a Anita das arruadas.

Anita no mercado

Anita no quartel dos bombeiros

Anita na rua

Anita no lar de idosos

Anita no posto da gnr

Anita na feira

Anita no campo

Anita na escola

O que faria Anita nestes lugares povoados de futuros votantes?

A sua aparição nestes contextos não era inocente, havia uma motivação por trás de tudo isso.

Agora sei disso, mas enganou-me bem.

O modus operandi da Anita é conhecido. 

Ganhar proximidade com as pessoas, mostrar afeto e conquistar sua confiança, para no dia de todas as decisões, elegerem-na como a favorita. 

Acho até que foi ela quem registou esse método de atuação e vigora até hoje.

Suspeito que, André Ventura, Luís Montenegro, e Pedro Nuno Santos se inspiraram nos seus livros e adotaram suas estratégias de abordagem política. 

Há uma Anita versão 7.0 em cada um deles.

Estejam atentos!







quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Elos Femininos

Quero mais Mulheres Unidas!

Este é um grito em forma de apelo/desejo para que isto mude e possamos afirmar-nos livremente, sem julgamentos, nem opressões.

Não precisamos aglomerarmo-nos em almoços e jantares, alusivos ao dia da mulher, para vingarmos a nossa condição feminina e demonstrarmos que podemos gozar da mesma liberdade dos homens.

Os homens ficam de fora, é certo, porém, os machistas continuam os mesmos e a militância machista não acaba com a celebração do dia da Mulher.

A celebração deste dia reafirma a necessidade de continuar a lutar pelos direitos das mulheres e no dia em que deixarmos de celebrá-lo, então, é caso para dizer que conseguimos fazer justiça e desviar a concentração do poder de decisão para as mulheres.
  
Os homens providos de inteligência emocional e bem resolvidos respeitam e reconhecem a importância das mulheres na sua vida. Reconhecem-nas, não pelo seu grau de utilidade relativamente a eles, mas pelo que entregam e acrescentam.
  
Seguramente, cresceram num ambiente onde há espaço para todos e as presenças femininas são poderosas e valorizadas, para além de serem uma inesgotável fonte de amor.

Está na hora de alguns homens despirem o fato velho e gasto dos privilégios, herança dos seus antepassados primitivos e machistas.

Unidas na defesa dos direitos das mulheres, no seu crescimento, no acesso às mesmas oportunidades, protegidas por uma ética de reconhecimento, que não distingue gêneros, no alívio das cargas que lhes colocam, só porque nasceram mulheres, na erradicação de escrutínios, objetificações, castas, comparações, validações e modelos ou padrões já vencidos, que visem as mulheres. É desta forma que seremos vingadas!

Para acabar com a onda de violência e injustiças cometidas sobre as mulheres e ganhar esperança num mundo justo, é preciso mudar mentalidades através da formação das comunidades jovens, seus tutores, pais, professores, orientadores, no sentido de criar bases de entendimento saudáveis, sustentadas por uma comunicação permanente e consciente da importância do outro.

Os desejos e vontades das mulheres não podem ser mais secundarizados e dominados pelos dos homens, com base num legado imposto, nunca proposto, a que perigosamente nos fomos habituando e resultou numa conivência com caráter de penitência.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Partiu um Homem Bom!

 Partiu um Homem Bom!

É assim que o vamos recordar, porque ele é um homem genuinamente bom. De todos os papéis que assumiu e foram muitos, honrou-os a todos com sua generosa e meiga forma de ser. Felizes daqueles que o conheceram e com ele conviveram como eu. 

Sempre de lenço na mão a enxugar as lágrimas de riso ou de emoção. Sem saber, estava a expor o seu terno e bondoso coração. 

Todos os domingos, perto da hora de almoço, corria até à entrada de casa para nos receber e essa era a sua maior alegria, ver-nos bem e próximos. 

Os rapazes?

E o menino?

Tal era a ansiedade de os reencontrar.

O último passeio que fizemos juntos, deixou muitas e boas memórias. A harmonia era tão grande e as sensações tão boas, que nem reagimos à desesperante demora do nosso pedido, feito num restaurante algures em Montargil. Tudo era motivo de riso e gargalhada. A feijoada seria apenas um consolo.

Estávamos possuídos de felicidade.

Até me lembro da última piada do Sr. Fernando, enquanto passeávamos em Constança. Ao cruzarmo-nos com uma família congelada para a foto, ouço-o dizer baixinho " 1 2 3 fecha os olhos".

Nunca negava ajuda e fugia de ser ajudado.

Entre outras coisas, o que mais admiro nele é a vontade genuína de estar connosco, sem exigir nada em troca, sem reclamar a melhor parte para si, nem pedir silêncio para ouvir as notícias, nem demonstrar desconforto ou incómodo por permanecermos ali e impedi-lo de dormir a sesta. Aproveitava o presente!

Não descarregava passado, nem se atormentava com o futuro.

Hoje concluiu a sua passagem terrena e ascendeu a um lugar celeste e divino. Só espero que nesse lugar sagrado haja frango no churrasco. Sei que ia adorar!

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

CAFÉ OU CHÁ?

 

Café ou Chá?

Definitivamente café.

Nem hesito quando me dão essa opção, mas preferia não estar sujeita a este escrutínio, que parece querer criar divisões e ditar partidos.

 

Será que os coffee lovers são muito diferentes dos tea lovers?

 

Dentro desta categoria destaco os que colocam açúcar e os aderentes ao sugar free. Aproveito para adiantar que esta partidarização tem mangas para continuar, basta querer.

 

Se quiser dar continuidade a esta subdivisão de categorias, não me faltam opções.

 

Os que preferem bebê-lo quente e os que preferem bebê-lo morno, quase frio.

 

Os que dispensam o pires e aqueles para quem o pires é fundamental.

 

Se lhe dermos a escolher café ou chá, qual será a sua preferência?

 

Será que há um padrão que se desenha através das nossas escolhas mais básicas e desvenda a nossa personalidade?

 

Será que há um padrão nas nossas escolhas habituais que define a nossa linha de pensamento político, religioso e social?

 

Em que medida, há linhas mestras de pensamento comuns, que conseguimos identificar através das nossas preferências, escolhas, tendências e tomadas de posição?

 

Melhor dizendo, quem toma café ou chá está colado a que linha mestra de pensamento?

 

Intensos ou Moderados?

 

Ateus ou Católicos?

 

Conservadores ou Livres?

 

Clássicos e Puristas ou Modernos e Progressistas?

 

Independentes ou Dependentes?

 

Esquerda ou Direita?

 

AND SO ON

 

Certamente há aqueles que preferem ambas e não discriminam e é, justamente, essa indefinição que os destaca desses registos únicos, exclusivos e partidaristas.

 

É legítimo considerar este género uma minoria?

 

É legítimo afirmar que a maioria de nós tem maior inclinação por uma dessas bebidas (café ou chá) e com base nisso é possível perceber o padrão, a simpatia por certas tipologias de pensamento e contextos, em detrimento de outros?

A atenção a estes pormenores aparentemente sem importância, ajudariam a antecipar incompatibilidades e evitar a ocorrência de muitos problemas relacionais.

 

NÃO VOS PARECE?

 

Há hábitos, há preferências, há tendências sistemáticas que geram um padrão e sinalizam a nossa forma de ser e interagir.

 

Podemos considerar um facto ou não passa de uma observação avulsa que não basta para construir uma verdade absoluta?

 

Este pode muito bem ser o Dia Internacional dos Pensamentos Soltos e se não estiver no alinhamento da rubrica há dias para tudo, sugiro que o criem, para que esta minha divagação ganhe um enquadramento e faça sentido. 😊


CAFÉ OU CHÁ?


Obrigada!

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

BEBIDAS À PARTE

Bebidas à parte. Novamente, essa conversa. Socorro!
E se agora entrássemos nessa tendência de excluir o que parece acessório mas NÃO É.
Para mim beber durante a refeição é fundamental e melhora minha digestão. Recuso-me a morrer entalada ou ser boneco de borracha para demonstração pública de uma manobra de heimlich, feita por um amador/aproveitador qualquer, aspirante a  socorrista.
As bebidas têm de estar incluídas. Ponto!
Assim como a meia tem de estar incluída nas sapatilhas.
Assim como a chávena de chá, das visitas não habituais, tem de levar pires.
Assim como estufados com molho têm de ser acompanhados com pão.
Assim como papel de embrulho tem de vir acompanhado com laço.
Assim como carácter e personalidade estão interligados.
Para casar são precisos dois. Ninguém casa sozinho.
Comida casa com bebida e bebida casa com comida.
Há que estabelecer limites.
Qualquer dia exigem que tenhamos a dentição toda para ter acesso aos menus.
Só entra neste estabelecimento quem trouxer comprovativo de dentição própria definitiva, em bom estado e sem falhas e, claro, as bebidas são à parte.
Se quiser guardanapos peça a um dos nossos funcionários, responsáveis pelo economato.
Esta será uma das medidas futuras do team bebidas à parte.
E se essa moda pega nas relações amorosas?
Eu relaciono-me contigo mas os beijos são à parte. Para me beijar tem de deixar uma caução de 200 francos, que eu devolverei caso o beijo seja do meu agrado.
Pensando bem, esta medida até que é promissora. Acabaria com a procriação de sapos travestidos de príncipes ou sapas travestidas de princesas.
Escolham melhor vossas implicâncias.
Não impliquem com as bebidas. PLEASE!!!!!









 

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Algumas Notas sobre Amesterdão

Algumas notas sobre Amesterdão.
Não há correrias desenfreadas, nem desordem, apanágio das grandes cidades, onde circula muita gente, uns com estadia fixa e outros em regime transitório. Tudo funciona bem e organizadamente. Não há lugar a empurrões, nem apertos, todos cabem e são aceites.
O moderno e o antigo convivem harmoniosamente numa cidade, que ousa respeitar todas as formas de expressão e não discute conceitos de beleza.   
Uma cidade flutuante que se estende pelos seus canais, com um curso de 75km e onde os ciclistas incautos podem vir a desaparecer. Andar de bicicleta é uma prioridade e dominar essa prática uma necessidade, para não sofrer quedas aparatosas, embaraçosas e dolorosas.
Antes de aterrar em Amesterdão e unfasten seat belt é preciso tomar conhecimento da predominância das bicicletas e seu direito de passagem face aos peões. Se respeitar esta regra, não terá de se preocupar com mais nada e tudo fluirá na perfeição.
Se há cidade onde ser jovem é fácil, essa cidade é Amesterdão. Não há entraves geracionais, a curiosidade e aprendizagem são fomentadas e todos saem beneficiados. Amesterdão é uma cidade que soube plantar para colher.
Não me refiro às tulipas e sua resistência em ambientes frios e gelados. Se bem que a sua produção é um dos principais motores da economia holandesa.
Rembrandt e Van Gogh são clássicos na história de arte holandesa, que nunca cairão no esquecimento e são inspiração de artistas emergentes talentosos.
Depois temos o Red Light District, uma porta aberta para a mais antiga profissão do mundo, que pretende romper tabus e expor o que sempre existiu com suas variedades e bizarrias. Sem querer vamos lá parar e a curiosidade cresce mas não é muito mais do que isso.
É daquelas cidades que nos faz arrepender de não ter arriscado em jovem estudar, exercer uma profissão e construir uma carreira no estrangeiro. Amesterdão é a cidade perfeita para arriscar numa vida abroad.
    

   


  

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

É Hoje!!!

 

Algo bom deve estar prestes a acontecer.

É desta forma que tento acordar todas as manhãs. Nem sempre acontece, mas é o melhor ponto de partida para ganhar esperança na vida, em nós, no universo e demonstra disponibilidade para seguir em frente.

Apesar de parecer uma lição de coach de algibeira, dessas que abundam por aí, nas redes e fora das redes e que influenciam multidões ávidas de milagres, não é essa a minha intenção. Juro!!

Obrigo-me a usar esta espécie de mantra porque, para mim, é mais fácil cair num buraco escuro, por lá ficar a ter pena de mim mesma e lamentar o meu estado no intervalo de cada soluço meu.

Cada vez que dobro mais um ano de vida e estou a dois dias de o fazer novamente, num mês que mais parece um pesadelo, recorro a estas âncoras fortalecedoras para emergir.

Hoje é sempre um bom dia para algo bom acontecer para registo na memória futura.

Falta saber o que nós entendemos por bom dia.

O que de bom pode acontecer para melhorar o nosso dia de hoje?

Qual o nível das nossas expectativas?

O que valorizamos?

O que nos motiva e qual é o curso das nossas energias?

Um bom dia não tem de estar identificado com as grandes conquistas, destacadas nas montras dos todo-poderosos. As conquistas que se baseiam em acumulação não sustentam por muito tempo os nossos bons dias, mas as conquistas que implicam beneficiar terceiros e melhorar suas condições de vida e promover bem-estar, essas sim prolongam o nosso bom dia.

Um sorriso de um desconhecido(a) entregue a uma tarefa enfadonha, ininterrupta e que lhe ocupa grande parte do dia, sem sobras de tempo para demonstrar o que gosta e sequer decidir o que quer é o exemplo de um bom dia que se repercute em benefícios crescentes para ambos.

Os bons dias resultam daquilo que não se vê mas se sente e propaga.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Porque os corredores dos mosteiros são tão compridos?

Porque os corredores dos mosteiros são tão compridos?

Provavelmente, deve ser para que o trajeto em silêncio seja mais prolongado e haja tempo para arrumar melhor os pensamentos, até entrarmos nos aposentos principais e iniciar uma interação.
A que propósito veio esta constatação com um grau de utilidade muito residual?
Na verdade, veio da vaga de frio que estamos a atravessar neste mês de janeiro de 2024, sempre tão comprido e agreste. Algo me fez pensar na vida vivida nos mosteiros, cujas paredes gritam austeridade e segredos antigos, que resultam de histórias inacabadas e vítimas inconformadas.
Para além disso, não conheço mosteiros aquecidos e com ambientes cosy. O desconforto faz parte das aprendizagens cristãs medievais e cada vez que visito a casa dos monges, sinto arrepios e nem todos eles são de frio.   
Recolhimento e reclusão não são propriamente palavras da mesma família, apesar de haver interesses cristãos em torná-las sinónimas. 
Felizmente, posso recolher-me em ambientes confortáveis e, mesmo assim, não me desviar do que é mais importante, só porque me encontro numa situação mais acolhedora. Os desequilíbrios ambientais respirados nos mosteiros medievais, amigos próximos do desconforto, não promovem equilíbrios espirituais e alinhamentos emocionais necessários para valorizarmos o que está certo e desencadear o bem. Pode até dar-se o efeito contrário e se calhar é, por isso, que há histórias que revelam existir segredos que ocultam maldades obscenas. 
 



 

Acordei o mundo

Najla tinha muita dificuldade em dormir. No seu entender, a vida podia acabar se se deixasse adormecer. Uma convicção implantada, desde a m...