sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Bring it On


Resultado de imagem para bring it on emoji
E de repente, crias para ti própria uma condição que te devolve à estaca zero. Na verdade, não tinhas alternativa. Se ficasses, sujeitavas-te e se saísses, também te sujeitavas. A questão é, qual das duas pesa menos ou causa menos estrago na tua Vida. Sendo que, agora já não há tantas oportunidades  para errar.
Tuas decisões vão determinar os dias seguintes e consolidar tua situação futura.
Pesa embora, tua resistência para encarar novos desafios e potenciar motivação suficiente durante o processo, para que não deixes de agir em prol do que queres e precisas, sofre quebras de confiança que demoram a restaurar. Com o tempo tornamos-nos mais frágeis. Nossa capacidade de sonhar é bloqueada pela passagem do tempo que, nos remete para determinadas realidades que,  por sua vez, impedem desvios irracionais.
Tudo é uma questão de tempo mas, Nós sabemos que o Tempo nem sempre é nosso aliado e a sua velocidade é desproporcional ao ritmo das nossas Vidas. Uma vez estagnados, o tempo não conspira a nosso favor, nem tampouco abranda. É a Vida na sua plenitude. Não pode haver lugar a cansaços, reclamações, indignações, amuos, revoltas, recuos, recusas, hesitações. Tudo tem de funcionar em pleno.
Digo, Vida na sua plenitude porque, está tudo lá ao nosso dispor. Só que por vezes nossa visão está turva porque teimamos em lamentar o estado atual e demoramos a reagir.
A forma como reagimos a tudo que acontece, expõe-nos ao que a Vida tem para oferecer e a magia acontece. Assim espero.
Bring it on.



segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Perdições com Açúcar

Haverá Bolachas que não façam migalhas? Falo de Bolachas de tamanho proporcional ao seu sabor. Não falo de amostras de Bolachas, boas para bochechar. Falo de Bolachas com tamanho suficiente para te arrependeres depois. Bolachas a sério. You know what I mean. ;)
Quero Bolachas que não deixem rasto de desperdício, nem se colem ao céu da boca, tal qual as hóstias das missas de domingo. Bolachas para se comer silenciosamente, melhor até, clandestinamente e, principalmente, Bolachas que não espalhem marcas do nosso pecado. A sua embalagem poderia até se auto destruir em segundos. Sem marcas. Sem dedadas. Sem ADN. Sem medo de sermos descobertos. A ideia é eliminar quaisquer vestígios comprometedores. Nós os gulosos, somos muito perseguidos. Verdade que sim. Principalmente, os mais crescidos que já não têm a casa dos avós para se refugiar e lambuzar sem castigos.
Parece que o açúcar é agora o veneno do século XXI, uma dependência de morte lenta e um estandarte dos Serviços Nacionais de Saúde para repudiar os gulosos. Estamos ao nível dos dependentes de substâncias ilegais. Qualquer dia entra a canabis, sai o açúcar. Não tarda vou adoçar o café com pauzinho de canabis.
Há todo um ritual ao desembrulhar o que envolve essas perdições com açúcar. Conheço aquele barulho da prata que reveste o chocolate. Consigo até abafar os outros sons só para o ouvir. É a Música de abertura das hostilidades "Sei que Não Devo mas Sabe-me Bem".
Quem me dá doces dá-me afeto. Marcas do meu passado infantil.
Podiam-me ter dado um rabanete mas, não creio que deixasse marcas tão boas quanto estas que trago. O sabor a doce não se confunde com nenhum outro. É único.
Não quero fazer propaganda ao doce mas por favor não o diabolizem, em nome dos gulosos como Eu.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Só mingo. Só mingo.

Quem sabe um dia possa novamente escrever outra história para a minha Vida. Que seja num daqueles dias de Sol ameno, bons para secar a roupa no varal.
Quando minha missão terrena acabar, quem sabe me doem outra oportunidade para fazer diferente. Não propriamente melhor mas, diferente. Outros rostos, outros contextos, outros enredos, outros que não os mesmos. Quem sabe um dia liberalizem a venda não regulada da canabis e eu possa mascar a Vida de uma outra forma.
Não que a Vida não me saiba. Acho que até sabe melhor agora, do que na idade do fermento. Já não cresço. Só mingo. Só mingo.
Curiosamente, vemos pior mas, enxergamos melhor. Basicamente, aprendemos a conservarmo-nos. Pode parecer um papo caduco. Porém, eu prefiro charmar-lhe papo de uma consciência maior. Não me rendo às evidências mas reconheço-as. Mais ou menos isso.
Meu filho já me confessou estar cansado de ter 4 anos, isto porque ele não sabe o que vem por aí e pensa que, a idade dá poderes. Olha para mim e para o pai e pensa, quanto mais velhos mais poderosos. Só mandam. Só mandam.
Não direi mais poderosos mas sim mais sábios. E o que está escrito, escrito está e o que está por escrever devolve-nos outra esperança que nos prende aqui até deixarem.
Sinto que estou só de passagem. Isto não acaba aqui.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

E a Saga continua....

E a Saga continua. Os que querem falar. Os que são impedidos de falar. Os que interrompem. Os que são interrompidos. Os que se acham donos da palavra. Os que ficam em silêncio por opção. Os que te observam e medem tuas reações com intensímetro. Os que preferem ficar em silêncio e não se comprometer. Os que nem sequer tentam falar. Os que promovem a discussão para agitar mais as águas. Os que aguardam a vez de falar. Os que tomam partido. Os que não tomam partido. Os que se manifestam em privado e em particular. Os que só falam se tiverem platéia. Os que convocam os outros a falar. Os apressados. Os Ansiosos. Os Enfadados. Os Conflituosos. Os Temperamentais. Os Tranquilos. Os Emotivos. Os Frívolos. Os Indiferentes. Os Distantes. Os Ciumentos. Os Invejosos. Os que são lembrados. Os que ninguém se lembra. Os Desinteressados. Os Responsáveis. Os Preguiçosos. Os Irresponsáveis. Os Materialistas. Os Despojados. Os Persuasivos. Os Verdadeiros. Os Sinceros. Os Profundos. Os Superficiais. Os Falsos Moralistas. Os Opinion Makers. Os Altivos. Os Modestos. Os Humildes. Os Sabichões. Os Fundamentalistas. Os Followers (Seguidores). Os Perseguidos. Os que perseguem. As Vítimas. Os Caça Likes. Os Presunçosos. Os Fundamentalistas. Os que pensam pequeno. Os que pensam out of the box. Os Executantes. Os Pensadores. Os Banidos. Os Contidos. Os Desbocados. Os Perfecionistas. Os vai assim mesmo e os Inocentes que acabaram de chegar e os acompanham para todo lado e com eles querem estar.

The Bad Ones

O Meu Filho insiste para que lhe conte histórias. Não escolhe o melhor momento, nem o melhor contexto. É na base do quero que me contes agora mesmo, em ambientes de ruído com muita gente ou pior, em ambientes de silêncio com muita gente também. E curiosamente (ou não) os seus personagens favoritos são os maus da fita ou em "Strong Language", The Bad Ones.
Rufem os tambores, porque os eleitos são: Bruxa Má e Lobo Mau.
As melhores histórias são aquelas onde estes dois protagonizam. Afinal, dos bons não reza a história.
Nem vale a pena tentar suavizar suas presenças pois vai tirar toda a graça, que eles parecem ter para o Meu Filho. A minha tentativa de o poupar a pesadelos redundou numa frustação conjunta. Eu falhei porque não soube contar a história que ele queria ouvir e Ele amuou porque a história não soou como ele queria.
Tentei de novo, desta vez sem filtros e com efeitos sonoplásticos. Foi Libertador. Acho até que me empolguei.
Quando terminei, Meu Filho estava a tentar processar não só a história mas também, a minha transformação. O que é que eu fiz? Pensei Eu.
Após uma breve paralisia sensorial, surge o rigor jornalístico de um miúdo de quatro anos, que me deixou bloqueada.
E a Bruxa Má vive sozinha ou acompanhada?
O Lobo Mau vomitou a Avózinha?
Que idade têm?
O Lobo Mau e a Bruxa Má vão à Escola?
And so on...
Questões práticas de uma acurada pertinência histórica, direi Eu. :)

segunda-feira, 13 de março de 2017

Não precisa mudar

Nunca se repetiu tantas vezes esta frase: Empreender Mudanças. É até condição de sobrevivência nos dias de hoje. É apregoado em todo lado e propagou-se de tal forma, a ponto de ser dado como receita para tudo. Eu até para imbuir-me do espírito de mudança, troquei de marca de champô e o que eu lucrei, foi com a juba do Rei Leão. Foi assim, com este estilo Afro friendly, que empreendi a minha primeira mudança.
Mudar, afinal, não implica sair da normalidade?
A normalidade é tão ruim assim?
Será que abalar com a normalidade significa abalar com a nossa estrutura, a nossa coluna vertebral?
Mudar para acertar?
Será que é esse o maior fundamento do movimento de mudança?
Estaremos assim tão errados ou tão estagnados?
Quantas vezes teremos nós que nos virar do avesso?
Acho que estrangulamos de tal forma este termo, que virou um movimento de consumo.
Mudar para ser diferente, gera incerteza e às tantas, provoca confusão mental. Propõe que te abandones a ti mesmo e aceites um outro registo de ti próprio. Às tantas este movimento de mudança vai ditar uma tendência e virar moda, que se pegar, então viraremos inimigos até do que é bom. A mudança faz mesmo isso, um corte com o passado, embora haja passado bom e passado que valha a pena reviver.
Que seriamos nós sem memórias?
São as memórias que confirmam nossa existência no tempo.
Mudo de humor, mudo de cuecas, mudo de champô, mudo de sapatos, mudo de passeio, mudo de penteado, mudo de menú, mas não mudo o que existe em mim.

segunda-feira, 6 de março de 2017

A Maninha

Marta Aragão Pedroso de Sousa nasceu pós 25 de Abril, num dia gelado e soalheiro de Fevereiro, na maternidade da região, hoje extinta por razões económicas e sem piedade social. Nasceu no seio de uma família jovem e remediada, descendente de Barões esquecidos e falidos. Nasceu num período de mudança, de esperança, de rutura com Vidas sem opção, de liberdade, fim do isolamento, novo começo, mas sua maior sorte foi ter nascido num ambiente enriquecido de afectos e inconciliado com a abundância e o desperdício. Nada podia ser mal gasto, até porque não havia folgas para tal desgoverno.
Marta, cedo percebeu que seus pedidos tinham de ser conscientes e exigências não eram permitidas,  nem bem aceites. Aprendeu também a não reclamar e agradecer sempre. Aprendeu a valorizar pessoas e momentos e descredibilizar as distrações materiais, recurso dos Pais da atualidade, para corrigir e ajustar comportamentos. Não havia condições para tais desvios consumistas e os comportamentos de Marta, não exploravam essa necessidade de Ter para Ser. Nunca se sentiu desfavorecida nem tão pouco descontente.
Marta ganhou uma sensibilidade rara, que alguns ainda estranham e preferem encarar como um desvario qualquer, trabalho para exorcistas certificados e inscritos na Ordem.
Umas vezes ficava incomodada, outras nem por isso.
Já crescida e mulherzinha, abalaram o seu mundinho de afetos, precioso e sagrado. Nascera a Renata Aragão Pedroso de Sousa. Agitada, rabina, com goelas, vítimas de um traumatismo agudo, elevado ao exponente máximo de todos os decibéis e mais um.
Todos achavam-na simpática. A Marta achava-a tonta e suicida para se meter no seu caminho.
Seu quarto, virou galpão das tralhas da pirralha e Marta a segurar-se para não explodir.
Quando ninguém estava a olhar, pendurou-se no berço da Renatinha e no momento em que, se preparava para lhe fazer caretas, a imbecil devolve-lhe um sorrisão, que a fez recuar. Desdentada e simpática, ninguém aguenta
Lá ganhou coragem e desafiou-a com uma careta e não é que, Renata solta sua primeira gargalhada,  que rapidamente ecoou em toda a casa e fez seus Pais correr de alegria enlouquecida.
Marta retirou-se nesse instante e pensou fazer as malas e abalar, mas sua Mãe nem deu tempo para aprofundar esse pensamento e espetou Renatinha no seu colo, que babava e babava. 
Quando regressava da escola, lá estava Renata à sua espera. Rastejava até si e reclamava colinho e Marta, já rendida, cedia mas não a poupava a  meia dúzia de caretas.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Reza do Ano

Egos tantos Egos a gritar, tantos a querer manifestar-se e, nossos sentidos ofendidos consomem-se, a tentar compreender o que querem dizer, ou melhor, tentar decifrar o que estará implícito nas suas palavras, nos seus silêncios, nas suas reações não verbais, nas suas atitudes veladas. Enfim, coitado de quem não nasceu básico e gosta de aprofundar a todo o momento e a toda a hora.
Porque é que estamos constantemente a supor e a acrescentar o que não está lá nem sequer foi dito, só para nos enchermos de razões e dilatarmos ainda mais o nosso pensamento, já de si demasiado trabalhador.
Não sei o que querem dizer e como o querem dizer, só me baseio no que foi dito. Evitaria muitas complicações só que, infelizmente, não é o que acontece na realidade.
Na realidade, damos protagonismo à nossa sensibilidade e deixamos que ela qualifique tudo o que nos rodeia, fabricando histórias, traçando perfis, retirando ingenuidade, acrescentando malícia, dissecando toda e qualquer informação e, dessa forma, atrapalhando saudáveis convivências.
Neste momento, se me concedessem um desejo, eu pediria, sem hesitar, que silenciássemos nossos egos e não procuremos achar algo que não foi dito ou declarado. Não desviemos nossas atenções, não descontextualizemos, não avaliemos o tom do outro, o ritmo do outro, o passado do outro, as intenções do outro, a maneira de estar, a maneira de ser, o aspeto, a formação, o sentido de oportunidade. Basicamente o que eu quero dizer é que não avaliemos e deixemos que algo se manifeste por si só sem nossa intervenção intelectual e emocional. Tudo seria tão mais fácil.
Nosso grande erro, por vezes, fatal na comunicação com os outros é querermos dar razão ao que pensamos e sentimos. Esta nossa urgência em sermos ouvidos e aceites é que gera os grandes conflitos.
Ao querermos defender nossas versões expomo-nos mais e tornamo-nos alvos a abater e bastante mais vulneráveis. Não nos deixemos ofender por versões diferentes da nossa nem cair em tentação de impor a nossa própria versão. Apesar de não ser católica militante deixo-vos esta reza que eu própria tenho tentado aplicar.
Este é o meu desejo para 2017, além daqueles habituais aos quais não podemos ser indiferentes e que me reservo de mencionar.
 
 
 

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Never say Never

Finalmente tinha chegado aquele dia que julgava nunca vir a acontecer. Aquele lugar foi durante anos o seu "lugar comum" e já há muito tempo que não supunha dali sair. Na verdade, teve que abandonar essas suposições para não se castigar mais e teve que aprender a aceitar que esse era o seu destino e portanto mais valia adaptar-se mesmo que isso não a beneficiasse. Quanto mais supunha sair dali mais repulsa ganhava por aquela centena de metros quadrados de reclusão, que apesar de tudo a ajudaram a crescer e a desenvolver competências e, mais do que isso, a conviver com emoções e a saber defender-se de algumas delas. Um ambiente muitas vezes hostil, repressor e um cerco de olhares que tentavam sugar suas energias, só porque não conviviam bem com a diferença e uma diferença que parecia amolgar seus egos mirrados.
Deixou tudo. Desapego total. Por fim sentia-se livre.
O que viesse a levar para onde quer que a colocassem seria novo. Por estrear. Até mesmo as emoções serão outras e, desta vez estava confiante e melhor preparada para enfrentar novos contextos. Seu desejo é que que não fossem os mesmos. Louvado seja o Senhor.
Sentia-se pronta. Afinal há dez anos que se preparava para aquele momento e foi quando deixou de acreditar e, sem suspeitas de nada, que tudo aconteceu.
Todos gostavam dela e quando digo Todos, falo em pessoas normais, equilibradas e estruturadas, que sabem prezar o outro, respeitar o seu espaço, o seu tempo, a sua conduta, a sua privacidade.
Saudades não sentiria. Com certeza, ficará o seu rasto, a sua pegada, a sua marca, a sua entrega e o registo de um modelo a seguir.
As amarguras ficam no passado e o presente é o que mais importa. Nunca é tarde para recomeçar.
Com estes pensamentos apresentou-se aos presentes e houve automaticamente manifestações empáticas, por parte de alguns, reservas por parte de outros, mas tudo num clima descontraído e acolhedor.
Terão bastante tempo para se conhecer. Aliás a novidade provoca sempre interesse, algo do qual ela já tinha vivenciado no tal lugar, agora distante e enterrado no passado.
Nada de euforias. Calma muita Calma. Sem pressões. Só pertencemos onde quisermos estar. Quando deixarmos de querer lá estar, deixamos de ali pertencer e é sempre tempo de mudar.
O difícil é criar a dinâmica da mudança, ou melhor, empreender a mudança. Após isso, as mudanças seguintes não serão tão difíceis de empreender pois já se encontrará num registo de mudança. Parece confuso mas na sua cabeça fazia todo o sentido e mais do que isso estava Feliz.





 

terça-feira, 29 de março de 2016

Animosidade neurótica

Circunscritos a 60 metros quadrados, forrados de pastas, inundado em papéis, preenchido por mesas e cadeiras, de uma austeridade artística sem igual, pertença de um passado longínquo e out date, assentes numa carpete sem personalidade e sem cor, abrigo de legiões de àcaros.
O Bom naquele espaço são os janelões rasgados nas paredes, que filtram os raios de sol e embaciam  com a chuva. Eles relembram-lhes que há mais mundo para além desse que os torna reféns de segunda a sexta.
Moram nele temporáriamente mas intensamente e, por isso, é lá que tudo acontece, o destempero, a loucura, o estalar do verniz, os desvios de caráter, a cobiça entre outros mimos comportamentais.
Muitos anos de convivência, muitos anos de permanência, tornaram-nos seguidores de um regime institucionalizado, que fizeram questão de perservar e coagir os "piratas mais novos" a incorporar, num exercício de obediência algo repressivo.
Eis que a realidade actual fê-los vítimas do seu excesso de controlo e domínio.
Falo de personagens com comportamentos retorcidos, algo infantis e absolutamente imbecis. Amigas, cúmplices, catedráticas em conversa fiada, visando sempre os outros, impiedosas a rotular e ridiculamente neuróticas.
Sua convivência era serena, até que a conjuntura mudou e já não havia espaço para lugares confortávéis e impôs-se a necessidade de justificarem sua permanência ali.
Todos os dias reina a comédia. Uma age como intocável e portadora de condições especiais e teatraliza o tempo todo. Considera-se uma profissional especial. Construiu um forte de pastas à Volta do seu monitor, vedando o acesso a visitas ou olhares indiscretos, principalmente da parceira next door. Seus gestos, suas expressões denunciam-na. Quando convocada a ajudar amua e finge estar a meio de algo importante. No entretanto, a Amiga fumega e inicia uma sessão de ruído com tudo aquilo que lhe aparece à frente. Bate com o agrafador violentamente na mesa, remói, ausenta-se, regressa, muda de objeto, que vítima do seu destempero, jaz indefeso junto ao seu "colega" agrafador e levanta-se novamente, desta vez, piurça da Vida e, tipo sonda procura o olhar da criatura, para a fulminar. Enquanto ela, provoca um pouco mais e zomba descaradamente, fingindo estar entretida com Tudo menos com o oficío. Vasculha na bolsa o telemóvel, retira todos os papeizinhos que acumulou no porta moedas e rasga-os, um a um, cirurgicamente e pior, demoradamente.
Vive preocupada com o exterior, reclama atenções, incomoda-a o destaque dado aos outros, monitoriza os desvios de atenção ou a desatenção dos colegas face ao trabalho, quer saber o que os retira por instantes do dever e sua curiosidade é intrusiva e perniciosa.
Quando ambas precisam falar-se, controlam-se ao máximo para não levantar suspeitas e perder as máscaras. Amordaçam suas revoltas e tentam agir com naturalidade.
Religiosamente, quer estejam esquinadas ou não, vão juntas gozar o break matinal e regressam as melhores amigas de sempre, sem salpicos ou respingos de animosidade.
Assumem novamente os seus papéis. A dissimulada armada em astuta e a loba disfarçada de cordeiro.
A outra personagem desta novela, discípula e seguidora da Amiga, também, em tempos, navegou na inutilidade e relaxou nas suas obrigações e agora sofre de  exploração e convoca a outrora mentora  para sua secretária particular. E a sinfonia continua. Vigias ao monitor uma da outra, para medir quem produz mais é uma constante. Vivem numa neurose permanente.
Perderam o controlo e agora lutam para não se afundar num lugar vazio qualquer.






Reféns do style

Personalidades com excesso de vaidade. Causa de muitos litígios, relações cortadas, convivência espaçada, afastamento. Sobrevalorizam-se em relação aos demais, acham que têm de ser servidos e não equacionam trabalhar ou cumprir ordens de outros. Querem ter permanentemente um papel com preponderância. Nunca trabalharam por conta de outros e até evitam-no. Não tendo experiência anterior, não gostam de receber ordens e quando as recebem  sentem-se ofendidos e com o ego ferido. Acham que nasceram para comandar e os outros para executar. Querem ter seguidores e acreditam que reúnem as características de um líder como se fosse algo inato, que não merecesse aprendizagem,    adquirir experiência, buscar conhecimento, perceber como é ser comandado e receber ordens hierárquicas, ter vivido do lado de lá, de quem é regido e se deixa reger, envolver-se, promover sinergias, reconhecer valor, dar o exemplo, abraçar o trabalho com um sentido de missão e não com o sentido de fazer só o que se gosta e encarar os outros como tarefeiros, sair da zona de conforto, marcar a diferença mais com atitudes do que com palavras.
Geralmente são personalidades que subestimam o outro e acham que nada têm a aprender com ele. Iludem-se com cenários, com a possibilidade de um dia virem a ser líderes porque acham que se enquadram no perfil e, convenhamos dá style.
São os tais  que pisam a nuvem e do alto da nuvem a vista lá em baixo é turva e distante e causa muitos vertigens. São os tais com excesso de si e não confundamos com confiança, pois essa requer trabalho, tempo, resistência, auto controlo. São os tais que se acham tão especiais e não percebem porque mais ninguém vê isso e então preferem encarar que é inveja, ciúme, intolerância, autismo e se calhar ingratidão.
Os outros são os descompensados, os mal resolvidos, os amuados, os mal amados, os negativistas, que não compreendem a sua grandiosidade. Riem-se deles como se fossem um género de seres em extinção ou espécies raras, com escárnio e altivez. É a vaidade mais uma vez a consumi-los e a enchê-los de crença de que Tudo podem. 
Há tanta possibilidade no Nada e, na mesma dosagem, do vazio que há no Tudo. Nada é garantido é a Melhor premissa para encetar nossas conquistas.

Acordei o mundo

Najla tinha muita dificuldade em dormir. No seu entender, a vida podia acabar se se deixasse adormecer. Uma convicção implantada, desde a m...