sexta-feira, 24 de maio de 2024

quarta-feira, 22 de maio de 2024

Inquietações de Mãe

Nasci num período de tempo, marcadamente patriarcal e intimidatório, que obrigava os filhos a obedecer cegamente aos pais, sem reclamar e sem fitas. A nossa opinião, a nossa versão da história, as nossas vontades, os nossos gostos, eram abafados diante da dupla de gigantes de peso, chamado PAIS.

Cala e Aceita.

A mim custou-me horrores, calar e aceitar, principalmente, quando me retiravam a palavra, me ignoravam, desvalorizavam a minha participação e não compreendiam as minhas dores, o meu descontentamento e frustração.

Hoje, sou mãe e tento contrariar essa obediência cega, da qual fui vítima e procuro dar oportunidade ao meu filho, de se expressar, de expor os seus motivos, desabafar, convencer-me a mudar de opinião e, sobretudo, entendê-lo melhor. Uma missão nem sempre fácil e serena. 

Para além de existir um gap geracional entre nós e um histórico de vida, que me permite antecipar cenários, consequência de comportamentos repetidos, há uma vontade própria que se quer impor, ingénua, contrariadora e que rejeita ser disciplinada.

Sempre que o convoco a cumprir as suas tarefas e tomar consciência do excesso de tempo entregue aos gadgets e a necessidade de se desviar desse mau vício e experimentar ler, escrever, desenhar, tocar um instrumento musical, praticar desporto, desenvolver as suas capacidades de outra forma e, sobretudo, não desperdiçá-las, contraria-me e reage como se atacasse a sua personalidade.

Por vezes, a temperatura das nossas conversas sobe e dou por mim, a imitar os meus pais e fazê-lo sentir-se culpado pelas suas escolhas e atos.

É neste preciso momento, que o perco para o quarto.

No silêncio, me culpabilizo por não saber agir com maior maturidade emocional e evitar fragilizá-lo.

Os gatilhos do passado foram ativados, bem como, os receios de o perder para uma vida triste e insignificante.

O stress domina-me com a lembrança dos perigos atuais e a vulnerabilidade dos jovens, mais suscetíveis de ceder à atração para esses abismos. Não quero que ele perca as oportunidades, que hão-de defendê-lo neste mundo.

Se calhar há aspetos em mim ainda por resolver. Claro que há! No entanto, sinto que não posso deixar de o orientar e desviá-lo de certos comportamentos perniciosos.

Só espero que estes "desequilíbrios" ocasionais, não comprometam a sua felicidade e sirvam para trabalhar nossa comunicação e entendimento.

 

terça-feira, 21 de maio de 2024

Engorda Olfativa

Nunca sabemos quem se vai sentar ao nosso lado no avião. A curiosidade cresce. O que o (a) trouxe até aqui? Que histórias viveu, antes de se sentar ao meu lado? O silêncio é o único diálogo cativante, até que alguém interrompe e faz desviar o meu pensamento, para algo trivial e longe de ser importante, mas tudo bem, já estava a ficar sem conteúdo interior e a precisar interagir levemente. A hospedeira pergunta se prefiro a refeição de carne ou peixe e eu, sem fome para nenhuma das duas, mas a precisar comer, opto pela de carne, assim como o meu parceiro do lado, que nem o sono faz pular refeições. No instante em que, recebo o tabuleiro com a minha refeição sinto-o sorrir dos meus modos atrapalhados. Ignorei para não ser assaltada por pensamentos automáticos autodestrutivos. Porém, ele continuou sorridente e trocista. Continuei a desvalorizá-lo, ao mesmo tempo que, tentava apreciar a carne, borrachuda, sem tempero, sem molho, insossa, com sabor a cela de prisão. Na verdade, era tudo o que eu tinha naquele momento, para me desviar daquele encosto trocista.
Inesperadamente, uma voz quente e sussurrante, decide aumentar o meu incómodo e pergunta se aceito o seu pão. Dito assim, soa pornográfico. Eu sei! Sem querer, já estava até a imaginar o grafismo daquele momento inusitado. Um homem sentado na cadeira ao meu lado, a oferecer-me o seu pão é, no mínimo, constrangedor. Certamente, deve ter pensado que sofro de compulsão alimentar.
Acontece que, eu gostei. Adoro quando me oferecem comida. Para mim, nascida no final da década de setenta, é um ato de generosidade. Os cheiros da minha infância têm todos a ver com comida. Eu até costumo dizer que a minha engorda é olfativa.
Lógico que aceitei o seu pão e lógico que, meus pensamentos entraram em curto circuito.




segunda-feira, 20 de maio de 2024

Pecar fininho

Só um pouquinho! 

Quero uma fatia bem fininha!

Não enchas o prato!

Quando recebo este tipo de pedido, minha mão tremelica de desdém e o meu olho escorre sangue.

Será que devo recorrer à régua e esquadro ou, para uma maior precisão, será melhor recorrer à medição a laser?

Já me conheço e sei que não vou aguentar, se a fatia cortada for rejeitada por estar acima do peso ideal.

Quem deveria determinar o tamanho da fatia deveria ser eu, a mulher que segura a faca do bolo na mão. Aliás, nem é aconselhável desafiar alguém, que está diante de nós e segura um objeto contundente nas mãos. Pode ser trágico!

Para além disso, bolo não é fiambre para solicitar fatias fininhas.

Cada vez que alguém pede uma fatia do bolo preferido translúcida, dita às pessoas circundantes e que, tal como ela, manifestam vontade de comer uma fatia de bolo, que o façam mas com muito autodomínio. Um convite a pecar às escuras e apressadamente.




segunda-feira, 13 de maio de 2024

Inimigos das Grandezas

Bani todas as lojas de roupa, com tamanhos até ao L.
Já aconteceu, aliás, está sempre a acontecer, entrar no seu universo e me sentir encantada com todas as opções de pronto a vestir disponíveis e esbarrar, com tamanhos nada inclusivos e espelhos diabólicos. Como se não bastasse, os tamanhos possíveis, não correspondem fielmente à sua atribuição, enganam-nos com fechos interiores invisíveis, botões frágeis, costuras sensíveis, zero elasticidade, aberturas estreitas, que entalam toda a nossa dignidade.
Estou, inclusive, a pensar tornar-me ativista desta causa e tentada, a atirar tinta para as montras dessas lojas, inimigas da minha grandeza e deixar lá carimbado, o meu rabo tamanho XL, com a seguinte mensagem - Façam o molde! :)
Am I right or am I wrong?

terça-feira, 7 de maio de 2024

ESTAMOS A RECRUTAR!

 

Quando leio esta afirmação no linkedin, num portal de emprego ou numa rede social qualquer, para ser vista por milhares de pessoas, antevejo um cenário muito comum e omisso.

Queremos um(a) profissional que preencha o lugar deixado vago por outro profissional(a) que, se cansou de nós e dos nossos abusos e que faça o mesmo ou mais ainda. Não podemos perder tempo a acompanhá-lo, integrá-lo e ensiná-lo. Na verdade, queremos alguém que tape um buraco e viva dentro dele até nos ser útil.

Basicamente, queremos um Ser mitológico com competências técnicas extraordinárias, características psicológicas excecionais, disponibilidade total, quatro pernas, a mesma quantidade de braços, alado, todo ouvidos, dono de uma paciência elástica, um olhar clínico, uma mentalidade vencedora, uma voz representativa, isenta de opiniões e sugestões, ativo, mas sem pretensões de casar e ter filhos, independente emocional, sem bexiga, sem intestino, com boa aparência e melhor apresentação, ambicioso, mas não muito, fluente em todos os idiomas e linguagens informáticas, gosto por comunicar e viajar.

Salário compatível com as funções de aprendiz.

Impossível, recursar!

quarta-feira, 24 de abril de 2024

O Desporto enquanto afluente

Amo ver desporto. Não me rendo a todas as modalidades, mas são muitas as modalidades às quais me rendo.
Desde muito nova que, cultivo este interesse e uma das minhas mágoas é não ter cultivado a prática de uma dessas modalidades, com a mesma intensidade e felicidade, com que as assisto e, poder dizer ao meu filho que, competi por uma equipa, um clube, uma nação.
Sempre fui coordenada, ágil, flexível e com resistência física.
O que impediu a minha progressão ou passagem para uma vertente competitiva?
Com o distanciamento da idade, percebo agora que faltou disciplina, dedicação e espírito competitivo. Para além disso, também sentia que havia excesso de protagonismo e vaidade da parte de algumas atletas, que me faziam sentir uma formiguinha desviada do seu carreiro.
A minha muralha emocional, naquele tempo, era muito baixa e frágil, bastava um risinho escarnoso para me remeter ao isolamento.
Sei que o desporto me poderia ter salvo de alguns contextos e me erguido nos seus ombros largos e fortes. Naquela época, teria sido reconfortante sentir-me acolhida e importante.
Em alternativa, desaguei na escrita e foi dessa forma que me libertei. De certa forma, quem me salvou foi a escrita, embora num modo lento e discreto.
Ultimamente, vingo-me a jogar raquetes de praia, no chão de areia húmida, juntinho ao mar e só paro, quando o adversário dá sinais claros de desistência. Venço-o pelo cansaço e socorro-me dos meus inúmeros recursos. Inclusive, já angariei alguns espectadores aleatórios e muito atentos.
A Vida não me fez desviar totalmente do desporto, ora como espectadora, ora como praticante, se bem que, com algumas intermitências. Continuo a manter-me próxima dele e a sentir que, nos seus ombros largos e fortes, me ergo de confiança.
 

quarta-feira, 17 de abril de 2024

Escassez de "Nabeiros"

 

Estamos a caminhar a passos largos para uma escassez de “Nabeiros”.

É preciso ainda mais empreendedores, responsáveis de negócios, empresários, donos de indústrias produtivas e transformadoras, empregadores, visionários, homens e mulheres com iniciativa para criar e entregar valor, impulsionadores de ideias, o que lhe queiram chamar.

As conjunturas atuais vão sendo cada vez menos favoráveis à criação de empresas de uma certa dimensão e com um grau de responsabilidade elevado. A incerteza é o principal fator dissuasor.

Se dantes havia muito com que nos preocuparmos, atualmente, mais ainda. As guerras regressaram, com elas a escassez de produtos e recursos, o seu encarecimento, a fome, a alta taxa de mortalidade, a baixa taxa de natalidade, o envelhecimento populacional, a deflorestação, a contaminação, as pragas, os incêndios, as cheias, os novos vírus epidemiológicos, os golpes de estado, as quedas dos governos, a corrupção crescente, a dependência financeira, os lobbies, corrigir injustiças salariais, a obrigação de cumprir com as normas e políticas europeias, o pacto de estabilidade e crescimento, os critérios de convergência, a carga fiscal pesada, as oscilações das medidas governativas, a burocratização e centralização do poder, a crescente pressão tecnológica, a invasão da inteligência artificial, os ciberataques, a volatilidade dos mercados, as mentalidades emergentes e o seu impacto nos negócios e nas nossas vidas. Tudo conspira contra o sonho de criar algo nosso, com benefícios internos e externos.

É cada vez mais evidente o quanto isto é efémero e cresce a desmotivação de empreender algo duradouro e permanente.

Se houve algo que o ano 2020 nos ensinou é que imprevistos acontecem e temos de estar preparados.

 

Enquanto familiar direta de um empresário, desde cedo, senti na pele, o quanto custa manter e prosperar um negócio. Há muitos riscos e perdas envolvidas.
O empresário tem momentos de solidão e angústia que ninguém parece entender, a não ser os próprios.

A fibra do empresário deste século e dos séculos vindouros, não se pode revestir de excesso de confiança, excesso de trabalho, uma só palavra, vaidade desmedida e muita fé. As rezas e ações terão de ser outras.
O empresário vingador é aquele que humaniza a sua organização e descola-se da rigidez do seu papel de gestor de negócios.

Há cada vez mais fatores externos a ameaçar abalar o sistema empresarial vigente e a ditar desvios e tendências à velocidade da luz, o que quer dizer que, ou te adaptas e acumulas vantagens competitivas diferenciadoras, ou morres.

Nem todos podemos ser “Nabeiros”. Porém precisamos, urgentemente, de homens e mulheres com a vontade, a disponibilidade, a abnegação, a preparação e as capacidades certas, para lidar com os desafios e adversidades atuais, para dar continuidade aos negócios e fazê-los crescer.  

terça-feira, 16 de abril de 2024

Colonos do Algarve

Ainda sem idade para entrar no segundo ciclo e, meus pais, já arriscavam ir conosco para o Algarve. Recorde-se que, há quarenta e quatro anos atrás, não havia tantas auto estradas, nem trajetos fáceis, muito menos, trajetos rápidos e anti vómito. Muitas vezes, fomos sujeitos ao para arranca e sempre que éramos obrigados a parar, as sombras encolhiam diante do imenso astro quente. Corados de sol e transpirados de irritação, acusávamos impaciência ao cubo. Não havia sono que nos pegasse. Entretanto, meus pais tentavam não descarregar tudo em nós. Cada vez mais inquietos e endiabrados, vomitávamos estrada pelos olhos e os pedidos constantes para fazer xixi, era a forma de escaparmos aos encostos suados, porém, já tínhamos esgotado todas as vidas e, já sem margens de tolerância, minha mãe reage e distribui, em modo automático, safanões nas nossas pernas, apesar de, se o quisesse, estar capaz de alcançar as nossas orelhas. Seu braço, subitamente, parecia uma viga com propriedades elásticas e flexíveis extraordinárias. 
O remédio não foi santo, eu diria que, foi certeiro e nos pôs a dormir com um só knockout, o  resto do caminho. Quando acordássemos, nem saberíamos o que nos tinha acontecido.
Finalmente chegávamos, famintos, pegajosos, estremunhados e de sacas na mão, percorríamos o jardim do aldeamento, à procura de sinais de diversão, presenças amigáveis e simpáticas, que queiram brincar conosco e tornar as férias de verão memoráveis.
Nós agíamos como hóspedes convidados.
Nem as quedas de bicicleta tatuadas no corpo nos faziam abrandar. Da bicicleta, pulávamos para as raquetes de praia, das raquetes de praia, para os saltos e mergulhos para a piscina e nem os warnings do vigilante, que ameaçava interditar a nossa entrada no recinto, nos fez estremecer.
Os últimos a abandonar o recinto éramos nós, mirrados e cansados de felicidade.
Minha mãe bem tentou ler "A falha dos deuses" de Zenita Bladin, mas não passou do prefácio. Para ela nunca foram férias. 
Enquanto o nosso pai jazia na espreguiçadeira e demitia-se de todos os seus papéis. em compensação, a nossa mãe vivia em sobressalto, sem saber onde estávamos, o que estávamos a fazer, preocupada com a insolação, a indigestão, a alimentação, os banhos, as mudas de roupa, o sono, a bexiga cheia e a precisar esvaziar.
No ano seguinte e sem que nenhum de nós suspeitasse, voltavam a marcar férias nas praias do sul e a sujeitarem-se, novamente, às cargas do costume.
A minha mãe jurava que seria a última vez que iria de férias conosco para o Algarve e desfiava suas razões, enquanto nós, engolíamos a culpa, em silêncio.
Até o meu pai respeitava aquele momento, só dela.
Sabíamos que ia passar, só tínhamos que lhe dar tempo, até se recordar das nossas risadas à mesa, dos nossos mimos e abraços, do nosso cheirinho suave após o banho, das nossas piadas inocentes, dos colinhos de sono, das corridas na sua direção para mostrar todas as proezas que somos capazes de fazer, do nosso apetite voraz e do nosso despertar sem contrariações.
Com o tempo nossos pais foram ficando cada vez mais óbvios e mais importantes.

 


       
 

 

quarta-feira, 10 de abril de 2024

O que se seguirá?

Estou quase a chegar aos 50 anos e já se nota.

Todos os dias ganho um sintoma novo e não sei bem o que fazer com ele. Deixo que passe ou corro para as urgências, antes que seja tarde demais?

Agora entendo a minha mãe e seus acessos dramáticos, apesar de ter jurado para mim mesma, que ia ser uma pessoa muito diferente. A juventude deixa-nos convencidas e capazes de atrair os melhores atributos, aqueles que nos hão de levar mais longe e a lugares mais leves e animados.
Nem a frase que ela usou e fez aninhar os nossos ouvidos, mudou. Desta vez, sou eu a adotá-la e não me canso de repeti-la - " Um dia, quando eu não estiver cá, vocês vão dar-me valor e sentir minha falta. Só que, já será tarde".

Aos doze anos somos atacadas pelo monstro vermelho, obrigam-nos a usar soutien e a cruzar as pernas quando usamos saia, os pelos crescem livremente e povoam todas as zonas do nosso corpo, ganhamos ansiedade, irritabilidade e reagimos com agressividade.
Somos invadidas por uma avalanche de emoções e tudo assume dimensões gigantescas e catastróficas como, por exemplo, não ter sido convidada para a festa da amiga popular, que faz sensação sempre que chega à escola, na sua scooter pink, brilhante e berrante. Na verdade, um espelho seu.

Como se não bastasse tudo isto, ainda somos metralhadas pelas tias, avós e amigas da mãe, com a mesma pergunta indiscreta e pobre em criatividade, sobre se já temos namorado.
Nesta fase de mudança física brusca, não há namoros, nem sérios, nem duradouros, só sabemos que nascemos no género feminino e ele veio com dor. Uma dor muito incómoda, que se manifesta todos os meses e custa a passar. Não há lugar a partilhas sobre namorados. As amigas estão no topo das nossas preferências, bem como, as confidências que trocamos, que nos aproximam ainda mais e nos fazem sentir integradas.

À medida que crescemos e nos tornamos jovens mulheres, buscamos referências para criar o nosso look, o nosso perfil, trabalhar a nossa forma física e imagem, de forma cativante e sedutora. Uma nova pressão, a somar a todas as outras e que nos ocupa muito tempo. Esta é a fase do espelho meu, espelho meu, há alguém mais bonita do que eu. Na época, não havia ChatGPT e a pergunta, que carece de resposta, só poderia ser feita ao objeto mudo de cristal.

Há troca de olhares, há sorrisos tímidos, há interesses, há bilhetinhos, há piropos, há encontrões propositados, há escapatória às aulas, há beijos prolongados nos cantos escondidos e não vigiados da escola, há vivacidade, há juventude e vontade de nos expressarmos.
Esta fase seria das melhores, se durasse mais tempo, mas os rapazes são apressados e afirmam querer namorar conosco forever, para nos sentir um pouco mais. Acontece que, os amigos exercem uma forte influência e se ela exigir a sua atenção, eles vão reagir e puxá-lo para junto deles, alegando camaradagem masculina ou falta de um jogador para formar equipa.

Ela até quer mudar de apartado depois deste primeiro rompimento amoroso e só não o faz, porque as melhores amigas não deixam e sua mãe ameaça colocá-la num psicólogo.
Alguns fins de semana deslocada na terra do pai e as longas conversas com as amigas, fizeram-na esquecer do sapo moreno e cabelo à David Beckham. Seguiram-se outros sapos, novas histórias de amor passageiro e a vontade de acertar num, não tão sapo.

E a perseguição continua. Quando é que nos apresentas algo sério e com futuro?
Já estás em idade de casar e se deixas passar muito tempo, perdes a oportunidade de teres filhos. Estes e outros comentários mimosos são feitos por mulheres a mulheres, à queima roupa. As mulheres do meu tempo foram perseguidas e coagidas a repetir o padrão social vigente.

O casamento e os filhos contribuem para o avançar acelerado da idade e, inevitavelmente, para a queda do espelho e a vontade de o encarar. Priorizamos tudo, menos nós próprias. Constatamo-lo e verbalizamos alto esse desconforto, para que nos ouçam e nos poupem, mas continuamos a lutar por uma empreitada familiar equilibrada e feliz.

Quando tudo parece normalizar, eis que chega ela.

A crise suprema, a maior de todas, the greatest of all, aquela que tudo compromete, está a chegar. Os sintomas quintuplicam e os abalos internos são sísmicos e vibratórios. Quem estiver por perto, pode vir a ser atingido e estremecer de medo.
Nem é preciso colocar a tabuleta NÃO ME RECOMENDO, sente-se ao longe. 

O que se seguirá a tudo isto?

Quando é que as mulheres podem, finalmente, se sentir plenas.


 
   

Acordei o mundo

Najla tinha muita dificuldade em dormir. No seu entender, a vida podia acabar se se deixasse adormecer. Uma convicção implantada, desde a m...