quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Desilusão FDP

É enorme a desilusão, quando descobrimos que a pessoa que amamos por tanto tempo, reproduz todos aqueles comportamentos que mais receamos e que preferimos encarar como uma possibilidade muito remota. Sentimos que algo não está bem e continuamos a duvidar, mas nem por isso deixamos de sofrer com as sensações que vão chegando e  que funcionam como alertas de que algo realmente desagradável está prestes a acontecer. E eis que esse dia chega e tudo desaba. Aquilo que fazia sentido deixou de fazer. Nada mais te importa. Queres acabar com todo esse sofrimento. Mas porquê?
Anos e anos de cumplicidade, companheirismo, proximidade, boas risadas, abraços apertados, dedicação, afectos, etapas ultrapassadas, convivência, apêgo, são reduzidos a nada. Questionas-te se o que viveste não passou de um sonho teu. Uma fantasia tua, alimentada por uma pródiga imaginação.
A realidade é tão atroz e clarividente, relativamente aquilo que nos espera no futuro. Nada será igual. Qualquer que seja a nossa opção, será muito difícil esquecer tamanho abalo na nossa Vida. Na verdade, só tu pareces ver a dimensão do estrago, enquanto a outra parte tenta desviar a atenção do assunto e desdramatizar para não se sentir tão culpado e, em certos casos, manipula-te fazendo-te pensar que também tu contribuiste para aquele desfecho.
Como é possível perdoar quem não soube atribuir significado aquilo que connosco construiu?
Quando se comportou erradamente não pesou o que poderia estar a perder ou então, achou que a pessoa que sempre o acompanhou iria compreender e relevar ou então, pensou que não poderia ir contra os seus desejos, por estes fazerem parte da sua pessoa e achar que quem o conhece tem mais é que aceitar e compreender sem questionar as razões porque o fez ou então, é uma pessoa que não dá o minímo valor ao que tem e prefere fazer tudo aquilo que lhe apetece sem dar satisfações.
Este tipo de pessoas existe e tem tendência a proliferar e contaminar a nossa estabilidade. Afecta-me que pessoas tão próximas de nós estejam a sofrer abalos como este e não os consigam superar, porque cedem sempe em favor de quem não as merece nem nunca as mereceu. Continuam à espera que mudem, que reconheçam, que alterem seus comportamentos e saibam lhes dar valor. Tal não vai acontecer se os continuarmos a poupar.
No meu entender deveriam ser abandonados, largados ao seu próprio egoísmo e orgulho e suportar o peso de uma tristeza profunda e angustiante. 

sábado, 10 de novembro de 2012

Goste.Amei.Sofri.Doeu....Superei




Tem dias que, achamos  a Vida muito interessante e com tanto para nos oferecer, basta somente querermos. Noutros dias, o peso da Vida é tão grande e tudo aquilo que nos pareceu interessante e realizável, deixa de o ser. O que é que impediu o prolongamento do nosso encantamento? Porque é que desaproveitamos a magia que reconhecemos na Vida e nas suas oportunidades de Crescimento Pessoal? Será que falta coragem para tornar os nossos sonhos em realidade e empreender novos desafios, novas metas, acrescentar vitórias pessoais e personalizar o nosso curriculum?
Creio que o Maior Obstáculo à progressão de uma Vida aliciante e movida por tantos interesses é, precisamente, o Medo de arriscar e lutar por algo que nos faça sair da concha. A Penalização para aqueles que não ousam arriscar e enfrentar seus medos é convertida numa Vida sem paixão, sem emoção, estagnada e sem margem de progressão.
Certamente, aqueles que deixaram de ter esses lampejos de optimismo nas suas Vidas, caíram em depressão e tentam agora resgatar essa visão encantatória entretanto perdida e reerguer-se. Por isso, não há desculpas que justifiquem a nossa inércia pessoal. Nem nos apercebemos, o quão importante é a preservação dessa nossa crença na Vida, ainda que esta apenas se revele em certas ocasiões.
Nossas acções têm interesse, Nossas opções têm interesse, Nossas percepções têm interesse, Nossas iniciativas têm interesse, Nossas recações têm interesse, Nossas interacções têm interesse, Nossas participações têm interesse, Nossas missões têm interesse, Nossa palavra tem interesse, Nós temos interesse, Nossas Vidas têm interesse. Fundamental mesmo, é atribuírmo-nos importância, para tornar tudo aquilo onde decidimos aplicar nossas energias, em algo com sentido e com preponderância. Para aquilo que é suposto fazer não faltam candidatos. Por vezes, é necessário contrariar o sono e acordar da dormência que nos arrasta de um lado para o outro, sem sequer sabermos porque o fazemos continuadamente sem questionar. Nada acontece. Tudo parece igual. Tudo se mantém na mesma. Até as nossas queixas são as mesmas.
Todos temos um período nas nossas Vidas de saturação, de descrença, de inconformação, de negação, de discordância, de revolta, que não deve ser encarado como o peso que nos coube carregar, mas como um sinal de mudança, um novo fôlego, uma nova viragem, o despontar de novas emoções que nos devolvam a paixão pela Vida, o prazer de viver.
As falhas estão na nossa cabeça, as inseguranção são geradas por nós, os medos são alimentados pelas nossas inseguranças, não há obstáculos intransponíveis, há sempre uma saída gloriosa, tentar de novo é falhar melhor, comandar a nossa a Vida sem titubear, afirmando sempre a nossa vontade de seguir em frente e construir uma Vida Melhor renova-nos.
O importante é não olharmos para as dificuldades como monstros gigantes de difícil aniquilação, nem travestirmos os nossos medos sob a forma de incertezas irresolúveis. Quando eramos bébés algo nos fez evoluir do gatinhar para o caminhar. A persistência, a vontade, a transposição do medo, estímulos externos, vontade própria, iniciativa, impulsionaram os nossos movimentos.
Viver implica descobrir-nos a nós mesmos e colocarmo-nos à prova.



   


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Gente Tóxica


Pessoas Tóxicas pululam por aí. Elas manifestam-se nos meios mais comuns, emprego, família, no círculo de amigos, na igreja, nos transportes públicos, em toda a parte. Acham-se donas daquele lugar ou daquele círculo fechado e intitulam-se pessoas de bom trato. Quando, na verdade, o que acontece é que a sua presença resulta nefasta. São espaçosas, intrometidas, inconvenientes, sem educação, salientes, indiscretas, sem formação cívica, invejosas, cheias de queixumes, desdenham de tudo, vigiam os passos dos outros, comentam a Vida de qualquer um, falam do que não sabem, estão sempre atentas aos deslizes dos outros, querem usufruir do mesmo que tu só para se sentirem tanto ou mais que tu, são dissimuladas, quando confrontadas fazem-se de inocentes e instigam sempre à comparação. A descrição seria interminável e demasiado biográfica. São pessoas castigadoras e capazes de nos levar à ruína mental. Fazem vénias áqueles de quem precisam. Mostram-se muito dignas perante eles e agem de forma a não transparecer sua essência podre e vir a ser desmascarados.
Este é só um dos géneros de pessoas carregadas de toxicidade. Outros há com "especial encanto" destrutivo.
Conselhos para lidar com essas pessoas, não há muitos, eles são escassos perante a crescente propagação destas figuras terrenas, que adoram exilar-se no nosso meio.
Ignorá-las é a solução mais adequada para estes casos sem possibilidade de emenda. Como se isso fosse algo fácil de executar. Mas na verdade o seu maior castigo é fazer delas zeros à esquerda, seres invisíveis, seres menores, criaturas que apenas ocupam espaços vagos e sem grande interesse. Deixar que elas ocupem seu tempo com miudezas e insignificâncias, enquanto tu te ocupas da tua felicidade e da tua realização pessoal dá-te imunidade. Este tipo de pessoas não tem horizontes nem vontade de mudar. Acreditam ser o Melhor que há no Mercado e não entendem porque é que há quem não acredite no seu valor e prefira rejeitar a compra. Todos aqueles que recusam interagir com elas são pessoas estranhas e maus feitios. Elas sim têm bom feitio. Aliás já não existe molde igual. Autênticas raridades. Provavelmente, soará estranho mas as pessoas de quem falo não querem mal a ninguém mas também não querem bem.
Invocam Deus a todo o momento, quando não conseguem esgrimir bons argumentos para contra argumentar. "Deus é testemunha (...)", "Oh Meu Deus (...)", "Louvado seja Deus (...)", "Deus é Pai (...)" e se continuar, vão te convencer que são mais puros que crianças inocentes e indefesas.
De carrascos passam a vítimas, gerando uma corrente de consoladores, comovidos pelo seu falso desempenho de pessoas frágeis e cheias de inocência.
Cheguei a querer saber rezar para rogar por elas e defendê-las do mal. Até eu cheguei a ser atingida pela cegueira e encarei que fossem capazes de actos bons e nobres.
São também hábeis a fantasiar a realidade, para se enaltecer a si e à sua trupe. Adoram causar impacto e tudo serve para ser exibido como badalo, até mesmo as mais variadas banalidades do Mundo dos Vivos.
Quem se cruzar no seu caminho é atingido pelo seu veneno tóxico, que pode ser destilado quer, através de um olhar reprovador, de um comentário infeliz, de demonstrações falsas e dissimuladas, de cochichos venenosos, quer através da carga negativa que emanam.
Se deixares, elas orientam a tua Vida, aconselham, sugerem e mesmo depois de acatares toda a sua falsa boa vontade e corresponderes a todas as suas instruções, hão-de criticar negativamente teus actos. O problema dessas pessoas és tu. Tu és de um jeito que as faz sentir vulgares, mesmo que não seja essa a tua intenção. Quanto mais inatingível te mostras e menos atenção lhes dás, mais cresce a sua vontade em te abater.
Pode parecer um Vodu encomendado para ti, quando te vês rodeado por personagens como estas mas, na verdade, elas são apenas produto de um crescimento torpe. 




 

domingo, 7 de outubro de 2012

Cultivar o Amor


Homens e Mulheres andam desencontrados. Ambos não sabem mais o que procuram um no outro. Desconhecem qual o Modelo que os pode fazer felizes. Essa indefinição provoca desencontros e grandes vazios. Sabem que querem ter alguém do lado, de carne e osso, para abraçar, beijar, sentir, no entanto, aspiram encontrar alguém que reúna um conjunto de características improváveis em seres tão imperfeitos quanto nós. Não existem ideais. O que me parece é que a dificuldade em encontrar alguém para relacionamento sério, resulta da visão egoísta de felicidade que carregamos. Nós não somos os únicos a querer ser felizes. Os moldes por nós concebidos para sermos felizes não podem ser rígidos e inflexíveis ou geradores de barreiras intransponíveis e inultrapassáveis. Por alguma razão que eu desconheço, as pessoas deixaram de ser persistentes, empenhadas em construir algo consistente e duradouro, preferem encará-lo como perda de tempo e, na sua opinião, dedicação é sinónimo de desperdício, sabendo que existe um mundo de possibilidades por desbravar capaz de os entreter. O pensamento que mais se impõe no registo actual das relações é que nenhuma das partes quer abdicar em função de alguém, aliás, o mais grave de tudo isto é sentirem que a sua escolha em se entregar a alguém implica abdicação, sacrifícios, sarilhos, contrariações e por isso não vale a pena insistir em algo que vá exigir muito de nós e quebrar com as nossas rotinas. 
O encanto de uma relação está na cumplicidade que se vai construindo, na aceitação, na vontade que existe em estar junto, na capacidade desenvolvida para ultrapassar divergências, na criação de momentos únicos e especiais que sustentam a intimidade de um casal, não disputar razões, não disputar direitos nem deveres, não sobrepôrmo-nos um ao outro, reconhecer valor um no outro e admirarmo-nos mutúamente, amarmos quem somos e como somos, partilharmos a alegria e a dor, sermos verdadeiros um com o outro, respeitarmos opiniões contrárias e vontades próprias, não tentar mudar o outro para nosso próprio proveito, gozar da presença um do outro, dedicar atenção, não medir forças, saber pedir desculpa, reconhecer que estamos errados, confiar, criar oportunidades, não exagerar, não guardar mágoas, superar as adversidades, surpreender, mimar e deixar que esse amor cresça forte e vigoroso.
Todos temos expectativas relativamente a novos relacionamentos e não há nada de mal nisso, desde que tentemos perceber quais são as expectativas da outra parte e só um diálogo aberto permite aprofundar melhor e estabelecer uma boa base de entendimento entre ambos. Não temos que estar sempre de acordo um com o outro, gostar do mesmo, pensar da mesma forma em todas as situações, agir da mesma forma ou querer o mesmo, o importante é que saibamos o que sentimos um pelo outro e o significado que esse sentimento representa nas nossas Vidas e até que nível queremos estender esse sentimento.
Muitas vezes, as desilusões que acumulamos nas relações com o sexo oposto são alimentadas por nós mesmos e pela nossa ânsia de querer romances perfeitos ou baseados em fantasias de criança.
O factor descoberta, os jogos de palavras, os olhares demorados, os silêncios na despedida com a promessa de um próximo encontro, o arrepio na pele após o toque de mão na mão, os longos diálogos ao telefone que terminam na frase cliché "Sonha Comigo", faz-nos sentir especiais.
Afinal o que todos queremos é ser essa pessoa especial na Vida de alguém.   
  

sábado, 6 de outubro de 2012

Massa Grudenta


Quem inventou a pastilha elástica devia ser banido da face da terra. Não há goma açucarada e elástica mais inconveniente que essa. É grudenta, estala nos ouvidos e, na boca de alguns incautos "ruminantes", vira suplício. O seu aroma intenso provoca, nos mais sensíveis, dores de cabeça e muito mau estar. O cenário mais adorável  de todos acontece, quando num recinto silencioso e que apela à concentração, se ouve aquele som irritante e suicida da pastilha elástica embrulhada em saliva, que se enrosca nos dentes e coça as gengivas numa dança frenética que termina com a explosão de um balão de ar quente, que se repete até à exaustão. Não entendo porque proíbem o uso do telemóvel, máquinas fotográficas e demais gadgets, com o objectivo de não criar distrações e desviar atenções e , incompreensívelmente, não proíbem o uso da maldita pastilha elástica e seus inúmeros sabores. Menta, morango, melancia, limão, framboesa, tutti-frutti, melão, laranja, maçã, you name it. Todas elas prometem um duradouro hálito fresco mas esquecem-se de prevenir sobre as contra-indicações do seu uso recorrente. Vício que distrai a fome, controla a ansiedade, baixa a tensão mas não poupa aqueles que são obrigados a conviver com isso mesmo sem o desejarem. Ressonar e mascar pastilha elástica pertencem à mesma categoria de actos indesejáveis e desconcertantes. Há pessoas que ainda não entenderam que nem tudo vale a pena partilhar. Essas duas acções dispensam platéia.
Depois há os chamados malabaristas da pastilha elástica que ensaiam rebentamentos atrás de rebentamentos até serem surpreendidos com uma gigantesca explosão de lava elástica em suas caras de pessoas sem noção. Mas mesmo assim insistem em continuar. Nem essa pequena humilhação pública os faz demover. Os mais ousados esticam a pastilha elástica o mais que conseguem e enrolam-na no dedo indicador numa espiral que resvala num género de insanidade mental sem precedentes. Aposto que estas pessoas também mastigam de boca aberta, se engasgam sozinhas, enfiam o dedo na boca para desatarrachar a carne entranhada no dente e no final,  para concluírem apoteóticamente, chupam o dedo húmido demoradamente, esquecendo-se que existem outros recursos que priveligiam a discrição e sobretudo a boa educação. Seus actos são desmedidos e sempre irreflectidos.
Depois de cansados de massacrar os dentes e os maxilares com tanta mascação, jogam sem piedade a pastilha elástica na calçada deixando marca da sua má criação.
Quem nunca foi brindado com um carimbo de pastilha elástica no sapato? Pior que cócó de cachorro. Não desgruda. 

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

"Faixa de Gaja"


Se eu não fosse Mulher, seria certamente um Homem perdido na sua identidade sexual. Nasci para Ser Mulher e ajo como tal e às vezes devo confessar que me aterroriza um pouco, esses meus ímpetos femininos, que não disfarçam quem sou. Há característcas nas Mulheres que não gosto mas que eu própria reencarno e isso deixa-me mais assustada ainda. Vaidade é uma delas. Sim gosto de sobressair através dos meus trapos, que batalham por um espaço digno no meu depósito de fantasias de Mulher saliente. Bem sei que não são eles que me dão a consistência de que preciso, mas ajudam a elevar a minha auto-estima feminina. Adoro uma perna alongada por um salto alto, que termina num queixo içado de confiança e num sorriso rejubilante. Para mim cara lavada significa blush, eye-liner, sombra nos olhos e um batôn que aumente o volume dos meus lábios. Sem esses pós e brilhos sinto-me um pão sem sal. Decotes profundos já não são do meu agrado nem "faixas de gaja" (mini-saias ou vestidos reduzidos). Já os experimentei mas o incómodo é grande e, aliás,  nunca achei que me assentassem. Minhas medidas são, digamos, demasiado pronunciadas e anti tecidos demasiado aderentes.
Desabafar tudo aquilo que inunda a minha alma é provavelmente a característica que melhor evidencia a minha génese feminina. Não somos boas a medir as consequências dos nossos desabafos. Eles são mais repentinos e tão oportunos quanto arrotos sonoros.
Outra característica que não seduz e que eu partilho com tantas outras Mulheres é ter a capacidade de mudar o ambiente de bom para mau em instantes. Nosso humor é mais frágil que uma pétala de rosa. Absorve tudo o que o rodeia e atribui-lhe enorme significado. Nada nos é indiferente.
Não sei simplificar nem relativizar.
Mais estranho ainda é darmos importância a pressentimentos que aparecem sem fundamento. Quando eles surgem, activamos nossos alertas e desconfiamos do que é garantido.
Imprevisíveis sempre. 
Incrível é quando convencemos os outros da nossa insegurança na tomada de decisões, que nós já idealizamos na nossa cabeça e tudo iremos fazer para as concretizar, apesar de divertirmo-nos a ouvir terceiras opiniões.
O universo masculino desespera por nos entender e é esse enigma que adoramos criar e que nos torna ainda mais irresistíveis.
   

domingo, 12 de agosto de 2012

Um "Abre Olhos"



Querida Amiga Verdadeira. Amiga de longos Invernos e Verões apressados, que deixam saudades. A Ti, dedico estas minhas palavras, que creio ajudarem a quebrar a distância física que impede de estarmos juntas tantas vezes quantas aquelas que achamos que merecemos. Tenho tanto para te contar, mas não sei por onde começar. Se adotar o critério da prioridade, então minha tarefa fica difícil de ser superada, pois todos esses acontecimentos exercem influência na minha Vida e cada um assume uma importância particular. Desde que me abandonaste para cuidar da tua Felicidade, algo que eu entendi perfeitamente apesar de me entregares à solidão, acabou por se tornar num factor sorte. Se bem que a tua presença alegraria ainda mais os meus dias e fomentaria ainda mais a minha Felicidade. Não sei se estás preparada para assimilar tudo aquilo que tenho para te revelar, por isso recomendo que reserves a leitura desta minha carta para uma altura de maior disponibilidade, pois vais precisar de dispôr de todos os teus sentidos. Lembras-te da promessa que eu tinha feito quando me despedi de ti à três anos atrás, lavada em lágrimas de despedida? Lembras pois. Ainda outro dia mencionaste-o e eu, propositadamente, desviei o assunto apesar de, naquele momento, ter algo para desenvolver sobre isso. Só que preferi arrastar por mais algum tempo as novidades. Até me admirou não insistires. Se calhar se tivesses insistido eu teria desbobinado tudo e arrematado o assunto. Não sou Mulher de curtas metragens. Sempre gostei de prolongar um pouco mais. Os resumos tiram toda a criatividade e graça aos episódios. Marca bem este dia na tua agenda pois será um dia memorável para ambas. Finalmente vou desabafar o que tenho entalado e tu vais usufruir dessa revelação e partilhar dos mesmos sentimentos. Dá-me só tempo de servir-me de um copo de martini rosso, para aguentar toda a intensidade do momento. És servida? Não gosto de pecar sozinha. Serve-te à vontade.
Foi tudo muito repentino, mágico e revelador. Uma Nova Realidade se impôs. Aliás, não se tratou de uma nova realidade mas da mesma Realidade, só que vista de outro ângulo.  Descobri que era Feliz e não sabia. Finalmente saí do coma paralisante que me retirou a lucidez e descobri que tinha conquistado a Felicidade. Só precisava dar-lhe maior apreço. Algo me tinha impedido de ver a Realidade diante de mim. Quando fiz a promessa de ser feliz desconhecia que já o era. Pelos vistos, também tu querida Amiga já o sabias só eu é que vivia na ignorância. Estupidamente insistia em ver a Minha Vida através das lentes daqueles que só sabem desdenhar e apontar. Um beliscão me fez acordar e colar todos os retalhos da minha Vida num grandioso smile que eu decidi partilhar contigo Minha Grande e Eterna Amiga, que nunca desistiu da Nossa Amizade.
Eu que pensava ter pouco do que me orgulhar, por não ter uma Vida exuberante em sucessos que me distinguissem dos demais. O que nos deve verdadeiramente distinguir são as nossas atitudes, o nosso coração, a nossa bondade, a nossa sensibilidade, os nossos valores, as pessoas que conquistamos, aquilo que transmitimos e tudo aquilo que geramos. É Disso que nos devemos orgulhar. O resto são meros acessórios que só nos sabem distrair do mais importante.


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Não é a Minha Vez


Duas pessoas largadas numa sala impessoal, sem cor, fria e metálica. Uma secretária ocupada por um ser sem alma e sem ambição, treinado a obedecer sem questionar. Um telefone que estremecia sem parar e uma voz fanhosa a conduzir um diálogo programado com perguntas e respostas. Numa mesa de verga jaziam revistas da devassa alheia, com toda a variedade de escândalos da actualidade. A demora fez-me preferir o meu livro de bolso do momento "O que me trouxe aqui?". Uma questão que ecoava na minha cabeça sem cessar e tão pertinente naquele momento. Afinal o que estava eu ali a fazer. Assim que entrei naquela sala comecei a hiperventilar e a minha ansiedade dominou-me por completo. Nas mãos agarrava a minha sorte ou falta dela. Aquele tempo de espera podia estar a ser desperdiçado, caso não esteja em maré de sorte. Diante do carrasco vivo de cabelo loiro platinado que não poupava na pastilha elástica, barricados naquele buraco sem janelas e pejado de fendas, tantas quantas as vidas que por ali passaram e não vingaram, aguardavamos estóicamente a nossa vez.
Finalmente, a vasta grinalda dourada se lembrou de mim e me acompanhou até ele, o porta-voz das boas e más notícias. Diante de mim um Homem corpulento, impassível, frio, distante, de voz abafada pelo excesso de maus vícios, que descobri ter família, filhos e netos, pela coleção de retratos que formavam uma pequena exposição de parede. Então pensei que talvez aquele homem pudesse ter sentimentos e não ser tão bruto assim. Quando o panorama não se apresenta auspicioso, tendemos a agarrar-nos a ínfimos pormenores que nos devolvam esperança.
Eu e a minha boa educação, que parece não desarmar a todos, entramos em campo, prontas para tudo. Preferi ficar de pé apesar da insistência para que me sentasse. Afinal a resposta a todas as minhas dúvidas demoraria segundos e eu não podia perder mais tempo. Vestido de bata branca e armado em Mestre do Suspense, Venceslau Bogas, de seu nome, desferiu suas palavras à queima roupa e nem se preocupou em saber se tinha trazido meu colete à prova de duros golpes. Atordoada digeri tudo no momento, suspirei de alívio, agradeci e fugi dali para nunca mais voltar. Aquele nao era o meu habitat. Precisava desembaraçar-me daquele cheiro bafiento e voltar a cultivar a minha vontade de viver, até ali sustenida por exames e mais exames de despistagem, como se eu fosse uma cobaia em missão.
Resisti e sinto-me mais forte que nunca pela oportunidade que me foi dada e por saber que não chegou a Minha Vez. Não era suposto. Quando chegar a minha vez prefiro que ma anunciem ao som das quatro estações de Vivaldi na máxima potência e eu esteja confortavelmente deitada num cadeirão de pele, voltada para uma barreira de vidro que reflecte bonitas paisagens com cheiro de mar.  

terça-feira, 17 de julho de 2012

If I Can Make it There.................


Sexta feira 13, com chuva, num mês que se previa soalheiro e ideal para a prática do "praianismo", enfiada num carro com o máximo conforto, eis que sou brindada com a combinação de duas vozes galácticas americanas Frank Sinatra e Tony Bennett no tema "New York, New York" e pensei, veio mesmo a calhar. Sem hesitar aumentei o som do rádio e gozei o momento faustosamente. Naquele instante, só me apetecia ligar para a  emissora de rádio e saber quem foi o responsável pelo alinhamento das músicas naquele horário e desabridamente agradecer-lhe tamanho presente. Nunca aquele caminho tão rotineiro me dispôs tão bem.  "If I can make it there I'll make it anywhere It's up to you New York, New York......" Ao cantar esta estrofe senti o poder dessas palavras e o quão longe elas me poderiam levar se acreditasse nelas. Foram breves instantes de absoluto domínio, isolada naquele pequeno habitáculo, soltei o meu ego desafinado que fazia crescer o meu bem estar. Ninguém para me interromper, um momento só meu, sublime e que não sei se se virá a repetir. Quando algo de tão especial acontece não sabemos quando virá a surgir novamente e em que formato e por isso entreguei-me aquele extravasamento imprevisto. Soube tão bem que foi inevitável a sua reprodução em mim e nas minhas atitudes seguintes. Deveria ser assim sempre.
Aquele dia estava ganho e nem nada nem ninguém me poderia retirar de tais sensações. Foi inusitado,  foi oportuno, foi autêntico, foi libertador, foi o melhor do dia.
A chuva não constituiu incómodo algum, até empregou maior envolvência e fez-me refugiada de um conforto prazeiroso.
Há dias assim, ou melhor, momentos assim que não têm explicação só emoção. 

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Nada é Definitivo


Nem sempre podemos ter aquilo que queremos da forma como o previmos. O que podemos é mudar nossas perspectivas e passar a encarar o que se nos apresenta de um outro modo. Não se trata de fingir que gostamos mas, tão somente, não desaproveitar à partida aquilo que nos é dado. Transformá-lo em algo potencialmente bom e não num castigo que nos foi imposto. Quanto mais estreitamos a nossa visão perante a Vida e suas passagens, mais ficamos a perder. Não há modelos perfeitos e, principalmente, não há um só modelo de Vida. A Vida tem elasticidade para muito mais do que aquilo que se vislumbra. Quando algo surge nas nossas Vidas de menos bom, certamente tem um propósito, nem que seja para se expor como uma revelação daquilo que não é adequado para nós e do qual nos temos que desviar. Acreditar nisso, faz doer menos a alma e permite-nos avançar com nossas Vidas. Não fomos feitos para acumular tristezas ou desilusões, nem encará-las como nosso único destino. Quanto mais prolongamos o rasto de comiseração, mais ele nos consome e nos impede de sermos felizes.  Aceitar e Simplificar podem muito bem ser as palavras passe para a felicidade. Aceitar que nada é definitivo e simplificar, não criando demasiadas expectativas sobre as pessoas e suas acções, evita cairmos em desgostos e decepções continuadas. Isso não quer dizer que não possamos sonhar. O que não é conveniente é criar uma planta cheia de coordenadas em torno desse sonho e esperar que tal aconteça na íntegra. Se assim for, vai parecer um projecto assente em custos e benefícios.
Não vamos conseguir corresponder à imagem que os outros criaram sobre nós, nem os outros irão moldar-se à nossa semelhança. Esta pode muito bem ser uma medida de escolha de quem merece nossa maior atenção e quem merece nossa atençãozinha ou então uma forma de entendimento do nosso mundo povoado.
Não podemos encarar a Felicidade como algo distante de nós, brinde para os mais afortunados e acessível só para alguns.
O destino é só um dos caminhos que podemos tomar. Não temos que nos aprisionar a ele como se fosse a nossa única possibilidade de sermos felizes.  

  

domingo, 3 de junho de 2012

Vida com ou sem Sabor



A que sabe a Vida? Todos nós sentimos o seu sabor e experimentámo-lo todos os dias mas será que sabemos expressar a que ela realmente nos sabe? Será um sabor forte e intenso? Será um sabor suave? Será salgado ou doce? Será daquele tipo de sabor que se gruda às papilas gustatitvas e cria tentação ou será aquele sabor duradouro, saciante, que permanece e não causa enfartamento?
A Vida tem vários sabores. Não são uns sabores quaisquer.
Os bolos de padaria carregados de coco e creme lembram-me a minha infância e a protecção materna, que cuida sempre dos pormenores com todo o carinho. 
Aquele sabor a gorila de morango, que enchia a minha boca de um aroma intenso, ainda faz estalar os meus sentidos. Fazem-me recordar a minha adolescência. A pressa de crescer para ter mais liberdade, representa esse sabor a morango, expulsado em cada balão que sempre terminava em rebentamento.
O sabor a bebidas espirituosas sugadas por uma palhinha colorida que coçava os dentes, nas minhas saídas boémias all night long, recordam-me de mim miúda vaidosa e vidrada em gente bonita. 
O sabor quente do café matinal que bebia num só trago marcaram outro ritmo da minha Vida. Um ritmo mais sério e mais responsável.
O sabor a MacDonald's remetem-me para as minhas saídas internacionais que continuo a querer prolongar. Sem querer, o Mac aparece no meu caminho e acaba por ser a minha primeira opção de refeição, assim que entro noutro território. São sabores que retêm memórias sem fim.
Croquetes, rissóis, bolo de aniversário folhado, sumol de laranja, navegam no meu imaginário das festas de aniversário familiares.
Tantos são os sabores, quantos os momentos da minha Vida.
Férias com sol e calor sabem a sumo de laranja natural fresco e não há melhor vitamina matinal energizante.
Ainda me perco em muitos sabores. Sou fiél a muitos deles. Engordam a minha Vida de Felicidade.

  

domingo, 27 de maio de 2012

Be somebody or Be someone??? That's The Question.


"Quanto mais diferente de mim alguém é, mais real me parece, porque menos depende da minha subjectividade."



Há quem queira ser gente eu apenas quero ser alguém. À partida parece que não existe diferença entre estas duas formas de querer mas a distância entre elas é grande demais, tão grande que não criaram ainda um intervalo para a mensurar. Aqueles que querem ser gente não passam disso mesmo, apesar de acharem que valem muito mais. Se os pudermos qualificar, eu qualificá-los-ia como aquele substrato de pessoas que se acham, sem nunca chegarem a sê-lo verdadeiramente. Nós, aqueles que queremos ser alguém, preferimos deixá-los pensar que são realmente gente. Suas ilusões divertem-nos. Seus modos excessivos, cheios de vontade de resgatar atenções, sua esperteza saloia, sua falta de noção, seu diálogo pobre e inconsistente, suas apreciações sobre os outros, sua mania de intromissão em tudo que não lhes diz respeito, suas interrupções, suas lamúrias, sua vitimização, sua opacidade, sua insistência na comparação com os outros, colocando-se sempre em vantagem, são algumas das características daquelas pessoas que não páram de se achar mas que jamais irão surpreender ou sequer ser consideradas um exemplo a seguir.
Na verdade quando eles se manifestam, facilmente percebemos que estamos perante gente. Seu cantar de galo revela bem o género. Sabem tudo, opinam sobre tudo, cobiçam o que é de fora, reclamam perfeição, remoem baixinho e ganham proximidade apenas para sugar tuas energias.
Ser alguém é muito mais que isso. Aliás, nada tem a ver com ser gente. Os que realmente o são não o sabem ou abafam o caso e os que acham que o são, nunca o foram nem nunca o serão.
Cada vez que me deparo com pessoas comprometidas com  a nobreza de espírito, apetece-me logo conhecê-las e fazê-las minhas amigas e inspirar-me nelas. Não precisam ser perfeitas. Nem é isso que se pretende. Aliás a perfeição não existe, nem deve ser a maior preocupação da nossa existência.
Não basta ter vontade de ser alguém é preciso ter perfil para o ser. A pretensão de querer ser alguém não deve ser encarada como um carimbo  ou marca registada que só arrasta vantagens futuras e notabilidade. O que alimentamos interiormente, os sentimentos que exaltamos, as nossas acções, os nossos pensamentos, as nossas vontades, a nossa dignidade, aquilo que atraímos e provocamos nos outros, definem-nos. A ideia não é agradar a toda a gente e sim agradarmos, tão somente, a nós mesmos. Só assim seremos capazes de reproduzir algo genuínamente nosso, que só alguns saberão compreender e aproveitar. Eles são e deverão ser os merecedores da nossa atenção. Dos outros não rezará a nossa história.      

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Eu e a Vida


Eu e a Vida. Por vezes juntos, por vezes separados. Nem sempre estamos ao mesmo ritmo. Eu quero abrandar, mas a Vida faz-me correr. Para onde, não sei. Ela é quem mais ordena. Eu apenas obedeço-lhe. Tem dias em que ela me inclui nos seus planos, noutros nem sequer sei qual o rumo que ela preparou para mim. Não sou mais dona de mim mesma. Sou apenas uma peça que se movimenta consoante os seus designíos. Quando decido lutar e mostrar-lhe que sou eu quem decide para onde quero ir, ela faz-me deixar pensar que afinal sou mais forte que ela mas logo depois, retira-me todo o poder e num puxão obriga-me a acompanhá-la. Despreparada, lá vou enfrentando as duras realidades que ela insiste em me dar a conhecer. Se isso me fortalece? Talvez, mas também me deixa cada vez mais receosa dos momentos seguintes, da sua implacabilidade, da sua vontade avassaladora, do não ser capaz de a  acompanhar, dos seus ultimatos, das suas rasteiras, do seu enorme poder. Nem sempre me apetece ser forte e superar todos os obstáculos. É cansativo e nem sempre nos ensina algo. Por vezes, só traz lembranças más e nada mais do que isso.
Ouço muitas vezes dizer a "Vida é assim, tem destas coisas". Mas porquê? Porque é que ela tem sempre a última palavra. Porque é que é ela quem decide o nosso destino. Porque é que estamos suspensos pela sua vontade? De que vale o meu Eu, se é ela quem me arrasta e me mostra o que eu não quero ver e o que eu não quero sentir. Porque é que eu lhe devo Tudo e ela não me deve Nada? Queria eu saber.
Ela insiste em querer-me ensinar, em dar-me lições que eu não quero aprender, em aplicar-me castigos, a desviar-me de mim, do que eu quero. Só há algo para o qual ela não tem poder. Não consegue mudar quem eu sou. Só depende de mim mudar-me. Tudo o resto ela pode controlar.
Ás vezes questiono-me porque é que não nos deram a possibilidade de ter duas Vidas. Uma seria um rascunho e a outra seria a original, o aperfeiçoamento do rascunho, a definitiva, a versão melhorada.
Se calhar já estariam a pensar nas reacções dos ativistas ecológicos e sua reprovação pelo gasto massivo e excessivo de papel. Se calhar foi uma questão de custo ou de poupança. Se calhar foi porque a Vida expressa num papel imaculado sem borrões não tem graça nenhuma e não existem versões melhoradas, porque a Vida não é nem nunca será perfeita. Será apenas a nossa Vida. O nosso destino. O nosso borrão. A nossa marca.  



terça-feira, 8 de maio de 2012

Até um dia destes




Nunca sabemos quando vamos partir, nem em que condições. Nem sequer sabemos se teremos tempo de nos despedirmos das pessoas que mais amamos. Deixamos um rasto de sofrimento naqueles que cá ficam e que terão de forçosamente reunir forças para prosseguir com suas Vidas ainda a decorrer. A única forma de apagar alguma dessa dor é aceitar e deixar o tempo correr. Cada momento que desperdiçarmos das nossas Vidas, estaremos a enterrar oportunidades de sermos felizes e de fazer felizes aqueles que decidem acompanhar-nos.
A morte não é um fim nem nunca será um fim. Será sempre um começo de algo ainda melhor. Uma transição para um patamar mais elevado da nossa existência. Não somos feitos apenas de carne, sangue e ossos. Nem faz sentido que assim seja. Senão que significado teriam nossas Vidas. Tudo tem um propósito. A Vida terrena é provavelmente a passagem mais curta que temos e aquela à qual nos amarramos com mais força e vontade. O lado de lá será sempre o eterno desconhecido.
A Morte não é uma despedida. Apenas um desencontro entre Vidas que se posicionam em níveis e estágios diferentes e que um dia se irão reencontrar num cenário de paz e harmonia absolutas.
A Morte apenas cria descontinuidade e encerra uma etapa já cumprida.  Não cabe a nós determinarmos quem merece ou quem não merece ficar por cá.
A nossa maior homenagem a todos aqueles que já não estão entre nós, é sermos felizes e recordá-los nos seus melhores momentos e despedirmo-nos com um "até um dia destes".
Podemos, mesmo assim, continuar a falarmo-nos num silêncio cúmplice, que apesar de não compensar a ausência, ajuda a apaziguar a saudade.
A partir do momento em que perdemos alguém muito querido tudo passa a assumir um significado diferente. Nossa percepção muda. Tentamos procurar sinais ou razões para determinados acontecimentos, que até então passavam despercebidos e não mereciam o desvio da nossa atenção. A dor não é genuínamente má. Transfere para as nossas Vidas opacas, a profundidade e riqueza de que careciam.
A Morte não nos desune. Pelo Contrário, aproxima-nos ainda mais.
Até um dia Destes!

  

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Me and my silence



Não sei ficar em silêncio, apesar de considerar ser uma qualidade dos preserverantes. Gosto de me manifestar e libertar a minha vontade momentânea. Nem sempre essas manifestações me fazem ganhar tempo. Por vezes, sucede bem o contrário e desperdiço-o inutilmente. Preciso dar mais valor ao meu tempo. Alguém me castigou impiedosamente e fez-me defender de tudo aquilo que não compreendo e não aceito. São dores internas que não se cicatrizam sozinhas.
O espelho não me devolve aquilo que eu preciso saber. Devolve-me aquilo que eu sinto e não consigo esquecer. Se calhar não nasci para ser simples mas um enigma, para todos aqueles que ignoram outras formas de Vida. Não quero ser diferente, mas ao mesmo tempo sinto-me diferente, apesar de para alguns poder parecer arrogância da minha parte e estarem longe de presumir ser, simplesmente, ignorância sua, aquela que os faz pensar assim. Um dos meus maiores receios era despertar a curiosidade alheia e ser atacada por isso, quando eu nem sequer me esforcei para ser desse modo. Apenas, sou. Vulnerável a tudo o que me rodeia, construo pensamentos em torno de emoções que vão e voltam e faço crescer a minha ansiedade nervosa, que pulsa por uma reação imediata. Na verdade, qualquer um de nós detém essa capacidade de impressionar, desde que haja alguém que destoe de nós e custe lidar connosco e nos interprete mal. Neste caso, o azar é deles não nosso. Conhecermo-nos uns aos outros implica mais do que colecionar evidências, é preciso dedicar tempo, sensibilidade, reverter pensamentos primários, aprofundar, estudar comportamentos e reconhecer-lhes um sentido lógico.
Porque é que nos sentimos afetados por aquelas pessoas de quem não gostamos, só porque elas demonstram não gostar de nós? Até parece que pelo facto de alguém não gostar de nós, tem de haver algo de errado connosco. Não necessariamente. O que complica tudo são as percepções que fazemos uns dos outros e a sucessão de razões que tentamos recolher, para demonstrar que estamos certos relativamente às nossas sensações.
Não nos devemos deixar envolver por tudo mas a envolvência faz parte da Vida daqueles que querem viver apaixonadamente como eu. Nem tudo tem importância é certo mas faz parte da nossa Vida e seja por mal ou por bem surgiu no nosso caminho.
Não consigo dissimular o que sinto e quanto mais tento dissimulá-lo mais se nota. Não sei fingir e por isso sofro mais. Detesto que contradigam aquilo que sinto, principalmente, aquelas pessoas que, supostamente, me deveriam conhecer melhor. Nesses momentos, precisamos nos sentir em sintonia com alguém e se lhe concedemos a primazia de nos ouvir, então o melhor que ela tem a fazer é compreender-nos e não desdramatizar o que sentimos, pensando que isso nos fará bem.

   

terça-feira, 20 de março de 2012

Sair do aconchego


Há decisões difíceis que envolvem despedidas, saudade, mudança, afetos, medo, tristeza, aperto no coração, coragem, autonomia, abdicação, sofrimento, crescimento e muita firmeza. Se queremos nos afirmar em algo, precisamos ser firmes e seguir em frente, mesmo que deixemos um espaço vazio e inconsoláveis, os nossos cuidadores. É uma ausência necessária que não rompe com o que é sólido e indissolúvel. O importante é saber que quando regressarmos, nada mudou e aqueles que sempre nos amaram continuarão a amar-nos da mesma forma incondicional. Esse deverá ser o consolo de quem parte, para além da convicção de que é realmente disto que precisa para a sua progressão. Porém, tudo tem o seu tempo de habituação, ainda para mais quando se trata de um salto no escuro.
Somos pressionados a ser audazes, corajosos, destemidos num mundo sem perspectivas. Quando a sorte deixou de ser o amuleto dos incapazes e despreparados, vêmo-nos obrigados a reagir na inconstância.
O maior bloqueio são os sentimentos, que não conseguimos engavetar e aplicar, unicamente, quando nos convém. Eles manifestam-se sem serem solicitados, são mestres em inconveniência e tentam atrasar nosso caminho. Pesam ainda mais na hora da despedida e fazem-nos duvidar das nossas vontades. Se por um lado sabe bem estar sob a guarda de quem nos protege, por outro sabemos que essa proteção limita a nossa liberdade e retrai o nosso crescimento. Sofremos todos e nunca esquecemos o quanto doeu abandonar o lugar onde sempre nos sentimos bem e acolhidos, e os olhos suplicantes de quem deixamos para trás. Mesmo que saibamos que podemos voltar, ficamos com a consciência de que quando regressarmos as sensações serão outras, apesar de valorizarmos ainda mais o regresso ao aconchego. Nós entretanto mudamos. O nosso olhar mudou. Amadurecemos porque assim teve de ser mas nunca esquecemos do quão difícil foi essa transição e quanto ganhamos com isso.
  

terça-feira, 6 de março de 2012

3000 Visitas



Atingi as 3000 visitas. Para uns pode ser insignificante. Para mim é saboroso saber que há alguém que me acompanha nesta minha incursão amadora pela escrita. Espero ter conseguido abalar Vosso mundo interior de uma forma positiva. Agradeço a todos os que dedicaram seu tempo a espreitar meu Blog.
Prometo manter-me por cá até que me queiram.
Um beijo muito especial Ana Teresa e André. São eles que me encorajam a dar continuidade a este meu prazer antigo.

domingo, 4 de março de 2012

Jovem mas não tanto

Por vezes despertamos tarde para certas experiências que só agora fazem sentido nas nossas vidas. Deparamo-nos com obstáculos intransponíveis, que nos fazem recuar e sentir o embaraço do peso da idade.
Estás disponível, sentes-te perfeitamente capaz, estás entusiasmado, empenhado em acumular conquistas, porque afinal ainda te sentes jovem, apesar de maduro e mais experiente mas, constatas amargamente, que aquilo que queres alcançar já não te está destinado. Passaste a ser banido, só porque passaste do prazo de validade.
Tal como os tecidos, há alguns que não obedecem a qualquer restrição de lavagem. Outros há que, dada a sua delicadeza, requerem outros cuidados e fazem-se acompanhar de algumas recomendações úteis. A certa altura da nossa Vida, também nós nos sentimos um tecido frágil que não se pode misturar com outros tecidos, bem mais resistentes e com maior garantia de longevidade. Não podemos partilhar do mesmo tipo de lavagem. Pertencemos a um outro segmento e por isso temos um tratamento diferente. Essa diferença nem sempre cai bem quando queremos abraçar todas as oportunidades e sentir as grandes emoções, adstritas apenas a perfis bem mais jovens. Quando nosso rótulo não combina como o nosso espírito, torna-se bem mais difícil superar certas atenuantes ou condicionantes, expressas de forma tão categórica e inflexível que redundam exclusivamente no critério idade, como fator de rejeição imediata.  Mas porquê? Justamente agora que realmente sabemos o que queremos para nós. Quando, finalmente temos algumas certezas, esbarramos com muros altos que impedem nosso caminho e pior, constatamos que essas oportunidades perfeitas para nós continuam por preencher porque só nós vemos interesse nelas. Isto só me faz acreditar que só damos importância à idade quando ela começa a ser um fator retrator. Enquanto somos jovens imberbes, o tempo não tem limite e não há necessidade de apressar nossas escolhas futuras. Mais tarde somos castigados por essas decisões que evitamos tomar no tempo certo. Incrível não? Todas as grandes lições de Vida chegam tardiamente e de pouco valem quando efetivamente reconhecemos a sua importância. A sua permanência só vem desdenhar do nosso fraco sentido de oportunidade.   

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Tudo ou Nada



Gosto, não gosto, quero, não quero, aceito, não aceito, posso, não posso, sei, não sei, tenho, não tenho...... Não há meio termo que suavize este antagonismo carregado de objetividade? O Tudo ou Nada, saliente nestas manifestações concretas, impermeáveis a dúvidas, retira a oportunidade a quem nos queira fazer mudar de opinião ou fazer balançar a nossa racionalidade num talvez, que não partilha de extremismos absolutistas radicados no Não absoluto ou no Sim absoluto.
Não me deixes demasiado contente ou sequer confiante com tua decisão afirmativa mas, também não sejas imbecil ao ponto de me destratares com um Não arrasador. Não te decidas. Defende-te com um talvez e deixa-me gozar por instantes dessa sensação de esperança e otimismo. Será que és capaz disso?
Nem sequer te peço para me mentires. Só não quero que me digas já a verdade. Aguarda mais um tempo. Já devias saber que eu sou como o sonâmbulo que deambula pela casa, não posso ser acordado em sobressalto. Sê gentil. Sê paciente e colabora comigo, mesmo que não te apeteça fazê-lo. Se calhar até te podes vir a arrepender de uma decisão tão radical. Não me faças sentir tudo de uma só vez e não me tentes dominar com o poder da última palavra dada. Usa esse poder conscienciosamente. Independentemente das reações que possas vir a provocar, quer sejam de caráter positivo ou negativo, não há necessidade de provocar uma combustão de emoções. Primeiro conquista a minha confiança, para que seja mais fácil para ambos encarar os momentos de silêncio seguintes e articular respostas adequadas, seja  perante a continuidade de um sim ou o adeus anunciado de um categórico e rotundo não.
Não apresses as situações que não possas controlar.
Assusta-me quando afirmam, sem condescendências, suas decisões e ostentam com orgulho a forma como o fazem, retirando-lhes toda a carga de problemas futuros. Esta rigidez dos Sim e Não absolutos grita por independência e vontade de não decidir e deixar que as coisas aconteçam sem controle. Às vezes, sabe bem ouvir um talvez, que contorne a verdade e nos faça vogar livremente e sem rumo  


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Pensos rápidos



Ouvi hoje uma expressão que me fez pensar e assimilar a profundidade do desabafo. "Já não tenho idade para tapar as minhas feridas com pensos rápidos". Na verdade, chegamos a uma fase das nossas Vidas, onde acusamos dificuldade em curarmos as feridas. Elas custam a cicatrizar. Não são lambidelas nem pensos rápidos que as farão desaparecer. Não esqueçemos tão facilmente e a dor impede-nos "to move on". Reerguermo-nos requer um esforço gigantesco que só a maturidade, a experiência de Vida, exemplos do passado e um espírito lutador combinados, resultarão numa saída sem mazelas. Estas descarrilagens fazem parte da imperfeição das Vidas que escolhemos. Por vezes, surgem para abalar com a nossa apatia latente. O que torna impossível a transposição dos obstáculos é a catastrofização do que nos aconteceu, como se fosse algo irremediável e profundamente mau. A melhor saída para os nossos problemas consiste em encará-los como algo passageiro, que só se alimenta do que nós lhes dermos. Se lhe dermos fermento tóxico, os problemas irão inchar e invadir as nossas Vidas. Se lhes tirarmos a acidez com doses moderadas de açúcar ou doce brandura, os problemas serão facilmente digeridos.
Não devemos fingir que eles não existem ou contorná-los, evitando um face to face. Eles não se evaporam pelo facto de os ignorarmos. Eles hão-de estar sempre lá para nos atormentar, até que decidamos assumi-los e lidar com o assunto. As artes mágicas não funcionam nestes casos.
A idade faz-nos dar mais importância à Vida e cada passo que damos é pensado e está carregado de uma intenção, conscientes do que é melhor para nós e menos arriscado. Afinal a Vida assume um novo peso e valor. Comprometê-la com passos mal medidos faz-nos desmerecê-la. Nossas decisões são mais criteriosas e mobilizadoras da estabilidade e segurança pretendidas.
Pensos rápidos na nossa idade não estancam a profundidade dos golpes sofridos. O impacto que os problemas exercem na nossa Vida é maior, porque o tempo começa a escassear e cada vez que os percalços acontecem, perdemos a oportunidade de usufruirmos da Vida. Preveni-los defende-nos melhor da parte amarga da Vida e liberta tempo para prosseguirmos sem interrupções.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

"We just want to be good"



A Filosofia do Melhor é manifesta em múltiplos contextos e alimentada por tantas personagens que se torna inevitável não ser contagiado por essa manifestação descontrolada. Parece que temos de ganhar vantagem em tudo e sobressair em todas as ocasiões. Se a tua postura não for essa e não demonstrares o teu melhor, então serás alvo de comiseração pelos teus pares. Tens que pelo menos tentar chegar lá ou aproximares-te do ranking de excelência, senão serás banido. Encaramo-nos como obstáculos a ser transpostos, para subir mais um nível e conquistar o tão almejado pódio. É assim que funciona, mesmo até em situações em que não há ganho nenhum, a não ser um ego insuflado pelo vazio de conquistas inúteis e que revelam a sua  falta de criatividade pessoal, provavelmente, bloqueada pela sua obssessão em estabelecer comparações rídiculas.
O universo feminino explora muito bem esta filosofia da inutilidade da comparação para se afirmarem melhores e mais mulheres. Exaltam o que há de menos bom nas suas congéneres, para seu próprio gáudio. Inclusive sobra-lhes tempo para criar notas mentais, tal é persistência do olhar que dedicam umas às outras, escarnecendo por dentro cada vez que constatam estar perante uma Goddess, sua rival.
O universo masculino não perde tempo com estas miudezas, mas não deixa de explorar a filosofia "do eu sou melhor do que tu" no seu quotidiano. Neste caso, o paradigma é diferente.
Os homens adoram ser conhecidos. Fomentar amizades. Quantas mais melhor e ser reconhecidos por todas elas, como o tipo que vive bem e é bem relacionado. Muitas vezes acontece que, essa sua vaidade, que lhe confere tamanha notoriedade, poderá vir mais tarde a decretar o seu fim hegemónico. Sua exposição constituirá uma ameaça, anunciada por aqueles que gostariam de estar no seu lugar e não toleram ser achincalhados com tanta propaganda.
Adoram servir de exemplo e modelo de cópia. Eles próprios ostentam-no e instigam outros a acompanhá-los e a aprender a ser bons como eles, contudo, mantêm a confiança férrea de que jamais os conseguirão igualar.
As rivalidades das mulheres são secretas enquanto que as dos homens são conhecidas.
As mulheres convivem umas com as outras, mesmo não se suportando. Conseguem dissimular muito bem suas emoções, para não serem desmascaradas. Creio até que, a nossa intuição não é algo inato, mas algo que se foi apurando com as sensações que fomos aprofundando acerca umas das outras e que raramente nos enganam. Sabemos bem quem são nossas rivais, apesar do secretismo instituído.
Porque é que acham que nos casos, cujo desfecho é a violência física, as mulheres atacam os cabelos?
Uma mulher com peladas ou careca não será mais objeto de cobiça e o cabelo simboliza o poderio feminino.
Estas poderão soar a caricaturas extremadas de cada um destes universos, mas certamente encontrarão algumas particularidades homólogas.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Três Desejos para saciar minha loucura



Livres para pensar mas presos nos movimentos, que teimam em se manifestar e assumir uma posição que há muita precisa ser afirmada. Afinal não somos verdadeiramente livres. A passagem dos pensamentos aos atos está bloqueada e, por conseguinte, não conseguimos afirmar a nossa liberdade. O sangue ferve cá dentro e a vontade é tanta mas, um desvio dessa liberdade condicionada, pode comprometer a nossa imagem e acabar com a nossa razão. É tão difícil ser tolerante para com determinadas naturezas humanas, com falhas de caráter profundas e irreversíveis. Até o objeto, que eu tantas vezes aqueci em minhas mãos para lhes arremessar, é mais valioso e digno de ser poupado. Só sobram as palavras implacáveis, para exercer o meu poder liberatório, de as ver encolher na sua pequenez. No entanto, tratam-se de criaturas desprovidas de alcance mental e, portanto, jamais conseguiriam entender o significado dos termos aplicados. Inclinariam a cabeça como o Yorkshire do meu vizinho, quando me vê chegar a casa, e arreguilariam os olhos em sinal de confusão mental.
Suas almas jamais levitarão até ao céu. O peso da maldade fará com que fiquem soterradas e virem alimento principal dos parasitas, imunes a más digestões.
Quem lhes acha graça é tão engraçado quanto elas, o que quer dizer que acabará também em desgraça. 
Enquanto espero pela justiça divina vou-me contentando com a construção de imagens mentais do tipo vê-las sem o dentinho da frente, ou exibindo uma longa cauda de lagarto a descer do fundo das costas até ao chão, ou afetadas por uma língua que enrola quando tentam falar e desenrola quando querem estar em silêncio. Seria genial. Se os desejos para 2012 fossem mais de 12, estas seriam as minhas últimas opções. Os outros 12 já têm destino e não as incluem obviamente.
Devo estar a chocar uma espécie de insanidade mental sem precedentes e com tendência para permanecer. Se não é isso então deve ser sinusite. :D
Preferia que fosse insanidade. Sempre é mais divertido e não faz dor de cabeça.
  

Acordei o mundo

Najla tinha muita dificuldade em dormir. No seu entender, a vida podia acabar se se deixasse adormecer. Uma convicção implantada, desde a m...