Quem me conhece bem sabe que não vou comparecer nesses contextos comuns e repetitivos. O avançar da idade tornou-me intolerante e intransigente com programas, nada nutritivos, demorados, mentalmente indigestos, demasiado comuns e nada atrativos.
Escrita livre que, convida a pensar e sentir. Com a Escrita, empreendo fugas oportunas. Atribuo interesse aquilo que parece não ter interesse nenhum. Entendo que, a genialidade é mesmo essa. A Escrita Gourmet tem o seu próprio paladar mas, nem todos o saberão entender. Provavelmente, só os espíritos mais sensíveis encontrarão afinidades, semelhanças, identificação, emoções, realidades diversas, meio mundo, todo o mundo. Encontrarão aquilo que, a disponibilidade dos seus espíritos permitir.
quarta-feira, 16 de julho de 2025
Verão Propagandista
Quem me conhece bem sabe que não vou comparecer nesses contextos comuns e repetitivos. O avançar da idade tornou-me intolerante e intransigente com programas, nada nutritivos, demorados, mentalmente indigestos, demasiado comuns e nada atrativos.
terça-feira, 29 de abril de 2025
Ontem foi dia de apagão
Ontem foi dia de apagão.
O impensável aconteceu e, felizmente, durou menos de um dia.
Um aviso, uma avaria, uma manobra de diversão, uma Putin(ice), um ataque informático, um erro humano, uma traquinice do recém falecido Papa Francisco, o fim do mundo, uma encomenda da Al-Qaeda, a malícia e frieza de um génio informático, a querer dar nas vistas ou um fenómeno, ao estilo dos extra terrestres?
Algo foi e o que quer que tenha sido, provocou um susto épico em muitos de nós.
Tal como os negacionistas, há sempre quem relativize tudo, não se deixe abalar e até ache parvo temer o pior.
Custa-lhes admitir que pensaram, ainda que, fugazmente, na possibilidade de ter sido algo programado para nos atingir.
Assumam que também vêm Netflix.
quinta-feira, 24 de abril de 2025
terça-feira, 15 de abril de 2025
Professora Olga Beatriz
quinta-feira, 27 de março de 2025
Slugger15
Não sei o que são perdas reais.
Desviei-me da realidade e dos demais.
Fechei-me no quarto dos consumos digitais.
Rodeado de amigos virtuais.
Os afetos deixam-me estranho e desconfortável.
Não sei, se é bom ou mau.
Meu mundo é fechado e controlado por vícios e acessos
Não tenho nome, nem identidade.
Apenas, um nickname
Call me Slugger15.
Só me encontras no chat, cheio de ódio nos dedos e vontade de te tirar o ar.
Nesse espaço sinto-me gigante, poderoso e preparado, para matar todos os meus medos, com nomes próprios e banais.
Estes são os meus domínios.
Até o meu gato Blinder sabe, onde me encontrar.
Não sinto abandono, apenas tensão ocular.
Minha mãe não sabe das minhas missões, planos e ações.
Morreria se soubesse.
Para ela, eu sou o Sebastião.
Nasci prematuro e glutão.
Esquecido por todos, inclusive, pelo meu irmão, que entretanto encontrou a sua paixão.
Meu pai, só o vejo, dia sim, dia não, de fugida para mais um plantão.
Não me tratem por Sebastião, enfraquece o meu lado campeão.
Prolongamentos de uma vida comum
Ontem fui a uma sessão, organizada pelas psicólogas, residentes na escola, frequentada pelo meu filho e, em representação, de todo o agrupamento, abordaram o tema: A Saúde Emocional de crianças e jovens.
Para o efeito, convidaram
uma enfermeira da unidade de cuidados na comunidade.
A sua exposição sobre de
que forma os pais devem contribuir para a saúde emocional dos seus filhos, foi
baseada em dados científicos obsoletos e que não refletem a realidade atual.
Certamente, fizeram sentido num determinado intervalo temporal, provavelmente,
aquele que compreendeu o ano do meu nascimento.
As crianças e os jovens,
de hoje, têm acesso a informação diversa, em doses industriais, massivas, vivem
numa bolha, carregada de comodismos, cada vez mais, impacientes, agitados, ansiosos
e desconectados da realidade.
Eles selecionam o que
querem ver e os manipuladores de tendências, percebendo isso, oferecem conteúdo
direcionado e nada educativo.
A exigência mental que
este tipo de conteúdo oferece é nenhuma, gera habituação e desinteresse por
tudo aquilo que implique foco, esforço, trabalho e dedicação.
É composto por passagens
de recepção rápida e imediata, entendimento automático, com efeitos
nocivos no desenvolvimento psicossocial, sociocultural, intelectual,
educacional e mobilidade motora.
Quando a Senhora Enfermeira
convidada, tenta explicar a uma mãe ou pai, consciente, atento, informado,
interessado, que é preciso acompanhar, vigiar, sem invadir, orientar,
disciplinar, sem autoritarismos, nem permissividades, cuidar e amar, a minha
reação é de desconcerto total.
Essa receita, já nós
conhecemos e colocamos em prática, diariamente. Porém, não chega.
É preciso muito mais!
Mais intencionalidade,
mais interações, mais dinâmicas, outros entendimentos, outras percepções,
promover diálogos construtivos, convocá-los a pensar, trabalhar a sua
autonomia, desviá-los para aquilo que eles acham não gostar, mas que
desconhecem profundamente, inseri-los e integrá-los, através da escuta ativa,
livre de julgamentos, entendendo-os, conquistar sua confiança e convidá-los a
olhar, ouvir e pensar demoradamente, retirá-los da facilidade, resgatá-los e
desviá-los de ambientes comuns e repetitivos, sem benefícios emocionais e
mentais permanentes.
Não basta seguir o padrão habitual, ditado por especialistas, ocupados com outras especialidades e, longe, de perceber
os “dramas” reais da parentalidade, nos dias de hoje.
Sou totalmente a favor destas iniciativas de âmbito escolar, que convocam a participação dos pais e a sua responsabilização no bem-estar dos seus filhos e sempre que me chamarem, lá estarei.
No entanto, sinto que, estas
iniciativas respeitam formalismos, vinculados pelo ministério da educação e estão formatadas, no sentido de alertar, de forma ligeira e pouco explanada, pais e educadores, a intervir na educação
dos seus filhos, sem antes, os compreenderem e perceber, os contextos atuais em que eles estão inseridos.
domingo, 2 de março de 2025
Corrijo e Sigo
Não sou de modinhas
Nem de tendências moderninhas
Não procuro protagonismo
Fujo de eufemismos e de todos os ismos
Minhas expressões não se convertem a seitas, seitans ou grupos de fãs
Prezo a liberdade de pensamento, sem mordaças ou carraças, a perseguir meu entendimento
Meus erros são autorais, denunciam meu estado transitório, distante dos tais e quais.
Não me lamento, nem me contento
Corrijo e sigo
É o bom que a Vida tem, na certeza de que não somos ninguém, sem a vontade de alguém.
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025
Tropeços
Saí de noite para fumar.
Não tive cara para regressar.
A noite estava fria e eu não, entendia, porque, receava voltar.
Era tudo tão imperfeito, para eu pensar em regressar.
Segui a passo, no meio da neblina.
Contrariei a minha sina.
Tropecei, muitas vezes, na densa neblina.
Esfolei a alma de sentimentos ruins e segui, sempre, em frente, em busca de mudar.
Libertei-me do cigarro e de quem não me quis acompanhar.
Um cenário comum e dominante, difícil de esquecer e apagar.
Agora, muito distante e para o qual prometo não regressar.
A vida não me quis poupar.
Ensinou-me a viver, aos bocados, na felicidade, que não se detém mas vai e vem.
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025
Um Mundo Novo
A "sorte protege os audazes" ou "A sorte protege os capazes que ousam"?
De que tipo de capacidade estamos a falar?
Capacidade para fazer o que está certo e comprometer, sem destruir, nem apoderar, ou, servir, exclusivamente, fins próprios.
É dessa capacidade que estamos a falar ou há, outra, que nos está a escapar?
A capacidade de contagiar o grupo, as organizações, a comunidade, o meio envolvente, com efeitos propagativos e coletivos.
O que me parece, baseado numa percepção pessoal, demasiado recorrente, é que a capacidade explorada e desenvolvida é tudo menos generosa, altruísta, agregadora, galvanizadora do bem comum, mobilizadora e transformadora.
O seu propósito é fútil e ganancioso, desprovido de princípios, ética, valores e limites.
Ultimamente, tenho assistido ao esmagamento da integridade, da honestidade, das liberdades individuais, da responsabilidade social, da lealdade, do compromisso e da honra.
Os esforços, o trabalho, o empenho, a melhoria contínua, a entrega, os sacrifícios, trazem mais problemas do que ganhos. As atitudes vingadoras compensatórias são amorais. Cercadas de poder, cobiça, ambição desmedida, status, fama, visibilidade oca, passeiam o seu charme caro, mas pobre em autenticidade e conteúdo.
A aparência é a cabeça de cartaz, a protagonista, a angariadora de todas as atenções e recompensas.
O sentimento de injustiça é tão demolidor e a mensagem sobre ganhar vantagem e seus fiéis seguidores é tão declarada, que parece convidar a desistir e procurar isolamento nas ilhas Faroé.
segunda-feira, 13 de janeiro de 2025
APARIÇÃO NATALÍCIA
Há sonetos e sonetos!
Assim
entendia a direção do liceu feminino, Vargas Melo, frequentado por Amália.
O
soneto que Amália ousou ler, longe dos olhares espelhados e atentos, das
vigilantes da biblioteca, era um desses. Um incendiário moral, nada
educativo.
Apesar
de todas as contrariedades, continuou, mas o embaraço fê-la corar
abundantemente e dar por terminada a leitura, para não atrair atenções incriminatórias
e ser chamada à sala da reitoria.
As
cócegas na garganta, provocadas pelo pó esvoaçante, descarnado, das lombadas do
livro abafado e proibido, fizeram-na tossir descontroladamente e acordar os
espíritos de um passado quinhentista. O primeiro a acordar e mais afoito de
todos, foi Luís Vaz de Camões.
Apercebendo-se
do interesse pelo seu soneto de amor, Camões, decide ressuscitar numa nuvem etérea,
envolta num pó cinza e dirigir algumas palavras clássicas, à sua cândida leitora.
-
Vejo que a menina se enfeitiçou pela minha poesia lírica, o que muito me apraz.
Amália
congelou de medo, medo esse, que fez paralisar os seus movimentos e deixá-la muda.
Os efeitos do congelamento ainda duraram uns eternos segundos, até regressar ilesa,
ao seu estado normal e conseguir formular uma resposta adequada.
-
Na verdade, eu nem deveria estar aqui, a ler às escondidas e corar de desejo.
Desejo de sentir o amor e tudo aquilo que diz provocar. Neste momento, sinto-me
impura!
A
sua elevada inteligência e sensibilidade compreenderam os pensamentos de uma
menina, em breve, mulher, perseguida por julgamentos sociais.
Sabia
que, teria de usar o tom certo para a manter interessada e evitar que renunciasse
a algo que desconhece, mas arde em saber.
-
Menina Amália, o amor é tudo menos impuro. Ele é mantimento! – acrescentou
o poeta, na esperança de não a perder para o isolamento.
-
Como assim, mantimento? – retorquiu, Amália.
Uma
vez conquistada a sua atenção, Camões prosseguiu e respondeu a todas as inquietações
da sua pupila da atualidade, elevando o amor a todos os seus expoentes.
Entretanto,
o intervalo de almoço termina e soa o toque, para retomar as aulas da tarde.
Cada um, sumiu para seu lado e nem houve tempo para despedidas épicas.
O tempo voou veloz, pelo menos para Amália, agora mãe, de uma menina chamada Benedita, aluna no mesmo liceu, outrora, exclusivamente feminino.
Benedita
está crescida e cheia de vontade de contrariar a autoridade. Pais e professores
são os mais visados.
-
Acho que, está na hora de chamar o meu bom e velho amigo Camões, para me ajudar
a entender que mundo é este, que abre um fosso geracional entre velhas e novas
mentalidades – pensou Amália, baixinho.
No
tempo de Amália, o amor era recatado, a autoridade não era questionada, as
ousadias pagavam-se caro, o trabalho era uma prioridade, os artistas não eram
livres, a cultura era comandada pela censura, a justiça obedecia a um estado
repressor, não havia liberdade de expressão. Entretanto, muita coisa mudou.
Desta
vez, Camões apareceu suavemente e sem sobressalto.
- Apraz-me saber que exploraste o Amor de que
falo no meu soneto – disse Camões, interrompendo o silêncio,
sorridente.
-
Que bom ver-te! – exclamou Amália, entusiasmadamente.
Felizmente,
Benedita tinha saído mais cedo e sobrava tempo para falarem a sós, sobre todas
essas mudanças, que foram ocorrendo e desarranjaram as relações interpessoais.
-
Amália sinto-te preocupada com a Benedita e suas atitudes afrontosas.
-
Entre nós há cinco séculos de distância e uma longa história de destruições e
reconstruções. Vejo que aboliram as fronteiras, mas não acabaram com as
batalhas territoriais sangrentas – prosseguiu.
-
Os ganhos na conquista de uma maior e mais diversa liberdade de expressão,
precipitaram o crescimento desenfreado de meios de comunicação alternativos,
que ameaçam acabar com a verdade e criar um universo de mentiras escandalosas e
perniciosas – acrescentou Camões, do alto da sua sabedoria
secular.
Amália
permanecia calada e pensativa. Afinal, ela sabia que havia motivos para se
sentir apreensiva com Benedita, seu futuro e o estado do mundo.
-
Porém, tem havido manifestações culturais e artísticas sublimes, que vos
distraem de tudo isso e apesar de não bastarem para mudar o estado das coisas,
têm o poder de mudar a forma como olhais para a vida, o mundo e representam
chamadas de atenção, alertas, para os espíritos mais sensíveis, como os da
Benedita, capazes de construir um mundo melhor –
prosseguiu Luís Vaz de Camões.
Continua, continua. Estou a gostar de ouvi-lo – pensou ela.
Nesta
época natalícia as aparições camonianas são muito comuns na família Vasconcelos.
A proximidade de um novo ano, as reuniões familiares atrapalhadas, o balanço
dos acontecimentos individuais, os arranjos e desarranjos natalícios, convocam
a presença de uma figura história ilustre, do passado artístico português, experiente
em missões difíceis.
-
Há quinhentos anos que eu sou o recurso de todos os vossos natais – constatou
o poeta e dramaturgo português.
-
Sou uma espécie de pai natal exclusivo, zarolho, com veia poética e uma visão
modernista, a quem todos recorrem, quando algo os incomoda.
Amália
anuía com a cabeça, em concordância.
-
O Amor é mantimento, minha cara Amália. Não se esqueça disso! –
avançou Camões.
Esta
era a frase que finalizava todas as suas conversas. Indicava a hora de
regressar ao seu passado renascentista.
Mais
uma vez, não houve despedidas. O que houve foi uma mudança de cenário, com a
entrada apressada de Benedita.
-
Mãe, Mãe, tu não vais acreditar o que acabou de acontecer –
disse Benedita agitada.
-
Cruzei-me com um homem vestido de Camões e senti uma energia boa, que me fez
virar. Nesse instante, ele fixa o olhar em mim e diz-me que, o Amor é
mantimento!
-
Achei bizarro! – exclamou Benedita.
Amália
esboçou um sorriso cúmplice e rematou – Ele disse-me o mesmo!
Incrédula,
Benedita, sacudiu a cabeça e questionou a mãe – Como assim?
Por
momentos, Amália quis descair-se e relatar as visitas sucessivas, feitas pelo
mestre da poesia, desde o tempo da sua mocidade. Conscientemente, travou a
tempo. Benedita não iria compreender e só iria remexer ainda mais a sua vida de
adolescente inconformada.
-
Estou a brincar! Se bem que, essa réplica ambulante de Camões, não disse
nenhuma mentira. O Amor é mantimento, é a seiva que nos faz viver melhor. Após
este momento reflexivo de Amália, fez-se silêncio e desenhou-se o mote para
criar sonetos novos, tendo o amor como protagonista. Um desejo acalentado por
Amália para este Natal.
segunda-feira, 6 de janeiro de 2025
Uvas passas, desejos mirrados
O arranque do ano nunca foi fácil e são necessários esforços extraordinários, para sair do estado letárgico, resultante do fecho do ano.
Só de pensar, na repetição dos dias, os mesmos cenários, os conflitos de sempre, frases batidas, mau humor matinal e, nalguns casos, visceral, ressentimentos e um copo cheio de dedadas familiares, que nos deixam ébrios, de uma militância sem progresso, fico doente.
Acordei o mundo
Najla tinha muita dificuldade em dormir. No seu entender, a vida podia acabar se se deixasse adormecer. Uma convicção implantada, desde a m...
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Qualquer artista teme perder um dia a sua criatividade e jamais conseguir criar arte. O Pânico é real e atormenta a classe artística que, po...
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Egos tantos Egos a gritar, tantos a querer manifestar-se e, nossos sentidos ofendidos consomem-se, a tentar compreender o que querem dizer,...
