quarta-feira, 17 de abril de 2024

Escassez de "Nabeiros"

 

Estamos a caminhar a passos largos para uma escassez de “Nabeiros”.

É preciso ainda mais empreendedores, responsáveis de negócios, empresários, donos de indústrias produtivas e transformadoras, empregadores, visionários, homens e mulheres com iniciativa para criar e entregar valor, impulsionadores de ideias, o que lhe queiram chamar.

As conjunturas atuais vão sendo cada vez menos favoráveis à criação de empresas de uma certa dimensão e com um grau de responsabilidade elevado. A incerteza é o principal fator dissuasor.

Se dantes havia muito com que nos preocuparmos, atualmente, mais ainda. As guerras regressaram, com elas a escassez de produtos e recursos, o seu encarecimento, a fome, a alta taxa de mortalidade, a baixa taxa de natalidade, o envelhecimento populacional, a deflorestação, a contaminação, as pragas, os incêndios, as cheias, os novos vírus epidemiológicos, os golpes de estado, as quedas dos governos, a corrupção crescente, a dependência financeira, os lobbies, corrigir injustiças salariais, a obrigação de cumprir com as normas e políticas europeias, o pacto de estabilidade e crescimento, os critérios de convergência, a carga fiscal pesada, as oscilações das medidas governativas, a burocratização e centralização do poder, a crescente pressão tecnológica, a invasão da inteligência artificial, os ciberataques, a volatilidade dos mercados, as mentalidades emergentes e o seu impacto nos negócios e nas nossas vidas. Tudo conspira contra o sonho de criar algo nosso, com benefícios internos e externos.

É cada vez mais evidente o quanto isto é efémero e cresce a desmotivação de empreender algo duradouro e permanente.

Se houve algo que o ano 2020 nos ensinou é que imprevistos acontecem e temos de estar preparados.

 

Enquanto familiar direta de um empresário, desde cedo, senti na pele, o quanto custa manter e prosperar um negócio. Há muitos riscos e perdas envolvidas.
O empresário tem momentos de solidão e angústia que ninguém parece entender, a não ser os próprios.

A fibra do empresário deste século e dos séculos vindouros, não se pode revestir de excesso de confiança, excesso de trabalho, uma só palavra, vaidade desmedida e muita fé. As rezas e ações terão de ser outras.
O empresário vingador é aquele que humaniza a sua organização e descola-se da rigidez do seu papel de gestor de negócios.

Há cada vez mais fatores externos a ameaçar abalar o sistema empresarial vigente e a ditar desvios e tendências à velocidade da luz, o que quer dizer que, ou te adaptas e acumulas vantagens competitivas diferenciadoras, ou morres.

Nem todos podemos ser “Nabeiros”. Porém precisamos, urgentemente, de homens e mulheres com a vontade, a disponibilidade, a abnegação, a preparação e as capacidades certas, para lidar com os desafios e adversidades atuais, para dar continuidade aos negócios e fazê-los crescer.  

terça-feira, 16 de abril de 2024

Colonos do Algarve

Ainda sem idade para entrar no segundo ciclo e, meus pais, já arriscavam ir conosco para o Algarve. Recorde-se que, há quarenta e quatro anos atrás, não havia tantas auto estradas, nem trajetos fáceis, muito menos, trajetos rápidos e anti vómito. Muitas vezes, fomos sujeitos ao para arranca e sempre que éramos obrigados a parar, as sombras encolhiam diante do imenso astro quente. Corados de sol e transpirados de irritação, acusávamos impaciência ao cubo. Não havia sono que nos pegasse. Entretanto, meus pais tentavam não descarregar tudo em nós. Cada vez mais inquietos e endiabrados, vomitávamos estrada pelos olhos e os pedidos constantes para fazer xixi, era a forma de escaparmos aos encostos suados, porém, já tínhamos esgotado todas as vidas e, já sem margens de tolerância, minha mãe reage e distribui, em modo automático, safanões nas nossas pernas, apesar de, se o quisesse, estar capaz de alcançar as nossas orelhas. Seu braço, subitamente, parecia uma viga com propriedades elásticas e flexíveis extraordinárias. 
O remédio não foi santo, eu diria que, foi certeiro e nos pôs a dormir com um só knockout, o  resto do caminho. Quando acordássemos, nem saberíamos o que nos tinha acontecido.
Finalmente chegávamos, famintos, pegajosos, estremunhados e de sacas na mão, percorríamos o jardim do aldeamento, à procura de sinais de diversão, presenças amigáveis e simpáticas, que queiram brincar conosco e tornar as férias de verão memoráveis.
Nós agíamos como hóspedes convidados.
Nem as quedas de bicicleta tatuadas no corpo nos faziam abrandar. Da bicicleta, pulávamos para as raquetes de praia, das raquetes de praia, para os saltos e mergulhos para a piscina e nem os warnings do vigilante, que ameaçava interditar a nossa entrada no recinto, nos fez estremecer.
Os últimos a abandonar o recinto éramos nós, mirrados e cansados de felicidade.
Minha mãe bem tentou ler "A falha dos deuses" de Zenita Bladin, mas não passou do prefácio. Para ela nunca foram férias. 
Enquanto o nosso pai jazia na espreguiçadeira e demitia-se de todos os seus papéis. em compensação, a nossa mãe vivia em sobressalto, sem saber onde estávamos, o que estávamos a fazer, preocupada com a insolação, a indigestão, a alimentação, os banhos, as mudas de roupa, o sono, a bexiga cheia e a precisar esvaziar.
No ano seguinte e sem que nenhum de nós suspeitasse, voltavam a marcar férias nas praias do sul e a sujeitarem-se, novamente, às cargas do costume.
A minha mãe jurava que seria a última vez que iria de férias conosco para o Algarve e desfiava suas razões, enquanto nós, engolíamos a culpa, em silêncio.
Até o meu pai respeitava aquele momento, só dela.
Sabíamos que ia passar, só tínhamos que lhe dar tempo, até se recordar das nossas risadas à mesa, dos nossos mimos e abraços, do nosso cheirinho suave após o banho, das nossas piadas inocentes, dos colinhos de sono, das corridas na sua direção para mostrar todas as proezas que somos capazes de fazer, do nosso apetite voraz e do nosso despertar sem contrariações.
Com o tempo nossos pais foram ficando cada vez mais óbvios e mais importantes.

 


       
 

 

quarta-feira, 10 de abril de 2024

O que se seguirá?

Estou quase a chegar aos 50 anos e já se nota.

Todos os dias ganho um sintoma novo e não sei bem o que fazer com ele. Deixo que passe ou corro para as urgências, antes que seja tarde demais?

Agora entendo a minha mãe e seus acessos dramáticos, apesar de ter jurado para mim mesma, que ia ser uma pessoa muito diferente. A juventude deixa-nos convencidas e capazes de atrair os melhores atributos, aqueles que nos hão de levar mais longe e a lugares mais leves e animados.
Nem a frase que ela usou e fez aninhar os nossos ouvidos, mudou. Desta vez, sou eu a adotá-la e não me canso de repeti-la - " Um dia, quando eu não estiver cá, vocês vão dar-me valor e sentir minha falta. Só que, já será tarde".

Aos doze anos somos atacadas pelo monstro vermelho, obrigam-nos a usar soutien e a cruzar as pernas quando usamos saia, os pelos crescem livremente e povoam todas as zonas do nosso corpo, ganhamos ansiedade, irritabilidade e reagimos com agressividade.
Somos invadidas por uma avalanche de emoções e tudo assume dimensões gigantescas e catastróficas como, por exemplo, não ter sido convidada para a festa da amiga popular, que faz sensação sempre que chega à escola, na sua scooter pink, brilhante e berrante. Na verdade, um espelho seu.

Como se não bastasse tudo isto, ainda somos metralhadas pelas tias, avós e amigas da mãe, com a mesma pergunta indiscreta e pobre em criatividade, sobre se já temos namorado.
Nesta fase de mudança física brusca, não há namoros, nem sérios, nem duradouros, só sabemos que nascemos no género feminino e ele veio com dor. Uma dor muito incómoda, que se manifesta todos os meses e custa a passar. Não há lugar a partilhas sobre namorados. As amigas estão no topo das nossas preferências, bem como, as confidências que trocamos, que nos aproximam ainda mais e nos fazem sentir integradas.

À medida que crescemos e nos tornamos jovens mulheres, buscamos referências para criar o nosso look, o nosso perfil, trabalhar a nossa forma física e imagem, de forma cativante e sedutora. Uma nova pressão, a somar a todas as outras e que nos ocupa muito tempo. Esta é a fase do espelho meu, espelho meu, há alguém mais bonita do que eu. Na época, não havia ChatGPT e a pergunta, que carece de resposta, só poderia ser feita ao objeto mudo de cristal.

Há troca de olhares, há sorrisos tímidos, há interesses, há bilhetinhos, há piropos, há encontrões propositados, há escapatória às aulas, há beijos prolongados nos cantos escondidos e não vigiados da escola, há vivacidade, há juventude e vontade de nos expressarmos.
Esta fase seria das melhores, se durasse mais tempo, mas os rapazes são apressados e afirmam querer namorar conosco forever, para nos sentir um pouco mais. Acontece que, os amigos exercem uma forte influência e se ela exigir a sua atenção, eles vão reagir e puxá-lo para junto deles, alegando camaradagem masculina ou falta de um jogador para formar equipa.

Ela até quer mudar de apartado depois deste primeiro rompimento amoroso e só não o faz, porque as melhores amigas não deixam e sua mãe ameaça colocá-la num psicólogo.
Alguns fins de semana deslocada na terra do pai e as longas conversas com as amigas, fizeram-na esquecer do sapo moreno e cabelo à David Beckham. Seguiram-se outros sapos, novas histórias de amor passageiro e a vontade de acertar num, não tão sapo.

E a perseguição continua. Quando é que nos apresentas algo sério e com futuro?
Já estás em idade de casar e se deixas passar muito tempo, perdes a oportunidade de teres filhos. Estes e outros comentários mimosos são feitos por mulheres a mulheres, à queima roupa. As mulheres do meu tempo foram perseguidas e coagidas a repetir o padrão social vigente.

O casamento e os filhos contribuem para o avançar acelerado da idade e, inevitavelmente, para a queda do espelho e a vontade de o encarar. Priorizamos tudo, menos nós próprias. Constatamo-lo e verbalizamos alto esse desconforto, para que nos ouçam e nos poupem, mas continuamos a lutar por uma empreitada familiar equilibrada e feliz.

Quando tudo parece normalizar, eis que chega ela.

A crise suprema, a maior de todas, the greatest of all, aquela que tudo compromete, está a chegar. Os sintomas quintuplicam e os abalos internos são sísmicos e vibratórios. Quem estiver por perto, pode vir a ser atingido e estremecer de medo.
Nem é preciso colocar a tabuleta NÃO ME RECOMENDO, sente-se ao longe. 

O que se seguirá a tudo isto?

Quando é que as mulheres podem, finalmente, se sentir plenas.


 
   

segunda-feira, 25 de março de 2024

A Felicidade não é uma profissão

A Felicidade persegue-nos ou nós é que perseguimos a felicidade?

Agora, fiquei na dúvida.

O tema felicidade não é novo mas, subitamente, ganhou um mediatismo esquizofrénico e a pressão para sermos felizes é torrencial. Até parece que todos nascemos privilegiados e se cumprirmos determinados mandamentos, práticas e súplicas seremos verdadeiramente felizes.

No meu caso, sinto que a felicidade me persegue a todo o tempo e toda a hora. Os modelos de felicidade atuais massificaram-se e as montras virtuais exibem-nos de forma descarada e alucinada, fazendo-me acreditar na sua multiplicação e no seu foco de contágio.

O que me impede de acreditar nesses modelos purpurina é um ditado antigo e geracional que me intima a ver para crer. Só compro, se conseguir comprovar seus benefícios em mim.

Estes são os remédios infalíveis para ser feliz, prescritos por gurus encartados em felicidade.

Dormir bem,

Comer melhor,

Ingerir muita água,

Praticar exercício físico,

Meditar,

Agradecer,

Sorrir, 

Socializar com pessoas positivas e bem humoradas,

Caminhar na natureza,

Fazer novos amigos,

Respirar fundo....e tentar não ter um ataque de ansiedade.

A felicidade não é uma profissão, nem uma folha com limites e margens que não podem ser ultrapassadas.

Vejam o caso dos obsessivo compulsivos e supersticiosos, que precisam escovar os dentes durante trinta segundos, para não atrair azares. O que os movimenta é a rival antagonista da felicidade. Suas ações repetitivas funcionam como as orações orientadas para deus, ajudá-los a não desviar-se do caminho e orientá-los.

Sou feliz quando percorro as estradas de Portugal e visito de longe as casas arrumadas na paisagem, prescruto-as, sem invadir seus aposentos, decifro os seus gostos, invento detalhes escondidos, procuro sinais de vida e depois regresso à minha, plena de contentamento.

A felicidade não é o propósito. O propósito é viver! 





segunda-feira, 18 de março de 2024

AMANHÃ É DIA DO PAI

Amanhã é dia do Pai.
A propósito disso, lembrei-me de todos os pais repetentes, aqueles que têm mais do que um filho e se isso contribuiu para uma maior aprendizagem sobre como ser um bom pai.
Eu sou a filha mais velha, juntamente, com a minha irmã gémea e acredito que para os meus pais, não tenha sido fácil saber, no dia do parto, que afinal em vez de uma, seriam duas meninas. Minha mãe ainda não devia ter recuperado a consciência e meu pai, perdeu-a naquele instante. Nem houve tempo para assimilar a notícia. O choque deve ter sido tsunámico,
A forma como encararam a maternidade e paternidade demonstra-o bem. Para eles era uma obrigação assistencialista.
A partir de agora, estamos obrigados a cuidar da sua saúde, alimentação, educação e dentição.
Como se não bastasse tudo isso, ainda tiveram que bancar botas ortopédicas. Um par para cada uma de nós. Até na doença somos solidárias.
Cada ida nossa ao médico era um sangramento na sua carteira e um ar desesperado nos seus rostos.
O dinheiro era contado e o mínimo desvio implicava apertos sufocantes.    
A realidade não dá margem para amar melhor.
Ambos na casa dos vinte anos, inexperientes, desamparados, carentes de amor, com duas filhas no colo, deveria ter sido aterrador.
E agora?
Os recursos eram escassos, não tinham casa própria, não tinham o apoio dos pais, os direitos dos trabalhadores ainda não tinham sido fundamentados, nem consagrados na lei, o país tinha saído há muito pouco tempo de uma ditadura e o que se segue é um mundo novo e incerto. Na verdade, as circunstâncias não eram as melhores e ambos estavam a tentar sobreviver a tudo isso, competentemente.
Há prioridades que se agigantam e obrigam a endurecer nossas capacidades de resistência, face às dificuldades para criar uma vida familiar digna e, inevitavelmente, retira tempo para tudo o resto, que é tão ou mais importante, como estar, acompanhar, conviver, abraçar, mimar, afetos, cumplicidades, tolerâncias, empatias e colinho bom.
O jovem adulto recém casado e desprovido de recursos emocionais, não teve tempo para ser muito mais do que um pai assistencialista.
Do que há não falta nada! 




terça-feira, 5 de março de 2024

VIOLA DAVIS

Se há mulher que merece um epíteto é Viola Davis.

Viola a dominadora!

De facto, ela domina a sua arte e tudo o que ela faz é dominante e avassalador.

Não sei se a conhecem. Certamente, já ouviram falar dela e, muito provavelmente, assistiram a pelo menos um dos filmes, onde ela é protagonista. Se não, aconselho a visitarem seus trabalhos mais recentes. A sua entrega é total e avassaladora. Parece até que, permanece dependente do sonho para sair da miséria abjeta onde cresceu.

As suas personagens são carismáticas e intensas. 

É impressionante o seu estoicismo e garra para vencer as duras batalhas herdadas dos seus antepassados e escapar de um destino desastroso. Apesar de ter nascido condenada, não claudicou. Demarcou-se dessa condenação, procurou ativamente sair daquele beco sem saída e foi bem sucedida. Aliás, muito bem sucedida.

Um exemplo de superação!

Na entrevista intimista concedida a Oprah Winfrey confessou que, o sonho de ser atriz era a sua única saída, lado a lado, em termos de importância, da comida e higiene, num período de extrema escassez e carência.

A sua fibra é algo inato e Viola soube tirar aproveitamento dessa bênção. Diante de um enquadramento tão devastador, é muito difícil contrariar as evidências e construir um caminho novo de oportunidades com muita ilusão, como ela o fez. O normal seria acabar na indigência, com muitos traumas por resolver e num modo auto destrutivo.  

Viola contrariou todas as previsões e tornou-se um prodígio. 


sexta-feira, 1 de março de 2024

ANITA EM CAMPANHA ELEITORAL

Conhecem a Anita dos livros infantis?

Há 70 anos atrás, Anita já era uma menina politizada. Tudo indica que foi ela quem iniciou o movimento das campanhas eleitorais.

Não acreditam? 

Então, vejam só, se todas as histórias onde ela participou e foi protagonista não se passam na rua, em contato com pessoas, nos seus contextos profissionais e sociais.

Até lhe chamam a Anita das arruadas.

Anita no mercado

Anita no quartel dos bombeiros

Anita na rua

Anita no lar de idosos

Anita no posto da gnr

Anita na feira

Anita no campo

Anita na escola

O que faria Anita nestes lugares povoados de futuros votantes?

A sua aparição nestes contextos não era inocente, havia uma motivação por trás de tudo isso.

Agora sei disso, mas enganou-me bem.

O modus operandi da Anita é conhecido. 

Ganhar proximidade com as pessoas, mostrar afeto e conquistar sua confiança, para no dia de todas as decisões, elegerem-na como a favorita. 

Acho até que foi ela quem registou esse método de atuação e vigora até hoje.

Suspeito que, André Ventura, Luís Montenegro, e Pedro Nuno Santos se inspiraram nos seus livros e adotaram suas estratégias de abordagem política. 

Há uma Anita versão 7.0 em cada um deles.

Estejam atentos!







quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Elos Femininos

Quero mais Mulheres Unidas!

Este é um grito em forma de apelo/desejo para que isto mude e possamos afirmar-nos livremente, sem julgamentos, nem opressões.

Não precisamos aglomerarmo-nos em almoços e jantares, alusivos ao dia da mulher, para vingarmos a nossa condição feminina e demonstrarmos que podemos gozar da mesma liberdade dos homens.

Os homens ficam de fora, é certo, porém, os machistas continuam os mesmos e a militância machista não acaba com a celebração do dia da Mulher.

A celebração deste dia reafirma a necessidade de continuar a lutar pelos direitos das mulheres e no dia em que deixarmos de celebrá-lo, então, é caso para dizer que conseguimos fazer justiça e desviar a concentração do poder de decisão para as mulheres.
  
Os homens providos de inteligência emocional e bem resolvidos respeitam e reconhecem a importância das mulheres na sua vida. Reconhecem-nas, não pelo seu grau de utilidade relativamente a eles, mas pelo que entregam e acrescentam.
  
Seguramente, cresceram num ambiente onde há espaço para todos e as presenças femininas são poderosas e valorizadas, para além de serem uma inesgotável fonte de amor.

Está na hora de alguns homens despirem o fato velho e gasto dos privilégios, herança dos seus antepassados primitivos e machistas.

Unidas na defesa dos direitos das mulheres, no seu crescimento, no acesso às mesmas oportunidades, protegidas por uma ética de reconhecimento, que não distingue gêneros, no alívio das cargas que lhes colocam, só porque nasceram mulheres, na erradicação de escrutínios, objetificações, castas, comparações, validações e modelos ou padrões já vencidos, que visem as mulheres. É desta forma que seremos vingadas!

Para acabar com a onda de violência e injustiças cometidas sobre as mulheres e ganhar esperança num mundo justo, é preciso mudar mentalidades através da formação das comunidades jovens, seus tutores, pais, professores, orientadores, no sentido de criar bases de entendimento saudáveis, sustentadas por uma comunicação permanente e consciente da importância do outro.

Os desejos e vontades das mulheres não podem ser mais secundarizados e dominados pelos dos homens, com base num legado imposto, nunca proposto, a que perigosamente nos fomos habituando e resultou numa conivência com caráter de penitência.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Partiu um Homem Bom!

 Partiu um Homem Bom!

É assim que o vamos recordar, porque ele é um homem genuinamente bom. De todos os papéis que assumiu e foram muitos, honrou-os a todos com sua generosa e meiga forma de ser. Felizes daqueles que o conheceram e com ele conviveram como eu. 

Sempre de lenço na mão a enxugar as lágrimas de riso ou de emoção. Sem saber, estava a expor o seu terno e bondoso coração. 

Todos os domingos, perto da hora de almoço, corria até à entrada de casa para nos receber e essa era a sua maior alegria, ver-nos bem e próximos. 

Os rapazes?

E o menino?

Tal era a ansiedade de os reencontrar.

O último passeio que fizemos juntos, deixou muitas e boas memórias. A harmonia era tão grande e as sensações tão boas, que nem reagimos à desesperante demora do nosso pedido, feito num restaurante algures em Montargil. Tudo era motivo de riso e gargalhada. A feijoada seria apenas um consolo.

Estávamos possuídos de felicidade.

Até me lembro da última piada do Sr. Fernando, enquanto passeávamos em Constança. Ao cruzarmo-nos com uma família congelada para a foto, ouço-o dizer baixinho " 1 2 3 fecha os olhos".

Nunca negava ajuda e fugia de ser ajudado.

Entre outras coisas, o que mais admiro nele é a vontade genuína de estar connosco, sem exigir nada em troca, sem reclamar a melhor parte para si, nem pedir silêncio para ouvir as notícias, nem demonstrar desconforto ou incómodo por permanecermos ali e impedi-lo de dormir a sesta. Aproveitava o presente!

Não descarregava passado, nem se atormentava com o futuro.

Hoje concluiu a sua passagem terrena e ascendeu a um lugar celeste e divino. Só espero que nesse lugar sagrado haja frango no churrasco. Sei que ia adorar!

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

CAFÉ OU CHÁ?

 

Café ou Chá?

Definitivamente café.

Nem hesito quando me dão essa opção, mas preferia não estar sujeita a este escrutínio, que parece querer criar divisões e ditar partidos.

 

Será que os coffee lovers são muito diferentes dos tea lovers?

 

Dentro desta categoria destaco os que colocam açúcar e os aderentes ao sugar free. Aproveito para adiantar que esta partidarização tem mangas para continuar, basta querer.

 

Se quiser dar continuidade a esta subdivisão de categorias, não me faltam opções.

 

Os que preferem bebê-lo quente e os que preferem bebê-lo morno, quase frio.

 

Os que dispensam o pires e aqueles para quem o pires é fundamental.

 

Se lhe dermos a escolher café ou chá, qual será a sua preferência?

 

Será que há um padrão que se desenha através das nossas escolhas mais básicas e desvenda a nossa personalidade?

 

Será que há um padrão nas nossas escolhas habituais que define a nossa linha de pensamento político, religioso e social?

 

Em que medida, há linhas mestras de pensamento comuns, que conseguimos identificar através das nossas preferências, escolhas, tendências e tomadas de posição?

 

Melhor dizendo, quem toma café ou chá está colado a que linha mestra de pensamento?

 

Intensos ou Moderados?

 

Ateus ou Católicos?

 

Conservadores ou Livres?

 

Clássicos e Puristas ou Modernos e Progressistas?

 

Independentes ou Dependentes?

 

Esquerda ou Direita?

 

AND SO ON

 

Certamente há aqueles que preferem ambas e não discriminam e é, justamente, essa indefinição que os destaca desses registos únicos, exclusivos e partidaristas.

 

É legítimo considerar este género uma minoria?

 

É legítimo afirmar que a maioria de nós tem maior inclinação por uma dessas bebidas (café ou chá) e com base nisso é possível perceber o padrão, a simpatia por certas tipologias de pensamento e contextos, em detrimento de outros?

A atenção a estes pormenores aparentemente sem importância, ajudariam a antecipar incompatibilidades e evitar a ocorrência de muitos problemas relacionais.

 

NÃO VOS PARECE?

 

Há hábitos, há preferências, há tendências sistemáticas que geram um padrão e sinalizam a nossa forma de ser e interagir.

 

Podemos considerar um facto ou não passa de uma observação avulsa que não basta para construir uma verdade absoluta?

 

Este pode muito bem ser o Dia Internacional dos Pensamentos Soltos e se não estiver no alinhamento da rubrica há dias para tudo, sugiro que o criem, para que esta minha divagação ganhe um enquadramento e faça sentido. 😊


CAFÉ OU CHÁ?


Obrigada!

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

BEBIDAS À PARTE

Bebidas à parte. Novamente, essa conversa. Socorro!
E se agora entrássemos nessa tendência de excluir o que parece acessório mas NÃO É.
Para mim beber durante a refeição é fundamental e melhora minha digestão. Recuso-me a morrer entalada ou ser boneco de borracha para demonstração pública de uma manobra de heimlich, feita por um amador/aproveitador qualquer, aspirante a  socorrista.
As bebidas têm de estar incluídas. Ponto!
Assim como a meia tem de estar incluída nas sapatilhas.
Assim como a chávena de chá, das visitas não habituais, tem de levar pires.
Assim como estufados com molho têm de ser acompanhados com pão.
Assim como papel de embrulho tem de vir acompanhado com laço.
Assim como carácter e personalidade estão interligados.
Para casar são precisos dois. Ninguém casa sozinho.
Comida casa com bebida e bebida casa com comida.
Há que estabelecer limites.
Qualquer dia exigem que tenhamos a dentição toda para ter acesso aos menus.
Só entra neste estabelecimento quem trouxer comprovativo de dentição própria definitiva, em bom estado e sem falhas e, claro, as bebidas são à parte.
Se quiser guardanapos peça a um dos nossos funcionários, responsáveis pelo economato.
Esta será uma das medidas futuras do team bebidas à parte.
E se essa moda pega nas relações amorosas?
Eu relaciono-me contigo mas os beijos são à parte. Para me beijar tem de deixar uma caução de 200 francos, que eu devolverei caso o beijo seja do meu agrado.
Pensando bem, esta medida até que é promissora. Acabaria com a procriação de sapos travestidos de príncipes ou sapas travestidas de princesas.
Escolham melhor vossas implicâncias.
Não impliquem com as bebidas. PLEASE!!!!!









 

Acordei o mundo

Najla tinha muita dificuldade em dormir. No seu entender, a vida podia acabar se se deixasse adormecer. Uma convicção implantada, desde a m...